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Dia Mundial da Saúde - 07/04
Secretário do MCTI entrevista pesquisadora brasileira reconhecida entre os cientistas mais influentes do mundo
Foto: Dra. Angelita Habr-Gama / Arquivo Pessoal
“Desde que eu recebi a notícia, meu telefone e meu e-mail, as mulheres de modo geral ficaram gratificadas, porque é mais um passo para o reconhecimento das mulheres fazendo ciência”, declarou a cientista brasileira, Angelita Habr-Gama, 89 anos. A pesquisadora entrou para o seleto grupo de 2% dos cientistas mais influentes do mundo, uma lista organizada pela Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, em parceria com a editora Elsevier. O indicador considera o impacto do trabalho dos pesquisadores ao longo da carreira.
A professora titular emérita de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), cirurgiã coloproctologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, diretora do Instituto Angelita e Joaquim Gama, é referência mundial em cirurgia colorretal e tem uma carreira marcada por pioneirismos.
A médica criou o protocolo para tratamento de câncer de reto baixo que considera primeiro a aplicação de rádio e quimioterapia. A cirurgia, que é invasiva e pode provocar alterações, é realizada apenas em caso de reincidência. Segundo a pesquisadora, este é o trabalho de maior importância em sua vida profissional.
“O fato de eu ser reconhecida traz reconhecimento para o País, para a medicina brasileira, para os médicos e para as médicas”, avalia Angelita.
A entrevista ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), realizada nesta quinta-feira (7), Dia Mundial da Saúde, foi conduzida pelo secretário de Pesquisa e Formação Científica, Marcelo Morales, que foi aluno da professora na Faculdade de Medicina da USP. “Fico muito orgulho da sua trajetória, do seu pioneirismo e de ter sido seu aluno”, afirmou Morales durante a entrevista.
Sobre a pesquisadora - Angelita Habr-Gama nasceu na Ilha de Marajó (PA) e mudou-se com a família aos sete anos para São Paulo. Sempre estudou em escolas públicas e entrou para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em 1952 ao ser aprovada em 8º lugar. Foi a 1ª colocada na seleção para residência em cirurgia e escolheu a Faculdade de Medicina do Hospital das Clínicas da USP, onde foi a 1ª mulher residente em cirurgia do hospital. Passou dois anos insistindo até conseguir ser aceita como a 1ª mulher a estagiar no St Mark’s Hospital, na Inglaterra, onde fez o pós-doutorado, e que a médica considera que era e continua sendo referência na área de cirurgia colorretal. Ao regressar ao Brasil, passou a trabalhar no Hospital das Clínicas, e desenvolveu a carreira na Faculdade de Medicina, onde criou a disciplina de Coloproctologia. Foi a primeira mulher a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia da faculdade. Trabalha no Hospital Alemão Oswaldo Cruz desde os anos 1970. Para a sua biografia escolheu como título ‘Não, não é resposta’.
Na conversa, a pesquisadora conta como transformou os nãos que recebeu ao longo da trajetória em desafios. Assista à entrevista: