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Descobertas com o óleo de licuri resultarão em novas formulações de produtos
Foto: Priscila Urpia/Agência Iris
No início de novembro, pesquisadores participantes do projeto “Cadeia Produtiva do Licuri MCTI: Inovação Sustentável para Bioeconomia da Caatinga” estiveram reunidos no Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio/CNPEM) do MCTI para tratar dos avanços obtidos nas análises efetuadas com o óleo da amêndoa do licuri, fruto nativo do bioma Caatinga.
De acordo com a profa. Tereza Correia, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenadora geral do projeto, é de extrema importância reunir parceiros com expertises complementares para acelerar a obtenção de resultados promissores a partir da biodiversidade brasileira. "Além de conhecermos este grande laboratório, também abrimos várias parcerias que podem contribuir e enriquecer todo o projeto", destacou.
O projeto contempla o desenvolvimento de pesquisas com o óleo da amêndoa do licuri e o resíduo do seu processamento com atividades para agregar valor e desenvolver produtos avaliando no óleo e suas formulações parâmetros físico-químicos e estabilidade, toxicidade e citotoxicidade, e atividades antiviral, antibacteriana, antifúngica, antiparasitária, anti-inflamatória e antitumoral, assim como avaliar o potencial nutricional no resíduo do processamento da amêndoa. Está previsto pelo projeto o desenvolvimento de seis formulações de novos produtos a partir do óleo do licuri.
Para apoiar este processo, o LNBio/CNPEM vem atuando no mapeamento dos compostos bioativos, avaliação da sazonalidade e tempo de prateleira desse óleo, possibilitando novas aplicações terapêuticas. "Foi muito interessante trocar informações e ideias sobre o projeto em andamento com este produto tão importante para a Caatinga e sua comunidade", ressaltou a pesquisadora Daniela Trivella do LNBio.
Já para a Profa. Marcia Vanusa (UFPE), a parceria com o LNBio/CNPEM é um divisor de águas principalmente pela alta tecnologia disponibilizada na caracterização de um ingrediente bioativo exclusivo da biodiversidade brasileira, importante não somente para o desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais locais como também na restauração da flora nativa da Caatinga. Também integrante do projeto, o Prof. Alexandre Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), também concorda com a importante participação do LNBio na caracterização química do óleo do licuri. "Isso vai fazer que a gente entenda melhor como é este óleo, o que ele faz, que tipo de atividade ele tem."
Desde o seu início, o projeto vem abrindo novas perspectivas para as comunidades locais beneficiadas. Ao mesmo tempo em que fortalece os elos iniciais desta cadeia produtiva, promove uma alternativa de desenvolvimento local sustentável para as populações da região do Piemonte da Diamantina (BA) no Semiárido Brasileiro. "Abre um leque de possibilidades para a cooperativa e de incentivo ao desenvolvimento sustentável da bioeconomia do licuri”, afirmou Renata Silva, gestora da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES). A cooperativa beneficiada pelo projeto possui 200 cooperados, sendo 120 mulheres de 30 comunidades extrativistas e responsáveis pela produção do óleo vegetal.
O projeto “Cadeia Produtiva do Licuri MCTI: Inovação Sustentável para Bioeconomia da Caatinga” faz parte do Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI e é liderado pelo Núcleo de Bioprospecção da Caatinga do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Pernambuco (NBIOCAAT/UFPE) em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências do MCTI (LNBIO/CNPEM), a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Projeto Bem Diverso da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES).
O Programa Cadeias Produtivas da Bioeconomia MCTI é uma iniciativa da Coordenação-Geral de Ciência para a Bioeconomia do Departamento de Ciências da Vida e Desenvolvimento Humano e Social da Secretaria de Pesquisa e Formação Científica (CGBE/DECIV/SEPEF) que utiliza a ciência, tecnologia e inovação na implementação de soluções para a aumentar a agregação de valor em cadeias produtivas da bioeconomia nos biomas brasileiros, melhorando a qualidade de vida das comunidades locais com o desenvolvimento de novos bioinsumos, bioprodutos e biomateriais a partir do uso sustentável da biodiversidade além de estimular a circularidade e o aproveitamento de resíduos nas cadeias produtivas apoiadas.