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Produção sustentável de cimento e geração de energia solar fotovoltaica são temas de webinário
O aproveitamento de reservatórios de usinas hidrelétricas para gerar energia por meio de painéis fotovoltaicos flutuantes e o uso de materiais inovadores que reduzem o teor de clínquer na produção cimento foram as temáticas de dois Planos de Ação Tecnológica apresentados, nesta quarta-feira (2), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O evento integra o circuito de webinários “Contribuição de tecnologias de baixo carbono para o desenvolvimento sustentável” que serão realizados até dezembro deste ano para detalhar 12 planos que consideram tecnologias prioritárias para desenvolvimento e difusão no País até 2030.
De acordo com o coordenador técnico dos Planos de Ação, Régis Rathmann, os planos apresentam ações concretas para a produção sustentável de cimento e de eletricidade no Brasil. “O desenvolvimento das ações tecnológicas promove a geração de emprego e renda nas cadeias de suprimentos de adições de cimentos e da produção, instalação e manutenção de painéis fotovoltaicos”, analisa.
Os principais desafios identificados para implementar painéis fotovoltaicos flutuantes para a geração solar em larga escala são a inexistência de um inventário nacional do potencial de geração a partir da tecnologia e a indefinição sobre as obrigações de gestão dos reservatórios.
A aplicação de materiais substitutos ao clínquer, que é o principal item na composição do cimento Portland, esbarra na baixa reatividade das adições e no desconhecimento da disponibilidade de matérias-primas alternativas, como escória granulada de alto-forno, cinzas volantes de carvão mineral, fíler calcário e argilas calcinadas.
Aproveitamento solar fotovoltaica flutuante – Segundo a pesquisadora na área de energias renováveis do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), Amanda Vinhoza, a aplicação da tecnologia para geração de eletricidade em reservatórios de usinas hidrelétricas possui benefícios energéticos, hídricos e sociais. Entre os mais importantes estão o aumento da eficiência energética relativamente a usinas solares convencionais, em face do resfriamento dos painéis fotovoltaicos pela água do reservatório, a produção de energia limpa e o aumento na disponibilidade de água para consumo humano e geração elétrica.
Na avaliação da pesquisadora, o ponto de partida para se alcançar esses benefícios é a elaboração de um inventário nacional do potencial da energia solar flutuante, o qual permitirá prever impactos e identificar pontos críticos da aplicação de painéis fotovoltaicos flutuantes perante diferentes tipos e condições dos reservatórios hidrelétricos do país. “O Plano de Ação propõe Identificar o potencial viável e sustentável para a instalação de projetos de solar flutuante em reservatórios no Brasil, de modo a apoiar leilões de contratação da energia gerada pela tecnologia”, pontuou.
O Plano prevê que sejam necessários cerca de R$ 2,8 milhões de investimento nos próximos cinco anos para implementar as ações do Plano.
Materiais inovadores para a produção de cimento – O escopo tecnológico do Plano de Ação abrange o desenvolvimento de cimentos que possuam teor de clínquer limitado à metade de sua composição e, ao mesmo tempo, atendam os requisitos normativos vigentes de qualidade. O objetivo é comprovar, até 2030, a viabilidade técnica, econômica e ambiental de um cimento inovador com teor de clínquer igual ou inferior a 50%, complementado com outras matérias-primas abundantes e de baixo custo.
Segundo o pesquisador da COPPE/UFRJ, Fábio Teixeira Ferreira da Silva, o Plano visa estabelecer as bases para o desenvolvimento e a difusão de novos cimentos com baixo teor de clínquer que utilizem matérias-primas disponíveis no Brasil e que atendam às especificações normativas vigentes.
“Embora a indústria cimenteira do Brasil seja das mais eficientes sob o ponto de vista de eficiência energética e emissões de carbono em âmbito mundial, entende-se que existe a oportunidade de um posicionamento de maior competitividade e sustentabilidade”, explicou. Entre os impactos esperados com a implantação das ações do Plano, destacou a redução da mineração de calcário e nas emissões de materiais particulados.
O plano para a produção de cimento mais sustentável prevê ainda a capacitação de pessoal e a disseminação sobre inovações em cimentos e em boas práticas para a construção civil. O pesquisador apontou custo de cerca de R$ 6 milhões nos próximos oito anos para viabilizar a adoção do plano de ação.
Próximos eventos – O ciclo de webinários é organizado pelo projeto “Avaliação das Necessidades Tecnológicas para Implementação de Planos de Ação Climática no Brasil (TNA_BRAZIL)”, coordenado pelo MCTI e que conta com financiamento do Green Climate Fund (GCF). O GCF é um mecanismo financeiro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) que se destina a canalizar financiamento climático para os países em desenvolvimento para apoiar atividades que permitam atingir os objetivos do Acordo de Paris.
Os webinários são realizados sempre às quartas-feiras, com início às 14h, e terão a participação de representantes do governo, setor privado, agências nacionais de financiamento, institutos e centros de pesquisa e associações setoriais.
Conheça os temas dos próximos eventos:
09 de dezembro – Desenvolvimento de base tecnológica nos setores da agropecuária e florestas: melhoramento genético na pecuária bovina de corte e monitoramento por satélite
16 de dezembro – Tecnologias geradoras de emprego e renda no meio rural: aproveitamento energético de resíduos agrícolas e fogões solares
Confira a programação completa aqui.