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Projeto de vacina contra Covid-19, financiado pelo MCTI, é protocolado na Anvisa para testes em humanos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu na sexta-feira (30) o pedido para a realização de estudos clínicos fase 1 e 2 da vacina contra COVID-19, SpiN-TEC MCTI UFMG, financiados pelo Governo Federal por meio do MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Foi realizada coletiva de imprensa no domingo (1º) para anunciar o protocolo da vacina na Anvisa.
A Vacina SpiN-TEC MCTI UFMG representa um avanço no desenvolvimento de vacinas 100% nacionais. Produzida no Centro Tecnológico de Vacinas (CT-Vacinas) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contra COVID-19, faz parte das 15 estratégias de vacinas da rede de especialistas RedeVírus MCTI, do Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações.
A plataforma tecnológica usada no desenvolvimento da SpiN-TEC MCTI UFMG consiste na combinação de diferentes proteínas para formar uma única proteína artificial. Esse composto, chamado de "quimera", é injetado no organismo em duas doses e induz à resposta imune.
Após os testes com primatas, os pesquisadores esperam a aprovação da Anvisa para iniciar os experimentos clínicos em humanos (fase 1, 2 e 3). Caso os testes confirmem a segurança, a eficácia da vacina e a adesão de voluntários para os testes aconteça rapidamente, o imunizante tem potencial para chegar ao mercado e a população ainda em 2022.
Na coletiva de imprensa, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, destacou a atuação da RedeVírus MCTI em múltiplas frentes desde seu estabelecimento em fevereiro de 2020, antes mesmo do início da pandemia da Covid-19. “Esse resultado que apresentamos hoje é uma sequência desse trabalho, especificamente no desenvolvimento de vacinas nacionais”, comemorou, parabenizando os pesquisadores da UFMG.
Segundo os pesquisadores da UFMG, as chances de sucesso desse imunizante no combate às novas variantes da COVID-19 são bastante elevadas. A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart, cumprimentou a equipe do CT Vacinas. “Hoje demos um passo realmente muito importante e continuaremos trabalhando com muito afinco”, garantiu. “Essa vacina teve desde o início o apoio do MCTI e da prefeitura de Belo Horizonte e nos traz uma grande esperança de uma vacina com tecnologia 100% brasileira.”
O secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, comemorou o protocolo na Anvisa. “Hoje é um dia muito importante para o País. O Brasil eleva sua categoria de produtor de vacinas contra a Covid-19”, disse. “Isso foi concebido dentro de uma estratégia colocada pelos próprios cientistas da RedeVírus MCTI, pra que tivéssemos um núcleo de pesquisadores que pudessem produzir as vacinas da nova geração.”
A pesquisa é financiada por meio do CNPq, fundação vinculada ao MCTI, com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Participaram também da coletiva o professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, Flávio da Fonseca e a professora do Departamento de Bioquímica e Imunologia, Santuza Teixeira.
A REDEVÍRUS MCTI
“A RedeVírus MCTI foi criada em fevereiro de 2020 e são esses especialistas que nos indicaram as áreas que deveríamos investir no combate ao coronavírus como por exemplo, o reposicionamento de fármacos, produção de vacinas e Insumos Farmacêuticos Ativos, sequenciamento genético do vírus, diagnósticos da doença utilizando inteligência artificial, dentre outros”, explicou o ministro Marcos Pontes em uma de suas lives realizadas sobre os investimentos do ministério no combate ao COVID-19.
NOVO CENTRO NACIONAL DE VACINAS (CN-Vacinas)
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações iniciou as tratativas para viabilizar a criação e construção do Centro Nacional de Vacinas (CN-Vacinas), em parceria com o Governo de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec).
O diálogo para a concretização da parceria vem desde fevereiro, a partir de uma reunião do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, e a reitora da UFMG, Sandra Almeida.
A parceria consiste na destinação R$ 50 milhões pelo MCTI e R$ 30 milhões pelo Governo de Minas Gerais para a criação desse polo nacional, que ampliará as capacidades de desenvolvimento de vacinas nacionais e promoverá o desenvolvimento de projetos de inovação.
Por meio da expansão e qualificação do atual CT-Vacinas, da UFMG, o CN-Vacinas promoverá o desenvolvimento de projetos de inovação nas áreas de vacinas, kits diagnósticos e fármacos com foco na transferência tecnológica para empresas e instituições que atuam no mercado. A ideia é que o centro domine todas as etapas do desenvolvimento desses produtos, incluindo as pesquisas, testes com pacientes até a criação de protótipos.
KIT COVID
Com o apoio financeiro do MCTI, em 2020, o CT-Vacinas e UFMG concluíram no final de agosto um lote piloto do kit sorológico IgG para Covid-19, teste para detecção de anticorpos do coronavírus, em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O objetivo deste projeto é ampliar a capacidade de diagnóstico do coronavírus no país. O kit, que além do aporte financeiro principal do MCTI tem também financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-V) foi integralmente desenvolvido pelo CT-Vacinas.
“Acreditamos muito no potencial da ciência nacional. Por meio da RedeVírus MCTI, nós temos o compromisso de buscar soluções para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, como o desenvolvimento nacional de diagnósticos e insumos para a detecção do coronavírus, pois isso significa a garantia de que toda a população brasileira terá acesso aos testes assim que a solução for disponibilizada” ressaltou o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do MCTI, Marcelo Morales.