Notícias
MCTI e Unitaid estabelecem plano de trabalho para cooperação em saúde
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a agência Unitaid, organização internacional que promove pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para o combate a doenças infecciosas, como HIV-Aids, malária e tuberculose, e agora Covid-19, reuniram-se nesta quinta-feira (17), em Brasília (DF), para debater oportunidades de cooperação, em especial no apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias e fármacos.
Inicialmente, o plano de trabalho deve abranger cooperação entre os pesquisadores que estudam o reposicionamento de fármacos, como por exemplo a utilização da nitazoxanida para inibir a replicação do coronavírus em pacientes, que é foco de pesquisadores brasileiros e também de britânicos, em Liverpool. A ideia é que os pesquisadores possam, por meio da Unitaid, trocar informações de modo otimizar a produção de resultados. Outro tópico estabelecido para o plano inicial de trabalho é a pesquisa em resistência antimicrobiana.
“Vamos facilitar a interlocução entre os pesquisadores, a troca de informações, e trabalhar nas áreas em que temos expertise”, afirmou o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, durante a reunião.
Morales apresentou as estratégias adotadas pelo MCTI no âmbito da RedeVírus MCTI no combate à pandemia. A pasta investiu nas áreas de desenvolvimento de kit de testes diagnósticos, de sequenciamento genômico do coronavírus e suas variantes, na infraestrutura de laboratórios de biossegurança, no monitoramento de águas residuais para a detecção e alerta antecipado de possíveis surtos de Covid-19, de monitoramento de animais silvestres para detecção de patógenos emergentes, entre outras estratégias para o enfrentamento da Covid-19. Além disso, houve investimento na área de pesquisa de ciências humanas para avaliar os impactos sociais da pandemia. “Todas essas ações são estruturantes e estão ficando como legado para a área de ciência e tecnologia, não é apenas para a Covid-19”, afirmou o secretário.
Além dessas ações, o MCTI está investindo cerca de R$ 415 milhões para a realização de ensaios clínicos de fases I, II e III das vacinas nacionais para o combate à Covid-19. “A intenção é de chegar até o fim de 2022 com pelo menos uma vacina brasileira, que será muito útil para aplicação de doses de reforço na imunização e que também poderá contribuir para o combate à pandemia em outros países”, analisou Morales.
Outro importante investimento do MCTI apresentado na reunião foi o Centro Nacional de Vacinas, localizado em Minas Gerais. A estratégia da pasta é assegurar infraestrutura para produção nacional de vacinas de segunda e terceira gerações que atendam ao combate à pandemia e a doenças tropicais endêmicas, como dengue, zika e chikungunya. “Com este Centro teremos condições de desenvolver várias vacinas de interesse para o País, bem como de produzir em território nacional os lotes pilotos para ensaios clínicos destas vacinas”, explicou Morales.
De acordo com o diretor de Diretor de Relações Externas e de Comunicações da Unitaid, Maurício Cysne, o Brasil e a organização internacional já possuem uma história de cooperação de 15 anos. Esse novo passo com o MCTI é uma extensão na cooperação na área de saúde. “O trabalho do ministério no desenvolvimento de novas moléculas ou de requalificação de produtos farmacêuticos já existentes para combater a Covid e outras pandemias que possam surgir e combater a resistência antimicrobiana é muito positivo”, declarou Cysne. “Aqui vê-se uma sinergia muito possível e grande pelos modelos de financiamento entre a Unitaid e o que faz o ministério”, complementou. Sobre os tópicos iniciais estabelecidos para o plano de trabalho, o diretor expressou que definir institucionalmente os pontos de convergência é importante para criar as pontes de cooperação. “Vamos fazer juntos essa pesquisa com alcance de novas tecnologias, de inovações que serão transformadas em produtos farmacêuticos que irão salvar vidas aqui no Brasil e no mundo inteiro”, afirmou.
Sobre a Unitaid - É uma agência global de saúde patrocinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dedicada ao desenvolvimento de soluções inovadoras para a prevenção, o diagnóstico e tratamento de doenças, de forma mais rápida, econômica e eficaz, em países de baixa e média rendas. Criada em 2006, recebeu doações de países, entre eles o Brasil, e de instituições.
A Unitaid tem se empenhado na identificação de terapias mais eficazes contra a Covid-19, uma vez que a agência é co-facilitadora do pilar de terapias do ACT-Accelerator. O trabalho visa um dos maiores desafios em inovação: preencher a lacuna entre o desenvolvimento do estágio final de produtos para a saúde e sua adoção em grande escala, um processo difícil para países de baixa e média rendas, que enfrentam barreiras financeiras e logísticas para acessar tratamentos de doenças potencialmente fatais.
A agência oferece aos seus parceiros da área de saúde subsídios financeiros de curto prazo, com o objetivo de atingir o máximo impacto em medicamentos vitais e ferramentas que formam a espinha dorsal das respostas globais de saúde.