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Boletim da RedeVírus MCTI alerta para aumento da carga viral no esgoto em Goiânia (GO) e Brasília (DF)
Um novo boletim da Rede de Monitoramento de Covid-19 em Águas Residuais , publicado na segunda-feira (13), alerta para o aumento da carga viral encontrada nas estações de tratamento de esgoto de Goiânia (GO) e de Brasília (DF). A iniciativa integra a RedeVírus MCTI e conta com a colaboração da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Ministério da Saúde.
As medições realizadas semanalmente, a partir das estações de tratamento de esgoto, conseguem antecipar em até duas semanas possíveis surtos da doença, ou seja, funcionam como um sistema de alerta precoce para identificar pontos críticos. Além disso, podem orientar a ação e a distribuição de recursos, incluindo estratégias de teste, rastreamento e preparação para o enfrentamento de surtos virais.
Goiânia - Na capital goiana a amostragem realizada no dia 9 de junho, na semana epidemiológica 23/2022, detectou a presença de fragmentos do material genético do SARS-CoV-2 e alto nível de concentração viral na estação de tratamento Dr. Hélio Seixo de Britto. A estação recebe cerca de 70% do esgoto gerado em Goiânia o que representa cerca de 1 milhão de pessoas.
De acordo com a professora Gabriela Duarte, do Instituto de Química Laboratório de Biomicrofluídica da Universidade Federal de Goiás (UFG), que assina o boletim, o resultado é semelhante ao medido nas primeiras semanas de 2002, quando ocorreu o pico da terceira onda da Covid-19, associada a variante Ômicron.
Acesse o boletim relativo à semana epidemiológica 23 de Goiânia neste link .
Distrito Federal - No Distrito Federal os pesquisadores apontaram para uma elevação sistemática e expressiva na carga viral do novo coronavírus nos oito pontos de coleta monitorados, que tratam conjuntamente cerca de 80% do esgoto da população. Em quatro semanas, houve aumento de 14 vezes nas amostras analisadas. A carga subiu de 21,8 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes na semana 18 (de 1º a 7 de maio) para 311,3 bilhões de cópias na semana 21 (de 22 a 28 de maio).
O boletim informa que houve ‘um aumento progressivo da concentração viral nos pontos monitorados no DF, entre as semanas 19 e 21, mesmo com a interrupção temporária das coletas de amostras na ETE Samambaia, em função dessa estação estar em manutenção. Esse aumento sistemático é condizente com os valores da taxa de transmissão da Covid-19, que foi superior a 1 entre as semanas 19 a 21.
Segundo o responsável pela pesquisa no DF, professor Fernando Sodré, do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), é possível verificar que os dados de aumento da carga viral detectados nas águas residuais acompanham a linha de aumento no número de notificações. “Geralmente o que se observa é que os dados acompanham a linha. Isso mostra que a gente tem antecedência de pelo menos duas semanas sobre o que está para a acontecer”, afirma Sodré.
Além disso, o gráfico aponta a concentração viral na estação de tratamento localizada na região da L4, na Asa Sul (DF - ETE 01). Um dos aspectos apontados por Sodré é que esse ponto de coleta abrange uma das maiores malhas de coleta do DF, com mais de 920 mil habitantes. A estação recebe esgoto de cidades satélites (bairros) como Lago Sul, Asa Sul, Sudoeste, parte do Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), Águas Claras e Octogonal.
Outro aspecto observado por Sodré é que no DF há uma grande mobilidade no fluxo de pessoas que trabalham no centro da cidade e residem em outras regiões. “Quando há um aumento considerável na estação da Asa Sul, não podemos afirmar que são necessariamente de quem reside nessas regiões. É preciso avaliar com cuidado, devido ao fluxo muito grande de pessoas que trabalham nessa região”, explica Sodré.
Acesse os dados sobre Brasília no painel da Agência Nacional de Águas neste link .
Sobre a Rede de Monitoramento de Covid-19 em Águas Residuais - Coordenada pelo pesquisador da Universidade Federal do ABC (UFABC), Rodrigo Bueno, a Rede busca integrar e promover, de forma interdisciplinar, a produção e divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos nas ações de vigilância epidemiológica baseadas no monitoramento de águas residuais, como alternativa de detecção precoce de surtos virais. Além disso, define prioridades de pesquisa nesta área de conhecimento, tendo como visão a busca da excelência do saneamento básico e promoção da saúde em todo território nacional. Estão entre os objetivos está a validação de métodos, comparações intra e interlaboratoriais e inovação na produção de testes rápido para amostras ambientais em todo País.
Acesse esses e outros informes da Rede de Monitoramento de Águas Residuais neste link.