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CITinova: projeto apoiado pelo MCTI apresenta iniciativas voltadas à segurança hídrica do DF
No final de março, durante a Semana Mundial da Água, a segurança hídrica do Distrito Federal foi o foco de eventos que reuniram gestores públicos e instituições para debater políticas públicas executadas para proteger ou recuperar áreas importantes para a manutenção dos recursos hídricos do DF. Projetos desenvolvidos pela Secretaria de Meio Ambiente no âmbito do Projeto CITinova foram apresentados em um evento online. As iniciativas estão presentes nas Bacias Hidrográficas do Descoberto e do Paranoá e na Orla do Lago Paranoá.
O CITinova Projeto multilateral que busca desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e oferecer metodologias e ferramentas de planejamento urbano integrado para apoiar gestores públicos, incentivar a participação social e promover cidades mais justas e sustentáveis. No DF, é coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal em parceria com Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI), Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE/MCTI) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) com recursos do Global Environment Facility (GEF).
Durante o evento foram apresentadas ações de Recomposição da vegetação nativa em Áreas de Proteção Permanente (APPs) de nascentes, cursos hídricos e em áreas de recarga das bacias hidrográficas do Descoberto e do Paranoá; Água Estruturada para irrigação da Bacia Hidrográfica do Descoberto; Sistemas Agroflorestais (SAFs) Mecanizados nas bacias do Paranoá e do Descoberto.
A subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema, Márcia Coura, apresentou o Projeto de Recuperação de APPs da Orla do Lago Paranoá, que envolve o plantio de espécies nativas. Na Orla Sul, as ações contam com recursos do Fundo Único de Meio Ambiente do Distrito Federal (Funam). Com diagnóstico já concluído, uma segunda etapa do plantio envolverá a Orla Norte do Paranoá, dentro do programa Recupera Cerrado, com recursos da Fundação Banco do Brasil.
O secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho, lembrou que as experiências implantadas são projetos-pilotos. “Mas acredito servirão como referência para outros estados e também, quem sabe, para outros países, já que Brasília tem um lugar importante como capital da República. Alguns embaixadores, inclusive, já manifestaram o desejo de conhecer pessoalmente essas ações, o que não aconteceu ainda em função da pandemia”, explicou.
Para o secretário, o Distrito Federal está encontrando seu caminho para garantir a segurança hídrica. “Assim, colaboramos com o avanço rumo à sustentabilidade e também tomamos medidas de adaptação para as mudanças climáticas que virão, certamente”, afirmou.
A Bacia do Descoberto/Alto Descoberto contempla o Alto Rio Descoberto, o Ribeirão Rodeador e o Ribeirão das Pedras. Já a Bacia do Paranoá, inclui o Lago Paranoá – Serrinha do Paranoá e a área do Riacho Fundo conhecida – ARIE Granja do Ipê. Juntas, respondem pela maior parte do abastecimento público do DF.
Parcerias – O diretor nacional do CITinova, Antônio Marcos Mendonça, lembrou que o projeto liderado pelo MCTI tem a duração de quatro anos e se aproxima da etapa final de execução, em meados de 2022. Ele reforçou o caráter de replicabilidade das experiências implementadas pelo projeto. “Em Brasília, inúmeras iniciativas para segurança hídrica estão sendo executadas pela Sema nas bacias hidrográficas do Descoberto e do Paranoá, duas bacias de extrema relevância para o abastecimento e sustentabilidade do DF. Os projetos-pilotos apoiados pelo CITinova ficarão disponíveis e servirão de modelo para ser replicadas em larga escala por gestores públicos de todo o país”, disse.
O representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Asher Lessels, afirmou que não se pode subestimar a importância de gerir de forma sustentável as bacias e fontes de água potável. “As cidades têm grande necessidade de água potável e, paradoxalmente, são também grandes fontes de contaminação”, afirmou. Dessa forma, explicou, o PNUMA está comprometido a ajudar os países a cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, que trata sobre água potável e saneamento. “Temos muito por fazer e, nesse contexto, o CITinova é um passo importante para as cidades brasileiras”.
Resultados – O secretário executivo da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), Luciano Mendes, explicou que a pasta executa muitas ações voltadas à segurança hídrica no DF. “O Distrito Federal passou um susto nos anos de 2016 e 2017, um momento traumático com uma crise hídrica que trouxe muitos reflexos para a agricultura e para a sociedade urbana, mas que provocou novos comportamentos das instituições, produtores, organizações da sociedade civil, e a partir disso, muitos projetos foram colocados em prática, dos quais começamos a ver os resultados”, afirmou.
Segundo a presidente em exercício da Emater, Loiselene Trindade, a gestão dos recursos hídricos é um tema que a Emater considera fundamental no momento atual. “Trata-se do bem mais precioso, a água, de grande relevância e importância para todos nós. Na Emater atuamos em projetos de grande relevância junto aos produtores em várias bacias hidrográficas do DF”, disse.
Para Regina Silvério, diretora do CGEE, quando se trabalha em parceria e colaboração os resultados são mais mais efetivos e, no somatório, é possível apresentar mais e melhores resultados. “A água tem um impacto direto na agricultura, mas reverbera fortemente em vários outros aspectos da vida dos cidadãos e as iniciativas apresentadas, realizadas pela Sema no Âmbito do CITinova, são focados na melhoria da qualidade de vida do cidadão”, destacou.
A coordenadora do CITinova no Governo do Distrito Federal, Nazaré Soares, explicou que, no território, são executados projetos em duas grandes frentes, uma voltada à geração de conhecimento para subsidiar o processo de elaboração de políticas públicas baseada em evidências e o outro componente, o de boas práticas e testes-pilotos. “É um conjunto de iniciativas que estão sendo implementadas, dentro de uma nova abordagem que precisamos dar ao tratar destes temas”, explicou.
Projetos Apresentados
Água Estruturada para irrigação da Bacia Hidrográfica do Descoberto
Estudo desenvolvido a partir de dois projetos-pilotos, sendo um em área aberta e outro em estufa. A água que será utilizada na irrigação dos cultivos passa por três magnetizadores, sendo dois importados e um desenvolvido por pesquisadores brasileiros.
A água submetida à indução magnética estática (IME) possibilita uma maior hidratação que altera o metabolismo celular, disponibilizando assim mais energia para o crescimento das plantas, reduzir o consumo de água e agrotóxicos. Os magnetizadores de alta vazão de água e com baixo custo, visam maior intensidade e eficiência magnética possibilitando aumento de produtividade em sistemas de irrigação convencionais.
O estudo analisa a intensidade de indução magnética que proporciona maior desenvolvimento vegetativo, produção de fitomassa e produtividade em culturas de milho, rabanete e alface. Os resultados esperados são maior qualidade da produção e redução de consumo de água para irrigação e serão conhecidos até o final do ano.
Sistemas Agroflorestais (SAFs) Mecanizados nas bacias do Paranoá e do Descoberto
A agrofloresta com mecanização testa a eficiência dos pontos de vista ambiental, social e econômico da inserção de maquinário na implantação desse modelo agrícola. O projeto já implantado em 20 hectares, envolvendo 37 famílias. O foco é garantir que esses sistemas agrícolas mais amigáveis do ponto de vista ambiental, contribuam para a continuidade de produção de água em qualidade e quantidade nas duas bacias hidrográficas que abastecem a maior parte da população de Brasília. Assim, a substituição de uma agricultura tradicional pelos SAFs com mecanização poderá ser mais atrativa para o produtor rural dessas localidades, melhorando a produção de água para os dois lagos de abastecimento público: Lago do Descoberto e Lago Paranoá.
Foram plantadas por propriedade, em média 400 mudas, de diferentes espécies nativas. Para a implementação dos plantios foram utilizados implementos adquiridos pelo Projeto, específicos para Sistemas Agroflorestais, que estão sendo testados pelo projeto e são inéditos para essa atividade.
Áreas de Proteção Permanente (APPs) de nascentes, cursos hídricos e em áreas de recarga das bacias hidrográficas do Descoberto e do Paranoá
O projeto de recomposição de vegetação nativa em 80 hectares de áreas de preservação permanente (APPs) de nascentes, áreas de recarga hídrica e demais APPs degradadas ou alteradas nas Bacias do Rio Descoberto e Rio Paranoá atua prioritariamente nas Unidades Hidrográficas (UHs) do Alto Descoberto, Ribeirão das Pedras e Ribeirão Rodeador, e nas Unidades Hidrográficas do Riacho Fundo e Lago Paranoá, respectivamente. Essas UHs são estratégicas para a recuperação ambiental pois concentram nascentes e cursos hídricos que contribuem diretamente no abastecimento público do Distrito Federal.
Entre as ações, está prioritariamente o apoio ao pequeno produtor rural, com insumos e assistência técnica, permitindo o uso sustentável nas propriedades rurais, a regularização ambiental e a recomposição e proteção das APPs degradadas ou alteradas.
Durante todo o projeto as áreas alvo para a recomposição recebem diferentes técnicas de recomposição, a fim de analisar os diferentes processos naturais de sucessão de vegetação vegetal, o aumento da biodiversidade e a melhoria de habitats. Ao final, serão realizadas capacitações e elaborado material didático para distribuição, com a sistematização das melhores técnicas empregadas, permitindo a replicabilidade de projetos dessa natureza.
Recuperação de Áreas Degradadas e Danos nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) da Orla do Lago Paranoá
Prevê a recuperação da Orla do Lago Paranoá. Na Orla Sul, serão cerca de 65 hectares ao longo das APPs, com ações nos 30 metros às margens do espelho d’água. O investimento é de R$ R$ 2.461.710, recursos provenientes do Fundo Único do Meio Ambiente (Funam).
A primeira etapa do trabalho na orla do Lago Sul teve início na Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Bosque, na QL 10, no início do ano passado. A área em recuperação tem 4,5 hectares e recebeu plantio de cerca de 1.770 mudas de variadas espécies nativas do Cerrado. esde dezembro de 2020 até o momento aproximadamente 40 hectares de áreas receberam ações de recuperação. Até o fim do ano terão sido plantadas 44.230 mudas.
Na Orla Norte do Lago, as ações de recuperação serão executadas pelo Instituto Espinhaço – Biodiversidade, Cultura e Desenvolvimento Socioambiental, de Minas Gerais, selecionado pelo Edital Recupera Cerrado, lançado pela Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Sema e o Brasília Ambiental. Os recursos são da ordem de R$ 1,42 mi.
O Diagnóstico Ambiental das Áreas Degradadas na Orla Norte do Lago Paranoá, apontou 202,90 hectares, passíveis de recuperação. Do total, 40 hectares serão recuperados pelo Espinhaço. A instituição ainda está em fase de estudo para apontar as áreas prioritárias para receber o plantio de mudas.
Fonte:
ASCOM Secretaria do Meio Ambiente do DF.