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MCTI e Reino Unido promovem workshop sobre estratégia para redução de emissões de gases efeito estufa
O MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio da Coordenação-Geral de Ciência do Clima e Sustentabiliade, e a Embaixada do Reino Unido no Brasil promoveram na quarta-feira (6) o primeiro workshop no âmbito do programa Skills Share. Especialistas de instituições britânicas compartilharam experiências sobre a implementação de estratégias de longo prazo para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). As estratégias são direcionadas para os setores produtivos e envolvem implementação de tecnologias e inovações.
“É um desafio comum a todos países. Da parte do ministério de Ciência e Tecnologia, estamos empenhados na busca do melhor conhecimento e subsidiar a tomada de decisão para o longo prazo”, afirmou a Coordenadora de Mudanças Ambientais Globais do MCTI, Lidiane Melo, ao enfatizar que a pasta tem compartilhado com as demais pastas a base de conhecimento disponível. Além disso, destacou a necessidade de a estratégia de longo prazo considerar medidas de adaptação à mudança do clima.
A cooperação técnica ocorre no momento em que o governo discute a atualização da sua Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e prepara um programa de Crescimento Verde. O Reino Unido, por sua vez, em conjunto com a Itália, sedia nas próximas semanas, em Glasgow, a 26ª Conferência das Partes (COP-26). Os britânicos estão entre os pioneiros na implementação de estratégias de transição para alcançar a emissão zero de carbono. No momento, o país revisa sua estratégia de longo prazo.
“Estratégias de longo prazo são difíceis para todos. Estamos compartilhando experiências para avançarmos juntos”, afirmou a Diretora de Ciência da Embaixada do Reino Unido em Brasília, Cindy Parker, na abertura do evento.
Painéis - Os painelistas apresentaram, entre outros aspectos, a importância de mais países adotarem estratégias de longo prazo. Segundo o World Research Institute (WRI), atualmente 63 países dispõem de metas para zerar as emissões de carbono. A pesquisadora sênior, Katie Ross, explanou quais as características definem uma boa estratégia de longo prazo, que fundamentalmente permite ao país aumentar a ambição das suas metas de redução de emissões de GEE. “As estratégias de longo prazo auxiliam também na orientação das ações de curto prazo e na transição”, afirmou Ross. A pesquisadora apontou ainda que a adaptação à mudança do clima e a cooperação internacional são aspectos muito importantes para atingir as metas e superar os desafios.
A analista sênior do Comitê de Mudança Climática do Reino Unido, Bianca de Farias Letti, destacou alguns insights desse comitê independente, que assessorou o governo britânico a rever as metas de longo prazo. Segundo Letti, cada país precisa analisar suas fontes de emissões, suas particularidades, bem como os custos e o ritmo de implantação das tecnologias. “É importante considerar os impactos da descarbonização como um todo. O que funciona para um setor pode não funcionar para outro", analisou.
A oficial de política sênior da Diretoria de Desenvolvimento Limpo do Departamento do Governo para Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS), Tamaryn Napp, observou que em breve o Reino Unido publicará sua nova estratégia de longo prazo. Napp destacou que os benefícios das políticas de carbono zero são claros, no entanto, carregam desafios. “Há muitos benefícios envolvidos, mas estamos falando de períodos muito longos”, explicou. Por isso, há necessidade de a governança estar intrinsecamente associada à estratégia e de serem efetuadas mudanças sistêmicas. “A estratégia não precisa ser perfeita. O importante é que haja o comprometimento para buscar as respostas”, complementou.
O pesquisador sênior do Grantham Institute, Imperial College, o brasileiro Alexandre Koberle, abordou o contexto nacional. Os dados de emissões do Brasil, publicados no Sistema de Registro Nacional de Emissões (SIRENE), indicam que o país alcançou sucesso com políticas de contenção do desmatamento. A partir de 2010, no entanto, as curvas de emissões foram invertidas e há risco de atingir patamares irreversíveis. O pesquisador destacou também o fato de o País usar amplamente energia renovável e bioenergia, mas que podem sofrer os impactos da mudança do clima, que afeta o sistema hidrológico.
Projetos brasileiros – O tecnologista pleno do MCTI, Ricardo Vieira Araújo, apresentou os progressos do Brasil para ter uma base de dados consistente para elaborar a estratégia de longo prazo. Araújo destacou os estudos conduzidos pelo MCTI no projeto Opções de mitigação, que utilizou modelagem computacional para setores-chave da economia, a análise multicritério efetuada para a priorização de tecnologias de descarbonização, e o Simulador Nacional de Políticas Setoriais e Emissões (SINAPSE MCTI).
Nas palavras de encerramento, o coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Márcio Rojas, lembrou que na terça-feira (05), a pasta efetuou três relevantes entregas na área de ciência e clima: o lançamento do SINAPSE MCTI, a nacionalização da plataforma AdaptaBrasil MCTI e a entrega do Inventário Nacional desagregado por unidade da federação. “Do ponto de vista técnico-científico, a pasta está provendo todos os dados para os tomadores de decisão”, concluiu.