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Brasil conquista ouro inédito, prata e bronze na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica
O Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro da história na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, em inglês) nesta 14ª edição da competição. Além disso, os estudantes brasileiros conquistaram quatro medalhas de prata e cinco de bronze. Com isso, todos os dez representantes do Brasil na IOAA foram medalhistas. Assim ficou a distribuição das medalhas:
1 medalha de ouro:
Otavio Casagrande Ferrari, 17 anos, aluno do Centro Educacional Independente de Americana - Objetivo. Cidade: São Paulo (SP).
4 Medalhas de Prata:
André Andrade Gonçalves, 17 anos, aluno do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Cidade: Imperatriz (MA).
Bruno Makoto Tanabe de Lima, 17 anos, aluno do colégio Etapa Educacional. Cidade: São Paulo (SP).
Eduardo Henrique Camargo de Toledo, 17 anos, aluno do Colégio Oficina do Estudante. Cidade: Campinas (SP).
Ian Seo Takose, 17 anos, aluno do colégio Etapa Educacional. Cidade: São Paulo (SP).
5 medalhas de Bronze:
Cauan Hideki Magalhães Kazama, 17 anos, aluno do Colégio Leonardo da Vinci. Cidade: Jundiaí (SP).
Gabriel Hemétrio de Menezes, 16 anos, aluno do Colégio Bernoulli - Unidade Santo Agostinho. Cidade: Belo Horizonte (MG).
Gabriela Martins dos Santos, 16 anos, aluna do Instituto Federal Catarinense (IFC). Cidade: Brusque (SC).
Maria Antonia Corrêa Picanço del Nero, 16 anos, aluna do colégio Liceu Franco Brasileiro. Cidade: Rio de Janeiro (RJ).
Ualype de Andrade Uchôa, 18 anos, aluno do Colégio Farias Brito. Cidade: Fortaleza (CE).
Além do Brasil, que participou da IOAA com duas equipes mistas, participaram da olimpíada outros 47 países, totalizando 70 equipes participantes. A 14ª IOAA foi realizada de forma híbrida, entre 14 e 21 de novembro, sob coordenação da Colômbia.
Os estudantes brasileiros ficaram concentrados no Hotel Bliss, em Vassouras (RJ), para a realização das provas. Durante a olimpíada, eles fizeram uma prova de Análise de Dados, uma prova Teórica, duas provas Observacionais, com questões de Física Solar e de simulação do céu e uma Competição por Equipes, cujo resultado não conta para a premiação.
A participação brasileira na 14ª IOAA contou com recursos financeiros vindos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), de uma Emenda Parlamentar da Deputada Federal por São Paulo, Tábata Amaral, e dos próprios dos estudantes.
Foi também de fundamental importância todo o treinamento e capacitação fornecido por professores e por ex-olímpicos voluntários, que colaboraram com a preparação dos alunos. O treinamento para a IOAA, que durou 3 meses, contou ainda com 27 aulas ministradas por astrônomos profissionais.
Homenagem da Câmara Municipal de Vassouras/RJ
Em meio a esta verdadeira maratona, eles ainda foram homenageados pelo plenário da Câmara Municipal de Vassouras (RJ) com uma Moção de Aplausos e Congratulações, na quinta-feira (18).
Também foram homenageados o professor representante da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) em Vassouras, Leonardo Santos Corrêa; o líder da equipe principal, Eugênio Reis Neto, a supervisora das provas, Josina Oliveira do Nascimento, do Observatório Nacional (ON); e as professoras incentivadores da popularização do ensino de Astronomia e Ciências na Região do Vale do Café, Kesia Huais Vieira Braga e Sandra Regina Garcia Leite.
As honrarias foram entregues pelo vereador Cássio do Mercado, autor da proposta, em nome de todos os parlamentares.
O Coordenador Nacional da OBA, o prof. Dr. João Batista Garcia Canalle, parabeniza todos os alunos pelos inéditos resultados obtidos na XIV IOAA.
O diretor do ON, Prof. João dos Anjos, ressaltou o potencial dos estudantes participantes da competição: “É gratificante ver um resultado tão expressivo e que mostra o potencial da juventude brasileira. Esperamos que este resultado dê forças para estes jovens continuarem acreditando que vale a pena estudar e se dedicar à ciência. O ON, que apoia a OBA e as olimpíadas internacionais, está muito orgulhoso com os resultados de 2021, tanto da OLAA quanto da IOAA.”
Sobre o processo seletivo para a IOAA
Conforme destacou a pesquisadora do ON e membra do Comissão Organizadora da OBA, Dra.Josina Nascimento, que foi supervisora do processo das provas, essas medalhas são verdadeiros mosaicos de ações, ações de muita gente, durante muito tempo e com muita dedicação envolvida, principalmente nestes dois anos de tantas dificuldades de todos os tipos. Ela explicou como funciona todo o processo:
“Tudo começa com a OBA do ano anterior, quando são convidados para as provas seletivas todos os estudantes de nível 4 (ensino médio) que obtêm nota maior ou igual a 7 e os estudantes do 9º ano do ensino fundamental que conseguem nota maior ou igual a 9 na prova da OBA. São cerca de 8 mil estudantes. Desde 2013 essa etapa tem sido online. Os estudantes ingressam em uma plataforma que tem material de estudo, fazem 2 simulados e 3 provas online. Assim, são selecionados cerca de 200 estudantes que fazem novas provas, agora com nível mais elevado. Essa fase é presencial, mas em 2020 e 2021 foi no modelo virtual. Os alunos ficaram distribuídos em várias salas de videoconferência remota e foram filmados durante a realização das provas. Membros da OBA e também voluntários ex-olímpicos acompanharam cada uma das salas. Os voluntários também ajudaram na elaboração das provas.
Para a etapa seguinte, são selecionados cerca de 40 estudantes que passam por várias fases de treinamentos, organizados pela Comissão da OBA, com a ajuda de estudantes ex-olímpicos. Para os treinamentos também foram convidados professores e astrônomos profissionais de instituições parceiras como o Prof. Dr. Roberto Boczko, do IAG/USP, o Prof. Dr. Ricardo Ogando e a Profa. Dra. Simone Daflon, do ON/MCTI, entre outros.
Finalmente, nos treinamentos são selecionados os estudantes que vão representar o Brasil nas olimpíadas internacionais OLAA e IOAA. Desde o início a OLAA exige que as equipes sejam mistas, ou seja, tenha estudantes do sexo masculino e feminino, mas a IOAA não tem essa exigência. Entretanto, já há 4 anos nós decidimos que a nossa equipe seja mista, o que é muito importante para motivar as meninas a participarem.
Neste ano tivemos sucesso inédito tanto na OLAA quanto na IOAA. E essas vitórias têm muitas assinaturas, todas com muito empenho, esforço, trabalho e amor. Eu estou muito feliz e orgulhosa em fazer parte deste time, embora neste ano a minha participação tenha sido somente agora no final, durante a realização das provas da IOAA como supervisora de todo o processo de provas com os estudantes. Nesse processo, contamos com a preciosa atuação da Pâmela Marjorie (OBA) e da Lorena Amaro (ON/MCTI), que foram simplesmente perfeitas em suas atuações. Estou muito emocionada com o resultado. Muito mesmo!", comentou Josina.
Da mesma forma, Dr. Gustavo Rojas, membro da Comissão Organizadora da OBA e atualmente gestor de projetos no Núcleo Interativo de Astronomia e Inovação em Educação, em Lisboa, Portugal, destacou que o “desempenho histórico nessa IOAA é o resultado de anos de aprimoramento do processo de seleção e treinamento dos estudantes, incluindo aulas com astrônomos profissionais, o envolvimento dos ex-olímpicos na formação das novas gerações, e ações afirmativas para estudantes de gênero feminino e de alunos de escolas públicas. Estamos muito felizes com as medalhas e motivados para melhorar ainda mais a performance das equipes brasileiras nas olimpíadas internacionais de Astronomia.”
“Além da excelente qualidade, dedicação e comprometimento de nossos estudantes, cabe ainda destacar que a participação dos líderes e vice-líderes das equipes tem uma importância estratégica no resultado final. Na IOAA, líderes e vice-líderes não podem ter contato com os estudantes durante a competição, mas são responsáveis por defender ponto a ponto os membros de suas equipes, comparando suas avaliações com as avaliações oficiais, em um processo denominado de ‘moderação’. Pontos importantes são negociados nesse processo, tornando a competição mais justa e equilibrada”, pontuou o Dr. Júlio Klafke, líder da equipe convidada, membro da Comissão Organizadora da OBA e atualmente colaborador nas atividades especiais de Astronomia e atendimento ao público do Parque CienTec/USP, professor do curso especial de Astronomia do Colégio Objetivo e Professor Titular da Universidade Paulista (UNIP).
"Essas medalhas foram o resultado de muito trabalho e dedicação. Foram meses de seleção e treinamento destes estudantes. Contamos com a colaboração de professores e astrônomos profissionais de diversas instituições que ministraram aulas durante três meses. Em paralelo às aulas, uma comissão de ex-olímpicos nos ajudou elaborando e corrigindo listas de exercícios e provas. Foi um esforço coletivo que preparou nossos estudantes para todos eles ganharem medalhas na IOAA, além da inédita medalha de ouro. Estou muito orgulhoso de todos eles!", disse Dr. Eugênio Reis, vice-presidente da OBA e líder da equipe principal.
Conforme explicou Eugênio, a equipe principal foi liderada por ele e coliderada por João Gabriel Stefani Antunes, medalhista da IOAA em 2018. Já a equipe convidada foi liderada pelo Dr. Júlio César Klafke e coliderada por Bruno Piazza, também medalhista da IOAA em 2018:
“O papel dos líderes e colíderes é analisar todas as questões que farão parte das provas, sugerir correções, se necessário, traduzir as provas para o seu idioma, corrigir as provas dos seus estudantes para comparar as notas com as notas da correção oficial. Nesta hora, os corretores podem reavaliar as notas dos estudantes, caso alguma questão não tenha sido corretamente pontuada. Nossos estudantes ficaram sob os cuidados da Dra. Josina Nascimento, auxiliada por Lorena Amaro, do ON, e Pâmela Marjorie, representante da OBA. O trabalho delas foi cuidar de toda a logística para que as provas fossem realizadas corretamente. Ou seja, cuidar da impressão de todas as provas, supervisionar a aplicação das provas, transmitir as imagens de todos os estudantes para a organização do evento e depois escanear e enviar os scans de todas as folhas para os corretores na Colômbia”, acrescentou Eugênio.
Sobre a IOAA
Estabelecida na Tailândia em 2006, a IOAA é um evento anual para alunos do ensino médio de alto desempenho de todo o mundo. O objetivo da competição é disseminar a Astronomia entre os alunos do ensino médio, para fomentar a amizade entre jovens astrônomos em nível internacional, a fim de construir cooperação no campo da Astronomia no futuro entre os jovens estudiosos.
O Brasil participa da olimpíada desde sua primeira edição em 2007 e as equipes que representam o Brasil na IOAA são formadas através de um processo seletivo rigoroso organizado pela OBA e instituições parceiras, sendo uma delas o Observatório Nacional (ON).
Nesses anos de participação, contando com a edição mais atual, o Brasil conquistou 1 medalha de ouro, 16 medalhas de prata, 29 de bronze e 26 menções honrosas.
Acesse aqui a galeria de fotos da 14ª Edição da IOAA.
Conheça os brasileiros que participaram da 14ª IOAA.
Com informações do ON/MCT