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Melhoramento genético animal e ampliação de monitoramento por satélite para uso da terra são debatidos pelo MCTI
Ações para o melhoramento genético na pecuária bovina de corte e monitoramento por satélite do uso e mudanças no uso da terra foram debatidas nesta quarta-feira (9) no ciclo de webinários “Contribuição de tecnologias de baixo carbono para o desenvolvimento sustentável” promovido pelo TNA_Brazil, projeto de cooperação internacional conduzido pela Coordenação-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O ciclo de palestras, iniciado em outubro, tem detalhado 12 planos que abordam tecnologias prioritárias para desenvolvimento e difusão no Brasil até 2030.
Segundo o coordenador técnico dos Planos de Ação, Régis Rathmann, o Brasil dispõe de ampla expertise no desenvolvimento de ações de melhoramento genético animal e monitoramento por satélite. O principal desafio é integrar, aperfeiçoar e difundir o conhecimento já produzido. “O desenvolvimento de plataformas contemplando dados econômicos, zootécnicos, genealógicos e genótipos da pecuária bovina de corte, bem como sistemas de monitoramento de alta resolução e inteligência territorial, também visam apoiar políticas publicas do setor de agricultura, florestas e outros usos da terra”.
O coordenador técnico também destacou o plano de monitoramento por satélite pode apoiar a Iniciativa Regenera Brasil, conduzida pelo MCTI, cujo objetivo é contribuir com a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico e a inovação para a geração de diretrizes que promovam a recuperação efetiva dos ecossistemas nativos brasileiros.
Melhoramento genético na pecuária bovina de corte – Modificar a composição genética dos rebanhos ao longo das gerações permite o alinhamento da produção pecuária com expectativas de desempenho e exigências de mercado. De acordo com o professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fabio Luiz Buranelo Toral, a aplicação do melhoramento genético na bovinocultura de corte contribui para aumentar a rentabilidade, produtividade e mitigar as emissões de gases de efeito estufa dessa cadeia produtiva.
“Para atingir esses benefícios, propomos uma plataforma para integração, disseminação, capacitação e análise de dados econômicos, zootécnicos, genealógicos e genótipos da pecuária bovina de corte”, explicou o pesquisador sobre a proposta do Plano de Ação, que se estende até 2030. “Se desenvolvermos softwares nacionais para armazenamento dos dados de todas as etapas do melhoramento genético, conseguiremos reduzir custos”, complementa Toral. O pesquisador destaca a importância de o país liderar ações para garantir a sustentabilidade e ao mesmo tempo a segurança alimentar, pois a pecuária bovina é relevante economicamente para o país. “Isso é complexo. Precisamos colocar todos [diferentes atores desta cadeia produtiva] para trabalhar juntos”, avalia.
O plano indica que são necessários cerca de R$ 9 milhões de investimento nos próximos oito anos para implementar as ações, que contribuirão para uma maior apropriação do material genético nacional, aumento da resiliência do rebanho à mudança do clima e ampliação do acesso pelos produtores ao melhoramento genético animal.
Monitoramento por satélite do uso da terra – Segundo o coordenador do Centro de Inteligência Territorial (CIT) e professor do Departamento de Engenharia da Produção Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Raoni Guerra Lucas Rajão, o Plano objetiva desenvolver, até 2030, sistema de monitoramento que, a partir do uso de imagens de alta resolução (com menos de cinco metros) e técnicas de reconhecimento automático, irá fornecer dados anuais de cobertura e uso da terra em pelo menos dois biomas: Amazônia e Cerrado, e para as categorias de vegetação nativa, vegetação secundária, pastagens e culturas agrícolas. A ideia é ampliar a adoção dessa ferramenta por meio da disponibilização de dados de todo o território aos produtores rurais e agentes públicos.
“O objetivo é contribuir para a implementação do Programa de Regularização Ambiental e a agropecuária 4.0, que pode se beneficiar com o aumento da produtividade”, explica Rajão que destacou ainda que o desenvolvimento do sistema leva o monitoramento por satélite para uma nova fronteira tecnológica, pois são tecnologias para os próximos dez anos. “Temos possibilidade de ter um salto tecnológico, mas para isso temos que começar a trabalhar agora”, analisa.
As ações propostas o desenvolvimento de sistemas de monitoramento, bem como ampliar a aplicação de dados destes sistemas para gerar inteligência territorial, que ser convertem em aumento de produtividade das atividades agrícolas e manutenção e restauração de ecossistemas até 2030.
Rajão ressalta a importância dos sistemas de monitoramento de alta resolução e inteligência territorial para apoiar o Código Florestal e a intensificação da pecuária. Outra atividade relevante proposta pelo plano envolve a capacitação e disseminação do uso dos sistemas para agentes públicos e privados. “É importante ter programas de capacitação com agentes multiplicadores, como assistentes técnicos rurais, que sejam capazes de utilizar essas informações de modo concreto em benefício da sociedade”, explica.
A implementação das ações envolve atores-chave desde usuários de imagens de alta resolução, provedores experientes de imagens até instituições de fomento e financiamento. A estimativa de custos para implementar o Plano nos próximos dez anos é de R$ 192 milhões.
Último evento do ano – O ciclo de 12 webinários, que se encerra na próxima semana, é organizado pelo projeto “Avaliação das Necessidades Tecnológicas para Implementação de Planos de Ação Climática no Brasil (TNA_BRAZIL)”, coordenado pelo MCTI e que conta com financiamento do Green Climate Fund (GCF), mecanismo financeiro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) que se destina a canalizar financiamento climático para os países em desenvolvimento para apoiar atividades que permitam atingir os objetivos do Acordo de Paris. Conheça o tema do próximo e último evento do ano:
16 de dezembro, às 14h – Tecnologias geradoras de emprego e renda no meio rural: aproveitamento energético de resíduos agrícolas e fogões solares
Confira a programação completa aqui.