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Com apoio do MCTI, Rede Pantanal de Pesquisa usa ciência para mitigar e prevenir incêndios
Com o impacto das queimadas no Pantanal em 2020, pesquisadores de mais de 20 instituições formaram uma rede para usar a ciência e tecnologia na criação de estratégias para prevenir e mitigar os efeitos dos incêndios no bioma. Com apoio do MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio da FINEP, empresa pública do MCTI, a Rede Pantanal de Pesquisa PPBIO conta com investimento de R$ 1,6 milhão até novembro de 2022 e a atuação conjunta de três sub-redes que compartilham informações em tempo real.
A primeira sub-rede tem o objetivo de entender os incêndios no Pantanal através de dados provenientes de satélites; a segunda busca o desenvolvimento de um sistema de previsão e alerta de riscos de incêndio; a última estuda o uso do fogo como instrumento de manejo nas diferentes condições do bioma. O projeto possui pesquisadores atuando na Reserva Particular do Patrimônio Natural do SESC, na cidade de Barão de Melgaço, no Mato Grosso (MT); na Terra Indígena Kadiwéu, município de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul (MS); e na área experimental da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), em Corumbá (MS).
O objetivo é produzir conhecimentos e tecnologia para que a sociedade e setor público tenham subsídios para planejamento e tomada de decisão. Segundo o pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Geraldo Fernandes, coordenador da rede, os resultados esperados do projeto são a criação de um sistema de alerta de queimadas em tempo real; um sistema de prevenção sazonal baseado na probabilidade dos incêndios; e a produção de materiais educativos sobre o uso do fogo como ferramenta de manejo e conservação, com base nos efeitos das queimadas sobre a vegetação, animais e solo.
De acordo com Fernandes, muitos fatores influenciam na intensidade dos incêndios. “Observa-se que o fogo muda devido aos inúmeros fatores que o influenciam. Temos a umidade e temperatura do ar, temos o acumulo de biomassa, a rugosidade do terreno, o vento, até o tipo de plantas que podem facilitar ou não o espalhamento das chamas. Todos estes aspectos mudam de bioma para bioma e, assim, o conhecimento de como o fogo acontece, se espalha e com que frequência pode voltar é necessário para que melhor possamos prevenir, mitigar e mesmo controlar o fogo”, afirma.
Participam da iniciativa como instituições executores a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN/MCTI); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); e pesquisadores da UFMG, UFMS, CEMADEN/MCTI, ICMBio/CENAP, Embrapa Arroz e Feijão - Pantanal, Museu Goeldi/MCTI, Instituto Arara Azul, IBAMA/Prevfogo, IFMS, IHP, INPA/MCTI, INPE/MCTI, INPP, IPE, Mogu Matá, Panthera, Sesc Pantanal, Smithsonian, UEMS, UERJ, UFGD, UFMT, INAU, UFRGS, UFRJ, UFRN, UnB, UNEMAT, USP, WWF.
A Rede Pantanal de Pesquisa possui sinergia com o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio). A iniciativa foi criada em 2004 pelo ministério com o intuito de responder às grandes questões sobre a biodiversidade brasileira e subsidiar a implementação de políticas públicas voltadas para sua conservação e uso sustentável dos recursos naturais do Brasil. Fernandes lembra que a região já contava com iniciativas de diferentes instituições de pesquisa.
“A rede de Pantanal existia de forma não oficial no passado. Contávamos com alguns plots de pesquisa na região e com a participação de grandes parceiros em diversas universidades e instituições de pesquisa. Mas a participação do PPBio era na maior parte das vezes tímida pela falta de recursos. Com a criação da Rede Pantanal do PPBio, estamos dando um enorme passo para poder trazer de vez o Pantanal para dentro do PPBio através desta ação de grande importância para a biodiversidade, geração de serviços ecossistêmicos e para toda a sociedade”, explica.