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Acesso à informação é o principal desafio para a Década do Oceano no Brasil
A criação de um banco de dados on-line, integrado, transparente e acessível a todos, não somente aos espaços de educação formal, é a principal necessidade a ser incluída no Plano Nacional de Implementação da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Segundo especialistas, há vários conteúdos disponíveis, no entanto, o que falta é um sistema que os agregue e divulgue de forma clara e permanente. “A comunicação é uma ferramenta essencial atualmente. Por isso, os pesquisadores buscam uma plataforma única, onde estejam reunidos todos os dados de monitoramento de oceano e ecossistemas marinhos, como poluição, gestão de ecossistemas pesqueiros, e desenvolvimento sustentável dos ambientes costeiros”, explica o professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ronaldo Christofoletti.
A pauta foi discutida durante o segundo semestre deste ano, em oficinas subnacionais realizadas em todas as regiões do país, com a participação virtual de cerca de 500 integrantes de órgãos públicos, pesquisadores, gestores, empresários, técnicos, comunicadores e representantes da sociedade civil. No começo de dezembro, o “Webinário Nacional – O que temos e para onde vamos?” encerrou o ciclo de discussões, apresentando as diretrizes traçadas nos encontros anteriores, que ajudarão a planejar ações a favor do ecossistema marinho-costeiro para serem executadas no Brasil durante o período de 2021 a 2030.
Outras necessidades comuns a todo o país apontadas nos encontros foram a capacitação de profissionais para a disseminação de conteúdos, o fortalecimento da cultura oceânica junto à sociedade, assim como a sensibilização e engajamento de todos os setores socioeconômicos em torno do tema.
“Um oceano acessível, conhecido e valorizado por todos, depende do fortalecimento da cultura oceânica, do entendimento da influência do oceano na nossa vida e da nossa vida no oceano. É essencial que as ações valorizem o engajamento de todos os setores da sociedade, incluindo as comunidades tradicionais, empresas, sociedade civil e poder público, além de fortalecer o turismo sustentável e o esporte como veículos de educação e comunicação”, explica Christofoletti, responsável pela organização das oficinas subnacionais e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).
A coordenadora geral de Oceano, Antártica e Geociência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Karen Silverwood-Cope, comemora os resultados da agenda de preparação para a Década do Oceano no Brasil. “Conseguimos traçar as principais diretrizes, apresentar os resultados técnicos e, sobretudo, sedimentar um caminho consistente para uma boa gestão e governança. A participação e o engajamento de diferentes setores da sociedade foram essenciais para desenvolver um plano nacional que contemple os anseios, os desafios e as particularidades de todo o Brasil”, conclui.
Confira as diretrizes e necessidades específicas traçadas para cada região do Brasil:
Nordeste: Gestão costeira e marinha integrada (pesca, moradia, turismo e conservação); diagnóstico socioambiental; programas de monitoramento de impactos e planos de conservação das áreas naturais.
Norte: Combate aos problemas provocados pelapoluição excessiva dos rios e manguezais, mineração, agropecuária e bioinvasão; maior atenção às pesquisas, ao financiamento de projetos e à capacitação de gestores e fiscalizadores das áreas naturais; criação de uma base de dados para monitoramento e acompanhamento de ações efetivas na preservação da biodiversidade local.
Sul: Avanço do mapeamento da biodiversidade; educação ambiental sobre a saúde oceânica e disseminação dos dados de forma acessível para toda a sociedade.
Sudeste: Monitoramento do ambiente costeiro-marinho por meio de ferramenta capaz de apresentar dados relacionados à situação do oceano e de atividades que o impactam direta ou indiretamente.
Centro Oeste: Maior geração e disseminação de conhecimento; criação de fundos de financiamento que deem suporte à ciência interdisciplinar para a Década do Oceano; promover a capacitação de profissionais sobre esta agenda; incentivar a educação ambiental sobre a saúde oceânica e a disseminação de dados de forma acessível.
Década do Oceano
A Década do Oceano, que começa em 2021 e vai até 2030, foi proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que todos os países voltem atenção ao ecossistema marinho-costeiro para conscientizar a população global sobre a sua importância, assim como mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.
No Brasil, a série de eventos para traçar o Plano Nacional de Implementação é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marinha do Brasil, Unesco Brasil, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e Rede ODS Brasil.