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Pesquisadores pedem autorização da Anvisa para iniciar testes clínicos com soro antiCovid
Para iniciar os testes em humanos com o soro antiCovid, pesquisadores do Instituto Vital Brazil, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz preparam uma resposta a demandas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O projeto, apoiado pela RedeVirus MCTI, tem o objetivo de criar um tratamento para o novo coronavírus por meio de um soro extraído do plasma de cavalos contendo anticorpos contra uma proteína do Sars-CoV-2. A técnica é muito semelhante à usada na produção do soro antiofídico.
O estudo conta com apoio do MCTI e da FINEP/MCTI e também recebeu aportes da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado Rio de Janeiro (Faperj) e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Os estudos clínicos contarão com participação do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa. A pesquisa já foi aprovada pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) em dezembro, e tanto a aprovação da Conep quanto da Anvisa são necessárias para que os testes em humanos possam ser iniciados.
Segundo o pesquisador Jerson Lima Silva, da UFRJ, o tratamento por meio de soro é uma alternativa também usada em outros países e a expectativa, pela observação da produção de anticorpos pelos animais, é positiva. “Somente os testes clínicos vão dizer se o tratamento funciona ou não. Nossa expectativa é que funcione. Há outros estudos na China, Índia, México e Argentina. Nós temos tido uma resposta dos animais com alta produção de anticorpos. É uma plataforma usada no Brasil há décadas”, afirma.
A expectativa é que os testes clínicos na fase inicial durem 3 meses. Os pesquisadores devem administrar o tratamento a 36 pacientes no início da infecção e hospitalizados para avaliar a carga viral, tempo de internação, necessidade ou não de uso de UTI e intubação. A partir dos resultados iniciais os ensaios clínicos progridem a uma nova fase com participação de mais pacientes.
O secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, considera o estudo mais uma alternativa para combater a pandemia no Brasil. “É um projeto estratégico e pode gerar uma importante alternativa terapêutica para o enfrentamento da Covid-19. Os pesquisadores utilizaram a proteína S do vírus Sars-CoV-2 para imunizar cavalos para a produção de globulinas hiperimunes contra o novo coronavírus. Depois de imunizados, o soro dos animais apresenta uma grande de anticorpos neutralizantes. Esses anticorpos serão separados e administrados em humanos para avaliar sua ação contra o vírus. É uma técnica muito semelhante à utilizada na produção de soro antiofídico”, detalha.
RedeVírus MCTI
A RedeVírus MCTI é um comitê que reúne especialistas, representantes de governo, agências de fomento do ministério, centros de pesquisa e universidades com o objetivo de integrar iniciativas em combate a viroses emergentes. Criada em fevereiro de 2020, funciona como um comitê de assessoramento estratégico que atua na articulação de laboratórios de pesquisa, com foco na eficiência econômica e na otimização e complementaridade da infraestrutura e de atividades de pesquisa que estão em andamento, em especial com o coronavírus. O Comitê da RedeVírus MCTI conta pesquisadores especialistas de várias instituições de pesquisa renomadas como a Fiocruz, Butantan, USP, Unicamp, UFMG, UFC, CNPEM/LNBio/MCTI, UFRJ, dentre outras.