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Dados digitais sobre transporte no Brasil podem auxiliar na elaboração do Inventário Nacional de gases de efeito estufa
A incorporação de ferramentas digitais que consigam ampliar e detalhar a base de dados sobre transporte no Brasil, em especial o rodoviário, podem contribuir para a elaboração do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa (GEE). Essa foi a principal mensagem do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) durante a apresentação, realizada nesta quarta-feira (23), no painel “O papel da Transformação Digital na Agenda de Sustentabilidade” da segunda edição da Digital Week promovida pelos ministérios da Infraestrutura e da Economia. O foco do evento é debater os projetos, perspectivas e desafios para implementação da Estratégia Digital aplicada à logística e ao trânsito brasileiro.
“O Inventário Nacional é uma ferramenta de gestão, tanto para a área corporativa como para os entes públicos, e depende de informações para ser elaborado. Quanto maior e mais detalhada for a base de dados nacional, maior será a acurácia das estimativas de gases de efeito estufa”, explicou Renata Grisoli, analista técnica e especialista para o setor Energia do Inventário Nacional de Emissões de GEE do MCTI, sobre a importância da transformação digital como fomentadora de dados que possam ser úteis para ter um panorama mais preciso sobre as emissões nacionais.
De acordo com o Inventário Nacional da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), cuja elaboração é coordenada pelo MCTI, a categoria Transporte Rodoviário contribuiu em 2016 com cerca de 13% de todas as emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2e) do país. A categoria é a principal emissora do setor Energia, que mensura principalmente o consumo de combustíveis fósseis, com 44,5% das emissões de CO2e do setor. Deste percentual, mais de 50% das emissões estão relacionas à veículos de maior porte, como caminhões e ônibus. “Os resultados indicam a relevância dessa categoria de transporte rodoviário para as emissões nacionais”, analisa Grisoli.
Devido a essa importância, se faz fundamental para o exercício de estimar as emissões de GEE no transporte rodoviário, a consideração de informações precisas e confiáveis sobre o segmento. Entre os dados utilizados estão informações sobre a frota circulante no Brasil, o que inclui vendas e curva de sucateamento, fatores de emissão associados aos diferentes tipos de combustíveis, intensidade de uso da frota, tipos de atividade de transporte, consumo energético dos veículos, entre outros dados utilizados para a modelagem matemática.
“Há um esforço contínuo para o melhoramento do Inventário Nacional e para utilizar a melhor ciência disponível. Por isso, base de dados acessíveis e confiáveis são fundamentais e, as ferramentas digitais podem ser extremante úteis para esse processo de compartilhamento de e acesso à informação”, afirma a analista que também efetua revisões internacionais de Inventários Nacionais de outros países junto à UNFCCC.
Oportunidades dos sistemas digitais – A subsecretária de sustentabilidade do ministério da Infraestrutura, Larissa Amorim, destacou na abertura do painel como a simplificação de serviços, são importantes para a agenda de sustentabilidade. “As tecnologias digitais são reconhecidas como um instrumento poderoso. A transformação digital afeta diferentes partes da economia e da sociedade de formas complexas e interrelacionadas Para aproveitar os benefícios da transformação digital é preciso a colaboração de todos os domínios da política em uma abordagem integral de governo”, afirmou.
Saiba mais: O envio das Comunicações Nacionais à UNFCCC é um compromisso assumido pelo governo brasileiro em 1994, ao ratificar a adesão do país à Convenção do Clima. Entre outras informações, o documento contempla o Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de GEE. O envio dos dados atualizados ocorre a cada quatro anos, conforme determina as regras do acordo internacional para países não integrantes do Anexo I da Convenção. A elaboração do documento é feita sob o projeto executado pelo MCTI, por meio da Coordenação-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade, que conta, por sua vez, com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), e tem o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) como agência implementadora.
Acesse aqui o Relatório de Referência do setor Energia, que apresenta documentos técnicos que detalham a base de dados, metodologia e outros aspectos da elaboração do Inventario Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa.
Acesse aqui a Quarta Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC.