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Reserva Mamirauá será a primeira do mundo totalmente monitorada em tempo real
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, localizada na Amazônia, a 600 quilômetros de Manaus (AM), será a primeira unidade de conservação no mundo a ter a biodiversidade totalmente monitorada de maneira automatizada e em tempo real. O anúncio desse marco inédito será feito pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, nesta sexta-feira (4), durante visita ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social supervisionada pelo MCTI.
O monitoramento automatizado dos animais da Reserva Mamirauá, por meio de imagens e sons, faz parte do Projeto Providence, uma cooperação internacional liderada pelo Instituto Mamirauá e financiada pelo MCTI e pela Fundação Moore. A reserva possui mais de 1,1 milhão de hectares e fica localizada na região do médio Solimões, no estado do Amazonas.
Para o ministro Marcos Pontes, a tecnologia que está sendo utilizada na reserva poderá ser aproveitada por outros ministérios, em setores importantes como meio ambiente e defesa, na fiscalização de fronteiras. “Isso mostra a transversalidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações como uma ferramenta que pode contribuir com diferentes áreas de atuação do governo federal”, afirma.
O projeto Providence, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá em parceria com a Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, monitora a biodiversidade com uma rede de câmeras e microfones escondidos na reserva, automatizando o processo de monitoramento da fauna brasileira e identificando as espécies por conta própria, em tempo real.
O sistema foi instalado em módulos de vídeo e áudio terrestres e é capaz de identificar 40 espécies, incluindo aves, mamíferos e répteis. A identificação é feita visualmente e também através dos sons que animais produzem como o canto de uma arara ou o urro de um macaco. Com a tecnologia ainda mais aprimorada, com custos reduzidos prevê o monitoramento total da reserva e em tempo real.
Os módulos instalados na unidade de conservação não apenas registram a imagem dos animais como também identificam a espécie através de um software. As câmeras são alimentadas por energia solar e os dados enviados em tempo real para os pesquisadores via satélite.
"O Providence será o Big-Brother da biodiversidade brasileira e vai permitir que tenhamos respostas rápidas sobre o que está acontecendo com a biodiversidade. Desta forma, poderemos intervir através da melhor ciência com os mais competentes pesquisadores e instituições de pesquisa do país", destaca o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales.
Expansão
O diretor Técnico-Científico do Instituto Mamirauá, Emiliano Ramalho, explica que a primeira etapa do Projeto Providence buscou demonstrar que a tecnologia de monitoramento de maneira automatizada era possível. A segunda etapa aprimorou a tecnologia e resultará na primeira reserva do mundo totalmente monitorada em tempo real. “A próxima etapa é expandir essa tecnologia para toda a Amazônia e para outras unidades de conservação do país. A gente acabou de concluir um marco importante no Brasil”, afirma.
Segundo Ramalho, o monitoramento automatizado vai permite aos gestores ter informações rápidas e precisas sobre a biodiversidade da reserva. “Atualmente, a gente tem um gestor de unidade de conservação para cada 280 mil hectares de floresta. Com esse sistema, gestores e o governo brasileiro terão respostas com velocidade sobre as espécies e a unidade de conservação para a tomada de decisões”.
Instituto Mamirauá
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi criado em abril de 1999. É uma organização social fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O Instituto é referência nacional e internacional em desenvolvimento sustentável para a conservação da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida das populações amazônicas.
Os objetivos do Instituto incluem a aplicação da ação de ciência, tecnologia e inovação na adoção de estratégias e políticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade da Amazônia. Também abrangem a construção e a consolidação de modelos para o desenvolvimento econômico e social de pequenas comunidades ribeirinhas por meio do desenvolvimento de tecnologias socialmente e ambientalmente adequadas.