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Planos tecnológicos propõem ações de melhoramento genético e plantios mistos na cadeia florestal
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) apresentou nessa quarta-feira (25), dois Planos de Ação Tecnológica para silvicultura e melhoramento genético de espécies nativas e silvicultura com plantios mistos para restauração. A temática integra o circuito de webinários “Contribuição de tecnologias de baixo carbono para o desenvolvimento sustentável” que serão realizados até dezembro deste ano para detalhar 12 planos que consideram tecnologias prioritárias para desenvolvimento e difusão no país até 2030.
Os Planos de Ação apoiam a Iniciativa Regenera Brasil, conduzida pelo MCTI, cujo objetivo é contribuir com a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico e a inovação para a geração de diretrizes que promovam a recuperação efetiva dos ecossistemas nativos brasileiros.
Segundo o diretor do Departamento de Ciências da Natureza (DECIN) do MCTI, Savio Raeder, o Regenera Brasil abrange três projetos-pilotos em parceria com unidades de pesquisa vinculadas ao MCTI: dois na Amazônia, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG); e um na Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). “A iniciativa promove a sustentabilidade e auxilia no cumprimento de compromissos internacionais, sendo relevante os subsídios dos Planos de Ação para atingir este objetivo”, avalia.
De acordo com o coordenador técnico dos Planos de Ação, Régis Rathmann, o Brasil já possui expertise no desenvolvimento de programas de melhoramento de espécies e plantios mistos de nativas e exóticas. Os principais desafios do melhoramento genético de nativas são o alto custo para implementação e o longo prazo para o alcance de ganhos de produtividade, e para plantios mistos garantir a disponibilização comercial de espécies nativas para restauração florestal. “O desenvolvimento tecnológico de espécies arbóreas nativas e a difusão de plantios mistos é fundamental para a geração de emprego e renda no setor de base florestal”, analisa o coordenador que enfatizou também a interdependência das atividades propostas pelos planos.
Melhoramento genético de espécies nativas – A silvicultura de nativas, embora possua ciclos de produção relativamente longos, possui inúmeros benefícios econômicos, sociais e ambientais, principalmente quando são considerados os usos múltiplos das florestas plantadas, como, por exemplo, a conservação do solo, da água e da fauna.
Segundo o pesquisador na área de melhoramento genético da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lucas Rosado, o ponto de partida para se alcançar esses benefícios é a implementação de programas de melhoramento genético e de manejo das espécies arbóreas com potencial econômico e, a partir destes, obter sementes com qualidade genética para atender às demandas das indústrias do setor florestal em um contexto de sustentabilidade. “O Plano de Ação propõe implantar, até 2030, programas de melhoramento genético de pelo menos 10 espécies arbóreas de ocorrência natural nos biomas brasileiros e desenvolver tecnologias silviculturais para que, se possível, em sinergia com os genótipos a serem selecionados, possam tornar os empreendimentos florestais economicamente viáveis”, pontuou.
O pesquisador estimou que são necessários cerca de R$ 16 milhões de investimento nos próximos oito anos para implementar as ações do Plano, que poderão contribuir para a expansão de áreas plantadas de espécies exóticas, recomposição da vegetação nativa e a geração de emprego e renda.
O plano aborda sete ações para contornar os desafios tecnológicos. Uma delas busca avaliar as propriedades tecnológicas e o grau de aceitação de mercado da madeira juvenil, ou seja, como madeiras plantadas podem ser aproveitadas para usos industrial e comercial reduzindo possíveis riscos econômicos.
Silvicultura com plantios mistos para restauração – O escopo tecnológico do Plano de Ação abrange a utilização de plantios mistos em áreas de Reserva Legal (RL) e de Proteção Permanente (APP), utilizando espécies exóticas e nativas com enfoque silvicultural. Visa, portanto, desenvolver plantios para fins de restauração ambiental, aliados à possibilidade de ganhos socioeconômicos para os proprietários que precisam realizar as adequações propostas pelo Programa de Regularização Ambiental (PRA).
Segundo a pesquisadora do Centro de Inteligência Territorial da Universidade Federal de Minas Gerais (CIT/UFMG), Caroline Salomão, a abordagem do Plano delimita o uso de espécies arbóreas como a alternativa mais adequada para a restauração ambiental, aliada à possibilidade de produção e comercialização de produtos relacionados para subsistência e geração de renda nas propriedades.
“A principal finalidade é a restauração ecológica, por isso a priorização do uso de nativas, inclusive para ganho econômico”, explica a pesquisadora que enfatiza como grande diferencial de implantação desses sistemas é gerar comercialização. “Propusemos atividades para dar escala e visibilidade a espécies nativas”, reforça.
Para alcançar benefícios de regeneração, Salomão indica a necessidade de difusão das informações aos produtores, ação que é fundamental para viabilizar a execução das ações na cadeia florestal. Outra atividade relevante proposta pelo plano envolve o incentivo ao plantio e expansão de viveiros com o objetivo de abastecer a cadeia florestal da restauração.
Além de contribuir para a recomposição de vegetação nativas e a conservação da biodiversidade nos diferentes biomas do Brasil, a proposta também contribui, a custo de R$ 31 milhões até 2030, para a disponibilização comercial de espécies nativas para restauração e a geração de emprego e renda no setor de base florestal.
Próximos eventos – O ciclo de webinários é organizado pelo projeto “Avaliação das Necessidades Tecnológicas para Implementação de Planos de Ação Climática no Brasil (TNA_BRAZIL)”, coordenado pelo MCTI e que conta com financiamento do Green Climate Fund (GCF). O GCF é um mecanismo financeiro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) que se destina a canalizar financiamento climático para os países em desenvolvimento para apoiar atividades que permitam atingir os objetivos do Acordo de Paris.
Os webinários são realizados sempre às quartas-feiras, com início às 14h, e terão a participação de representantes do governo, setor privado, agências nacionais de financiamento, institutos e centros de pesquisa e associações setoriais. Conheça os temas dos próximos eventos:
02 de dezembro – Inovações para a construção civil e geração de energia elétrica limpa: materiais inovadores para cimento e aproveitamento solar fotovoltaico flutuante
09 de dezembro – Desenvolvimento de base tecnológica nos setores da agropecuária e florestas: melhoramento genético na pecuária bovina de corte e monitoramento por satélite
16 de dezembro – Tecnologias geradoras de emprego e renda no meio rural: aproveitamento energético de resíduos agrícolas e fogões solares
Confira a programação completa aqui.