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De testes diagnósticos a vacinas nacionais: estande do MCTI traz projetos de combate à Covid-19 na SNCT
Maior estande da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), o espaço do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) convidou pesquisadores e instituições que compõem a RedeVírus MCTI para demonstrar as frentes de trabalho apoiadas pela pasta no combate à Covid-19. Desde o início da pandemia, o ministério investiu em pesquisas que promovem o sequenciamento do vírus, produção de testes diagnósticos com tecnologia nacional, reposicionamento de fármacos e produção de soros e vacinas contra a doença.
No espaço do CT Vacinas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estão expostos os trabalhos de pesquisa com três tipos de vacinas: a bivalente (destinada à gripe influenza sazonal e Covid), adenovírus e MVA, que utilizam diferentes técnicas para transferir para o corpo informações sobre o vírus e estimular a resposta imune. O CT também desenvolveu testes diagnósticos com componentes 100% nacionais, cujas tecnologias foram transferidas para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da FioCruz, para permitir a produção em maior escala.
“O CT Vacinas é um laboratório de pesquisa e desenvolvimento. No caso dos testes sorológicos, a gente tem o desenvolvimento do Elisa e do teste rápido. O Elisa é um produto nacional desde o insumo inicial até o produto final. A partir daí a gente transferiu a tecnologia para o Instituto Biomanguinhos, no Rio de Janeiro. Além disso, o teste rápido, que utiliza sangue para o diagnóstico, a gente está na etapa de transferência de tecnologia e tendo bons resultados”, afirma Flávia Bagno, pesquisadora do CT Vacinas.
O Instituto Vital Brazil, do Rio de Janeiro, trouxe a pesquisa sobre o desenvolvimento do soro anti-Covid 19. Ao injetar o vírus Sars-CoV-2 em cavalos, os pesquisadores pretendem produzir um biofármaco capaz de neutralizar o vírus a partir dos anticorpos produzidos pelos animais. De acordo com o pesquisador Marcelo Abrahão, o trabalho foi possível devido a experiência da instituição na produção de soros, vacinas e remédios. A pesquisa do soro anti-Covid em breve entrará na fase da testagem em humanos.
“Não só os animais responderam produzindo muitos anticorpos, como também os anticorpos eram neutralizantes, têm capacidade de neutralizar o vírus. Com isso, o próximo passo de produção é fazer a coleta de sangue dos animais e o plasma é direcionado para nossa planta industrial onde é purificado para conter nas ampolas somente a imunoglobulina. A etapa de estudo que nos encontramos é submetemos o estudo clínico a ANVISA de fase 1/2. A agência fez algumas e exigências que estão sendo atendidas”, explica.
Outra pesquisa apoiada pelo ministério é a vacina por spray nasal desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) e parceiros. Entre as vantagens apontadas pelo professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Marco Antônio Stephano, estão a produção de diferentes anticorpos e a baixa incidência de reações adversas em vacinas do tipo. O estudo está na fase pré-clínica, antes dos testes em pacientes.
“É uma vacina que vai gerar dois tipos de anticorpos. A vacina injetável gera um tipo de anticorpo, o IgG. A vacina nasal gera dois tipos: o IgG e a chamada IgA secretoram, que age sobre as mucosas, que é onde o vírus penetra. Essa vacina já foi testada em animais e mostrou que ela produz os dois anticorpos, que são neutralizantes. Por ser uma vacina de baixa reação adversa, pode ser usada em gestantes, crianças e pessoas com mais de 80 anos com tranquilidade”.
Há também os trabalhos do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM/MCTI) no reposicionamento de fármacos, com a realização de simulações computacionais e testes laboratoriais que levaram à identificação da nitazoxanida, a qual posteriormente teve sua eficiência confirmada na redução da carga viral em pacientes com sintomas iniciais da Covid. É também apresentado o uso da fonte de luz síncrotron brasileira, o Sirius, para revelar detalhes tridimensionais da proteína do vírus, em uma técnica chamada cristalografia de proteína, como explica a pesquisadora Renata Rocha, do CNPEM.
“Conhecendo a estrutura tridimensional da proteína, você consegue desvendar possíveis bolsões de interação contidos na enzima para o desenvolvimento de novos fármacos, testes de fármacos já existentes e descobrir onde os inibidores se ligam. Outro ponto importante de conhecer a estrutura tridimensional é fazer alterações nos fármacos que tornam os medicamentos mais eficazes contra a infecção”.
Outro espaço foi destinado à rede Corona-ômica, que reúne diferentes universidades e instituições de pesquisa que trabalham no monitoramento e sequenciamento do genoma do vírus circulante, que tem grande importância na situação sanitária e investigação sobre a efetividade de tratamentos, como diz Fabrício da Silva, do laboratório de microscopia eletrônica e virologia da Universidade de Brasília (UnB).
“Para a vigilância sanitária é muito importante o sequenciamento. O vírus, na transmissão comunitária, está passando por milhões de pessoas e acumulando mutações. Essas alterações na sequência do genoma do vírus nos permitem atender o quanto ele está mudando ao longo do tempo”.
RedeVírus
A RedeVírus MCTI é um comitê que reúne especialistas, representantes de governo, agências de fomento do ministério, centros de pesquisa e universidades com o objetivo de integrar iniciativas em combate a viroses emergentes. A Rede, criada em fevereiro, funciona como um comitê de assessoramento estratégico que atua na articulação de laboratórios de pesquisa, com foco na eficiência econômica e na otimização e complementaridade da infraestrutura e de atividades de pesquisa que estão em andamento, em especial com o coronavírus. O Comitê conta pesquisadores especialistas de várias instituições de pesquisa renomadas como a Fiocruz, Butantan, USP, Unicamp, UFMG, UFC, CNPEM/LNBio/MCTI, UFRJ, entre outras.