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Plataforma ViewPoint Brasil busca aproximar gestores e ciência sobre os impactos das mudanças climáticas
Estudos de atribuição, modelagem, incêndios florestais, impactos futuros do aquecimento global em relação aos eventos extremos e à agricultura estão entre os conteúdos científicos disponibilizados na Plataforma ViewPoint Brasil. A ferramenta foi lançada nesta quinta-feira (24) durante webinário realizado em conjunto pela Embaixada Britânica no Brasil e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
A Plataforma dispõe de um catálogo de publicações científicas recentes que podem ser acessadas gratuitamente. Também estão disponíveis entrevistas com especialistas, notas explicativas e informativas, ferramentas de dados climáticos e demonstrativos, além de links para acessar outros recursos técnico-científicos.
As pesquisas são resultado da Parceria Ciência para Serviços Climáticos (CSSP) Brasil, em curso entre os governos do Brasil e do Reino Unido desde 2016. A colaboração científica é fundamental para o desenvolvimento econômico e social resiliente ao clima. Estão envolvidos na iniciativa instituições vinculadas ao MCTI - Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) - e o Met Office, serviço meteorológico britânico, além de parceiros acadêmicos em ambos os países.
“Esperamos que nossa participação nesta iniciativa não beneficie apenas as instituições acadêmicas e governamentais envolvidas, mas também a sociedade em geral”, afirmou o coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade, Márcio Rojas, que representou o MCTI na abertura do evento, sobre a importância da cooperação internacional no enfrentamento dos desafios que as mudanças climáticas impõem.
Rojas mencionou outra cooperação que está concretamente começando neste ano entre Brasil e Reino Unido. Trata-se do programa AmazonFACE, que está na vanguarda da ciência. O experimento será o maior laboratório ao ar livre do mundo e ajudará a entender como a Floresta Amazônica poderá responder às mudanças climáticas. O governo britânico, por meio do Met Office, serviço nacional de meteorologia o Reino Unido, vai investir 2,5 milhões de Libras no projeto. “Certamente, é um dos mais importantes projetos científicos da atualidade, nos trará conhecimento relevante para lidar melhor com os desafios colocados pelas mudanças climáticas globais”, explicou o coordenador.
Painéis – Os resultados dos estudos disponíveis na Plataforma ViewPoint foram apresentados por pesquisadores brasileiros e britânicos. De acordo com o pesquisador do INPE/MCTI, Lincoln Alves, o conteúdo que foi disponibilizado nesta e em outras ferramentas online a partir das pesquisas realizadas no âmbito do CSSP, como o portal Projeções Climáticas no Brasil, contém informações robustas e fundamentadas em evidências científicas. “São maneiras de colocar a ciência à disposição dos tomadores de decisão”, avaliou. Segundo o pesquisador britânico, Chris Jones, no Met Office também há experiência semelhantes para engajar instituições do Reino Unido em torno do tema. “Queremos que a ciência seja mais acessível”, explicou durante o webinário.
A pesquisadora da Universidade de Oxford, Sarah Sparrow, explicou o que são os estudos de atribuição, que avaliam as causas de eventos extremos e desastres. Ao analisar as chuvas intensas que atingiram o estado de Minas Gerais (MG) em janeiro de 2020, por exemplo, os pesquisadores conseguiram quantificar os impactos desse evento extremo e identificar as comunidades mais vulneráveis para saber como reforçar a resiliência dessas comunidades. Os pesquisadores identificaram que mais de 90 mil pessoas foram atingidas e US$ 240 milhões foram perdidos. De acordo com os pesquisadores, a probabilidade desse evento estudado estar associado à mudança do clima foi de 70%.
O pesquisador do CEMADEN/MCTI, José Marengo, lembrou que a chuva é ‘gatilho’ para ocorrência de desastres, como os deslizamentos. Ele citou o exemplo ocorrido no Brasil, em fevereiro deste ano, quando a cidade de Petrópolis (RJ) registrou no intervalo de seis horas 260mm de chuva. A média para todo o mês é de 202mm. Houve deslizamentos, enxurradas, alagamentos e perdas de vidas. “Quando temos chuvas intensas, as pessoas em áreas vulneráveis são mais as impactadas”, afirmou.
As pesquisadoras Chantelle Burton, do Met Office, e Liana Anderson, do CEMADEN/MCTI, abordaram os estudos sobre a frequência de incêndios florestais. Nas regiões de floresta tropical, incêndios são muito raros. Por isso, a ignição, em geral, está associada à atividade humana. As especialistas citaram as projeções de temperaturas mais elevadas para algumas regiões associado a outros fatores como baixo índice de chuva podem levar à amplificação dos incêndios.
O CEMADEN/MCTI apresentou a ferramenta de risco e impactos de queimadas e incêndios e estuda o desenvolvimento de alertas com probabilidade de incêndios.
Sobre o CSSP Brasil – A Parceria Ciência para Serviços Climáticos (CSSP) Brasil lançada em 2016 entre o Brasil e o Reino Unido permitiu que instituições dos dois países trabalhassem em estreita colaboração. Essa é uma abordagem inovadora para encorajar o uso mais amplo de recursos climáticos e o desenvolvimento de serviços para adaptação e mitigação climática no Brasil, no Reino Unido e internacionalmente para reduzir os impactos das mudanças do clima e atingir a neutralidade das emissões de carbono (Net Zero).