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ENTREVISTA – Tecnologia nos jogos paralímpicos: Alberto Martins, diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)
Imagem: divulgação
Os jogos paralímpicos de Tóquio, no Japão, começam no dia 24 de agosto. Criados na Inglaterra com o intuito de reabilitar militares feridos na guerra, os jogos paralímpicos já estão na sua 16ª edição. A primeira vez que aconteceu as competições paralímpicas oficiais foi nos jogos de 1960 em Roma, na Itália. Este ano, O Brasil vai enviar uma delegação com 253 atletas, a maior já enviada para fora do país na história. O atletismo será a modalidade com maior quantidade de competidores. Serão 64 corredores e mais 18 atletas-guias. A natação é a segunda modalidade com maior número de competidores, 35 no total.
Na última edição dos jogos em 2016, no Rio de Janeiro, o time paralímpico brasileiro conquistou 72 medalhas no total sendo 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze. Para saber como está a preparação dos atletas e como a tecnologia influencia o esporte paralímpico, conversamos com Alberto Martins, Diretor Técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro.
MCTI: Como está a preparação dos atletas para os Jogos Paralímpicos deste ano?
Na realidade a pandemia trouxe um impacto significativo na preparação dos atletas, uma vez que isso mexe no planejamento de treinamento, na periodização do treinamento. Ou seja, essa periodização ela teve que ser remanejada, teve que ser readaptada uma vez que o planejamento era para 2020. Mas os atletas estão se preparando e estamos com um protocolo bastante rígido no CPB para a preparação dos atletas. Todos eles já estão vacinados então a gente está bem otimista em fazer uma grande participação em Tóquio.
MCTI: Qual a importância da tecnologia para os atletas paralímpicos?
A tecnologia tem uma importância fundamental para os atletas paralímpicos. Se nós pegarmos em relação a prótese, um atleta amputado de perna. As próteses são tecnologias que são desenvolvidas para dar ao atleta maior autonomia e independência. A mesma coisa com relação a cadeira de rodas, quer seja de corrida, quer seja de arremesso. Podemos falar também da construção de calhas que possam auxiliar o atleta paralisado cerebral na bocha e enfim, em praticamente quase todas as modalidades, principalmente nas modalidades individuais a tecnologia ela está presente. E logicamente essa tecnologia necessita de materiais específicos e o que mais traz dificuldade é o alto valor desses equipamentos com tecnologia avançada. Então uma vez que nós possamos desenvolver essa tecnologia no país, nós conseguimos atender um número maior de atletas e com um preço mais razoável. Se falando em cadeira de rodas, se falando em próteses principalmente são tecnologias bastante caras para uma aquisição individual dos atletas.
MCTI: Hoje no país existem estudos e instituições de produção de tecnologia para atletas paralímpicos?
Existem várias empresas que desenvolvem essa tecnologia, principalmente no exterior. Mas como eu disse anteriormente são tecnologias com matérias avançados e de alto custo. O que se procura aqui no Brasil, com relação a cadeira de corrida, ela tem que ser ajustada individualmente para cada um dos atletas dependendo do seu nível de lesão, dependendo da prova que ele vai fazer, dependendo do seu biótipo. Então essas cadeiras devem estar ajustadas com os atletas. Aqui no Brasil nós temos, por exemplo, o Centro Brasileiro de Referência em Inovações Tecnológicas para Esportes Paralímpicos, o CINTESP.Br, que tem desenvolvido protótipos de cadeiras de rodas, que a gente espera que futuramente elas possam ser úteis para contribuir para o esporte paraolímpico, principalmente o atletismo, com preços que possam ser acessíveis principalmente para utilizar na iniciação, uma vez as cadeiras são individuais. A mesma coisa ocorre com outros equipamentos como equipamentos de musculação adaptados, bicicletas adaptadas para as pessoas com deficiência. Enfim, vários são os equipamentos que podem ser desenvolvidos para contribuir com o esporte paralímpico, principalmente ao que se refere ao baixo custo, ou seja, com preços que possam ser acessíveis para aquisição por esses aletas.
MCTI: Qual é a expectativa de medalhas dos atletas paraolímpicos brasileiros este ano?
Nós temos uma expectativa muito boa. Nós temos um planejamento estratégico que foi feito em 2017 abrangendo dois ciclos, até 2024. É logico que o ciclo 2017 a 2020 ele foi estendido para 2021, então o próximo ciclo nós teremos só três anos. E esse ciclo ele deu uma encurtada porque nós ficamos aí um tempo significativo sem o treinamento na sua plenitude, mas a expectativa é muito boa. Nós temos uma expectativa de continuar figurando o Brasil entre as 10 maiores potências do mundo. Então a gente acredita que realmente vamos ter uma grande participação.