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Impactos econômicos da pandemia no Brasil poderão ser observados até 2045
Quando a pandemia foi declarada pela Organização Mundial de Saúde, em 2020, o grupo de pesquisadores especializados em mudança do clima e economia, da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), mobilizou-se para apoiar a Rede Vírus MCTI na avaliação dos impactos econômicos provocados pela Covid-19. Também foram analisadas estratégias de desenvolvimento sustentável, que contemplam redução de emissões de gases de efeito estufa, para recuperação econômica no período pós-COVID. O conjunto de estudos produzidos pelo grupo de pesquisa que reúne cerca de 20 acadêmicos está disponível por meio de informes aqui.
Um dos trabalhos realizado pelo grupo de pesquisadores avaliou os efeitos de longo prazo da pandemia, tanto no agregado da economia brasileira como nas suas regiões. A análise utilizou ferramenta de modelagem econômica de integração, que consiste nos chamados modelos de equilíbrio geral computável.
“Um dos aspectos de longo prazo dos efeitos da pandemia é o impacto sobre emprego, mercado de trabalho e das próprias fatalidades sobre a geração de consumo e renda”, explica o coordenador do grupo, Edson Domingues.
O professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) explica que, no modelo socioeconômico utilizado, o número de mortes causadas pela Covid-19 foi um dado determinante para compreender a extensão dos efeitos sobre a economia. Para a simulação, os pesquisadores consideraram os registros de mortes resultantes de infecção por Covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde em 2020 e início de 2021, cumulativamente. Os pesquisadores utilizaram ainda dados sobre rendimento médio da PNAD COVID-19 e parâmetros médios de expectativa de vida, regionalizados e por grupos etários. Foram estimados a perda potencial de renda e de consumo no ciclo de vida das pessoas que morreram.
“No futuro, serão menos pessoas consumindo, gerando renda. O horizonte de análise indica que no longo prazo haverá impactos econômicos diversos pela redução da população na economia. O próprio emprego, que é afetado no curto prazo, gera efeitos no longo prazo”, explica Domingues.
De acordo com o estudo, os efeitos de perda potencial de consumo são mais elevados em 2021 devido ao aumento no número de óbitos, revelando também a heterogeneidade regional devido às especificidades do processo de infecção, sua severidade e, em certa medida, capacidade de atendimento da rede de saúde, a qual foi saturada em algumas unidades da federação.
Para dar seguimento ao estudo, o grupo de pesquisa pretende rodar novamente o modelo com dados atualizados de fatalidades de 2021.
Diferenças regionais - Os efeitos da perda de consumo são condicionados pelo perfil etário das mortes e pelas características da expectativa de vida média em cada estado. A simulação também considerou essas caraterísticas para os cenários de projeção de impactos econômicos de redução de consumo até 2050.
“Em algumas regiões do País, a taxa de fatalidades é maior e há diferenças entre o perfil etário das fatalidades. A configuração demográfica das fatalidades implica em impactos regionais diferentes”, afirma o pesquisador.
Em 2050, os impactos de PIB no longo prazo mais expressivos são percebidos no Amazonas (-1,38%) e Acre (-1,35%), seguidos por Rondônia (-1,20%) e Roraima (-1,10%). Já os estados que se recuperam mais rapidamente no longo prazo são Pará (0,34%), Tocantins (0,28%), Piauí (0,14%), Maranhão (0,12%), Minas Gerais (0,09%) e Espírito Santo (0,03%).
Os pesquisadores indicam que os estados mais atingidos pela doença tiveram as infraestruturas de saúde impactadas e que, no longo prazo, haverá novos custos econômicos para atender novas demandas decorrentes das sequelas apresentadas pela doença.
Acesse os Informes RedeVírus MCTI - Subrede Impactos Econômicos da COVID-19 e leia os estudos na íntegra.