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MCTI: projeto contabiliza gases de efeito estufa emitidos por processos industriais
A produção de cimento, alumínio, ferro e aço, vidro, entre outros processos industriais das áreas metalúrgica, química e mineral, têm as emissões de gases de efeito estufa contabilizadas pelo setor Processos Industriais e Uso de Produtos, um dos cinco setores que compõem o Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (GEE). O Inventário Nacional é um dos componentes da Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), projeto coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que tem o objetivo de relatar à comunidade internacional os esforços do Brasil para implementar a Convenção do Clima.
Alguns processos químicos industriais liberam gases causadores do efeito estufa, responsável pelo aumento da temperatura na superfície terrestre, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. A queima de coque de carvão mineral, por exemplo, nos altos-fornos das indústrias siderúrgicas onde o carbono reage com o óxido de ferro, gerando ferro líquido e dióxido de carbono, é um exemplo. Também são contabilizadas as emissões devido ao uso de produtos, como é o caso do hexafluoreto de enxofre e das famílias de gases hidrofluorcarbonos e perfluocarbonos, liberados durante a vida útil dos equipamentos envolvidos.
Vale destacar que o Setor Processo Industriais e Usos de Produtos não contabiliza as emissões provenientes do uso de fontes de energia, como diesel, gás, carvão mineral ou vegetal, que geram calor para os processos industriais ou no transporte. As emissões desses usos estão alocadas no Setor Energia.
“Estamos falando de processos relacionados à indústria pesada que abastecem com matéria-prima outras cadeias produtivas”, sintetiza o diretor Nacional da Quarta Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC e coordenador-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Márcio Rojas. “Ter o conhecimento sobre as emissões no país subsidia decisões de como enfrentar os desafios para a produção de baixo carbono, seja por meio da pesquisa que busca adaptar processos produtivos para melhorar a eficiência energética, a descoberta de novos usos de recursos provenientes de reaproveitamento de materiais ou ainda a redução de desperdícios em toda a cadeia produtiva”, analisa.
Os hidrofluorcarbonos (HFCs) são normalmente utilizados como substitutos para substâncias destruidoras da camada de ozônio, estas já controladas pelo Protocolo de Montreal. Condicionadores de ar, refrigeradores, extintores, aerossóis e espumas são exemplos de produtos que usam esses gases e que podem emiti-los durante sua fabricação, uso e descarte.
Desenvolvimento Limpo – A contabilização de emissões de certas categorias do Setor Processos Industriais e Uso de Produtos é muitas vezes dificultada pela confidencialidade que envolve várias indústrias, no que diz respeito à coleta de dados. Outro desafio é a eventual falta de dados em uma série histórica, pois o Inventário Nacional se inicia em 1990. Para alguns casos é possível suprir esses dados por meio de modelos matemáticos que utilizam interpolação, extrapolação ou correlações possíveis com outra série de dados. “Sempre que necessário, dados de atividades e fatores de emissão são atualizados ou corrigidos, num esforço constante de aprimoramento do Inventário Nacional”, explica o diretor Nacional.
Certas informações importantes podem ser obtidas a partir das empresas que participam do Mecanismo do Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido pelo Protocolo de Quioto. Projetos incluídos nesse mecanismo têm dados, fatores de emissão e parâmetros apresentados publicamente, como exigência do MDL, para demonstrar as suas reduções de emissões.
Fontes de dados – Além das fontes oficiais ou públicas, como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Ministério de Minas e Energia (MME), base de dados do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da UNFCCC, o Setor contou com dados de associações setoriais e da iniciativa privada. Foram utilizados dados do Instituto Aço Brasil (IABr), que consolida dados de um parque produtor de aço que envolve 32 usinas, Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), Associação Brasileira dos Produtores de Cal (ABPC com dados até 2014), Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (ELETROS), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).
Conheça melhor o setor de IPPU, um dos cinco setores do Inventário Nacional: