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MCTI apresenta como os dados de monitoramento do Cerrado foram utilizados para estimar emissões de gases de efeito estufa
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) apresentou na quarta-feira (28) como os dados produzidos no âmbito do projeto FIP Monitoramento do Cerrado foram utilizados para estimar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas de desmatamento neste bioma, o segundo maior do Brasil. O Workshop Monitoramento do Cerrado, que se iniciou na terça-feira (27) se estende até quinta-feira (29), apresenta dados, metodologia e aplicação das informações contidas nas ferramentas e sistemas utilizados no Brasil para o monitoramento da cobertura vegetal do bioma.
As informações sobre desmatamento são utilizadas para calcular as emissões de dióxido de carbono (CO2) que estão associadas à mudança de uso e cobertura da terra de cada bioma. Essas emissões são ‘contabilizadas’ no setor Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF, na sigla em inglês), que é um dos cinco setores que compõem o Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa. Este, por sua vez, integra a Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). O setor LULUCF também estima as emissões de metano e óxido nitroso, gases liberados pela queima de biomassa.
No caso do bioma Cerrado, os dados produzidos no âmbito do projeto FIP Monitoramento Cerrado foram utilizados para calcular o montante de emissões do bioma a cada ano, em especial entre o período de 2010 a 2016.
“A continuidade do monitoramento do desmatamento é de fundamental importância para garantir precisão nas estimativas de emissões de gases de efeito estufa, bem como para dar subsídios que possibilitem melhorar as estimativas associadas às queimadas do bioma Cerrado”, explica Márcio Rojas, diretor Nacional da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) e coordenador-geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI. De acordo com Rojas o Inventário Nacional é um exercício considerado muito relevante na agenda climática, à medida que as informações são utilizadas para monitoramento e subsídio à formulação de políticas públicas.
Os dados do IV Inventário Nacional indicam que o desmatamento representa cerca de 90% das emissões de GEE do setor LULUCF, sendo que o Cerrado é o segundo bioma que mais emite CO2 por mudança de uso da terra. “As emissões do Brasil são moduladas pelo setor de LULUCF”, analisa o coordenador.
Para conhecer a dinâmica de uso e cobertura da terra e, por sua vez, calcular as emissões e remoções, o setor LULUCF utiliza um banco de dados espaciais composto por mapas de limites geográficos, biomas, pelas terras indígenas e unidades de conservação que identificam vegetação natural protegida, estoque de carbono de solo e vegetação e mapas de uso e cobertura da terra. A metodologia prevê o cruzamento dessas diferentes camadas de informações permite identificar a dinâmica de uso e cobertura da terra por período, possibilitando também associar os estoques de carbono para cada uma das classes inventariadas. O cálculo de estoque de carbono considera, basicamente, a diferença de carbono entre dois períodos, ou seja, se entre um determinado intervalo temporal houve perda ou acúmulo de carbono.
Legado de sistemas de monitoramento - Na abertura do evento (27), o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, destacou o legado para o Brasil do projeto FIP Monitoramento do Cerrado, que contribuiu para implementar seis sistemas, sendo três para o monitoramento da cobertura vegetal e três para risco de fogo no Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil. “O projeto tem como objetivo melhorar a capacidade do Brasil no monitoramento da cobertura vegetal, na disponibilização de informações sobre os riscos de fogo, na estimativa de gases de efeito estufa no bioma Cerrado”, explicou Morales. Segundo o secretário, a implementação dos sistemas, que alcançam os 12 estados onde o bioma ocorre, é um legado para o país na área ambiental e agrícola. “Contribui de forma significativa com o desenvolvimento científico, ambiental e socioeconômico do país”, complementou.
Iniciado em 2016, o projeto é coordenado pelo MCTI, tem execução técnica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCTI) e Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e recebeu apoio financeiro de U$9,25 milhões do Programa de Investimento Florestal (FIP), via Banco Mundial.
Assista à transmissão do segundo dia do workshop aqui e à abertura do evento aqui.
Acesse aqui o Relatório de Referência do setor LULUCF, documento técnico que detalha a base de dados utilizada, entre outros aspectos.
Clique aqui e conheça a Quarta Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC.