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Em live, presidente da República destaca trabalho do MCTI na pesquisa em vacinas nacionais contra a Covid-19
Em sua live semanal, na última quinta-feira (28), o presidente da República, Jair Bolsonaro, destacou ações do Governo Federal no combate à Covid-19. Entre elas, o presidente abordou a possibilidade de transferir recursos oriundos de delações premiadas para o desenvolvimento de uma vacina nacional para combater o coronavírus.
“O ministro Marcos Pontes tem uma equipe excepcional em seu ministério e gostaria de dar prosseguimento na produção de uma vacina brasileira,” disse o presidente. “Esse problema da Covid vai ficar a vida toda, lamentavelmente, e teremos que aprender a viver com ela. Nada melhor do que termos nossa própria vacina para tal.” O presidente anunciou que, em conversas com a Advocacia-Geral da União, verificou a possibilidade de transferir até R$ 500 milhões que foram recuperados nas ações de combate à corrupção para a compra de aviões de carga e para a pesquisa em vacinas.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) vem apoiando o desenvolvimento das vacinas nacionais e outros projetos desde fevereiro de 2020, com a criação da RedeVírus MCTI, fórum de assessoramento científico de caráter consultivo, para auxiliar na definição de diretrizes e prioridades no combate à Covid-19 pela pasta.
A partir do estabelecimento das prioridades foram realizados investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações em pesquisas que promoveram o sequenciamento do vírus Sars-cov-2, a produção de testes diagnósticos com tecnologia nacional, o reposicionamento de fármacos e o desenvolvimento de vacinas contra a doença, bem como estudos sobre os impactos econômicos e sociais da pandemia.
“Estamos juntos com o presidente Jair Bolsonaro e preparados para darmos mais velocidade ao desenvolvimento dos projetos de pesquisa contra a COVID-19”, afirma o ministro Marcos Pontes. “Temos pesquisadores de alto padrão no Brasil, que tem feito um trabalho de excelência. Agora precisamos de mais recursos para realizar os ensaios clínicos e termos resultados até o fim deste ano.”
Vacinas
Conforme o relatório técnico “Monitoramento de vacinas em desenvolvimento contra SARS-CoV-2”, elaborado pela Ministério da Saúde, o Brasil possui 15 candidatas nacionais a novas vacinas em desenvolvimento contra SARS-CoV-2. A maior parte dessas iniciativas são provenientes de projetos de pesquisa apoiados diretamente pelo MCTI, através de suas vinculadas FINEP/MCTI e CNPq/MCTI, e de projetos contemplados com investimentos por meio da “Chamada Pública MCTI/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020” para Contratação de pesquisas sobre Covid-19 e outras Síndromes Respiratórias Agudas Graves”. Todos os projetos estão sendo desenvolvidos em universidades e instituições de pesquisa públicas do país.
Três projetos são destaque e estão em estágio avançado de desenvolvimento de vacina nacional contra a COVID-19, próximo à fase de testes clínicos em voluntários. Um desses projetos financiados pelo MCTI é o coordenado pelo membro da RedeVírus MCTI, Prof. Dr. Celio Lopes Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em parceria com a empresa de biotecnologia Farmacore. A vacina utiliza proteínas do próprio coronavírus que ativam o sistema imunológico contra a Covid-19 e funciona em associação com um sistema de entrega que garante a entrega dos antígenos às células certas. Os resultados dos estudos não clínicos (toxicidade e imunogenicidade) obtidos até o momento demonstram qualidade e competitividade para ser um sucesso nacional e global no controle da COVID-19. A vacina demonstrou capacidade de ativar todo o sistema imunológico – imunidade humoral, celular e inata, induzir memória imunológica e proteção de longo prazo.
Outro projeto financiado pelo MCTI é do CT Vacinas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), também instituição da RedeVírus MCTI que realiza pesquisa utilizando o vírus da influenza para gerar resposta imunológica contra o coronavírus, de forma que será bivalente, sendo capaz de proteger concomitantemente contra esses dois patógenos.
“A técnica consiste em usar o vírus da influenza como vetor vacinal. Como se trata de um vírus que não se replica, ele infecta a célula hospedeira, mas não causa a doença. Porém, continua gerando uma resposta imune e produção de anticorpos. Com esse processo, uma das possibilidades é desenvolver uma vacina bivalente, que possa ser usada contra influenza e contra o coronavírus”, explica o pesquisador Ricardo Gazzinelli, coordenador do projeto.
A terceira iniciativa estratégica que busca o desenvolvimento de uma vacina nacional, investida pelo MCTI é coordenada pelo membro da RedeVírus MCTI, Dr. Jorge Kalil (INCOR/USP), é baseada em proteínas do SARS-CoV-2 colocando-as em nanopartículas ou usando uma plataforma chamada VLPs (sigla em inglês para "viral-like particles"), partículas semelhantes ao vírus. Essas partículas são criadas a partir das proteínas do vírus, mas não são infecciosas e que têm sido usadas com sucesso em humanos há mais de 40 anos para o desenvolvimento de vacinas. A ideia é desenvolver uma versão nasal da vacina, ao invés de intramuscular, que seja a definitiva contra a doença, pois possibilitará a produção de diferentes anticorpos com baixa incidência de reações adversas em vacinas do tipo.
"Estudamos a resposta de anticorpo e celular de mais de 200 pessoas que tiveram a doença e selecionamos os melhores alvos que desencadeiam uma resposta [imune] eficaz contra esses fragmentos virais – que chamamos de peptídeos. Tem pedaços da spike [proteína S] também", explica Kalil, que chefia o Laboratório de Imunologia do Incor/USP e lidera a pesquisa.
Tratamento com soro
Um estudo financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para o desenvolvimento de um soro contra a Covid-19 aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para o início dos ensaios clínicos em voluntários. O soro é obtido a partir do plasma de cavalos e o tratamento com a substância é uma das estratégias definidas pela RedeVírus MCTI.
O trabalho é possível devido à experiência do Instituto Vital Brazil, do Rio de Janeiro, na produção de soros, vacinas e remédios. Ao injetar o vírus Sars-CoV-2 em cavalos, os pesquisadores esperam produziram um biofármaco capaz de neutralizar o vírus a partir dos anticorpos produzidos pelos animais.
Pesquisadores da RedeVírus MCTI e do instituto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Fundação Oswaldo Cruz responderam à segunda rodada de demandas da ANVISA sobre o pedido de ensaio clínico e esperam, para breve, o início da pesquisa que será realizada pelo Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa. A pesquisa já foi aprovada pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) em dezembro.
O soro será injetado, inicialmente, em sete pacientes para uma avaliação de segurança. Se confirmada a ausência de efeitos adversos, 36 pacientes receberão o medicamento. A previsão para a conclusão do estudo é de três meses, nos quais serão avaliadas eventuais reações adversas, tempo de internação, curva de redução da infecção pelo SARS-Cov-2, número de pacientes que necessitarão de entubação, mortalidade, entre outros aspectos.
A pesquisa recebeu recursos financeiros da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Rio de Janeiro (FAPERJ) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao MCTI. A FAPERJ investirá cerca de R$ 2,3 milhões, que serão acrescidos de mais R$ 1 milhão da FINEP/MCTI.
RedeVírus MCTI
É um comitê que reúne especialistas, representantes de governo, agências de fomento do ministério, centros de pesquisa e universidades com o objetivo de integrar iniciativas em combate a viroses emergentes. A RedeVírus MCTI, criada em fevereiro de 2020, funciona como um comitê de assessoramento estratégico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações junto as condutas de pesquisa, articulação de laboratórios de pesquisa, com foco na eficiência econômica e na otimização e complementaridade da infraestrutura e de atividades de pesquisa que estão em andamento, em especial com o coronavírus. O Comitê conta com pesquisadores especialistas de várias instituições de pesquisa renomadas como a Fiocruz, Butantan, USP, Unicamp, UFMG, UFC, CNPEM/LNBio/MCTI, UFRJ, entre outras.