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Em seminário organizado pela CEPAL, MCTI apresenta experiência brasileira no uso do Nexo+
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) apresentou na quarta-feira (18) a experiência brasileira na utilização da abordagem metodológica Nexo+ em estudos de Impactos, Vulnerabilidade e Adaptação (IVA) para a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), e para o desenvolvimento da plataforma online AdaptaBrasil MCTI, que oferece subsídios para a incorporação da adaptação à mudança do clima na tomada de decisão em esferas de governo subnacionais.
A experiência brasileira foi tema de um dos painéis do seminário virtual ‘Oportunidades para a Adoção do Enfoque Nexo nos países da América do Sul’, organizado pela Divisão de Recursos Naturais, Unidade de Água e Energia da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). O evento discutiu o uso da abordagem integradora do nexo água-energia-alimentos para alcançar maior efetividade na implementação de políticas públicas e na gestão sustentável dos recursos naturais. Além disso, abordou a aplicação dessa perspectiva como oportunidade para alinhar investimentos e fontes de financiamento, e para a resolução de problemas atuais e futuros, considerando as dimensões do desenvolvimento sustentável.
As duas iniciativas brasileiras apresentadas se basearam no Nexo, indo inclusive mais além ao incorporar o Nexo+, uma perspectiva que aborda a agenda de mudança do clima de maneira interdisciplinar a partir dos eixos estratégicos das segurança hídrica, energética, alimentar e socioambiental, e evidencia a interrelação entre os temas.
De acordo com o supervisor de Vulnerabilidade e Adaptação da Comunicação Nacional e integrante da Coordenação-Geral de Ciência do Clima e Sustentabilidade do MCTI, Diogo Santos, a importância de o Brasil promover políticas públicas mais integradas direcionou os esforços para esta metodologia. “Se pretendemos caminhar para políticas que operem de modo mais integrado, evitando a fragmentação das ações e possíveis lacunas, é necessário gerar informações mais integradas”, explicou.
Santos também destacou a utilização da perspectiva das ‘seguranças’ nos estudos de IVA do Brasil, “ao invés de tratar somente da oferta do recurso (água, energia, alimento ou meio ambiente), estamos enfocando a segurança, ou seja, a disponibilidade, o acesso, o uso do recurso em questão, em um contexto de sustentabilidade”, exemplificou durante a apresentação. O trabalho envolveu compreender a problemática das seguranças com o apoio de cadeias de impactos, levantamento de impactos já observados, projeções climáticas e análises integradas.
AdaptaBrasil MCTI – Lançada em outubro deste ano, a plataforma AdaptaBrasil MCTI reúne indicadores que ajudam gestores nos setores público, em especial de esferas subnacionais, e privado a adotar medidas de adaptação. A construção da plataforma utilizou a abordagem Nexo para disponibilizar de modo online dados, mapas e projeções climáticas. Santos apresentou o objetivo da ferramenta, que é consolidar, integrar e disseminar informações sobre os impactos das mudanças climáticas no território nacional a fim de fornecer subsídios aos tomadores de decisão, e detalhou os desdobramentos em diversos níveis de informação que a mesma apresenta a partir dos elementos água, energia e alimentos, bem como as indicações em mapas interativos dos fatores de risco (interferência climática, vulnerabilidades e exposição).
O sistema foi criado pelo ministério com parceria do Inpe e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, ambos vinculados ao MCTI. No momento, a plataforma apresenta informações para a região do semiárido. As demais regiões do país e novos temas devem ser trazidos pela plataforma mais à frente.
CEPAL - Na avaliação da CEPAL, que promove o desenvolvimento sustentável nos países da América Latina e no Caribe por meio de recomendações de política pública, assistência técnica e diálogo político, ao compartilhar suas experiências, o Brasil contribui para o avanço da Agenda 2030. “A experiência do Brasil contribui com exemplos aplicados sobre como desenvolver ferramentas que permitem subsidiar políticas baseadas no nexo (água-energia-alimentação) baseadas em evidências. Isto serve como exemplo de lições aprendidas para outros países da região e ainda contribui para avançar rumo ao cumprimento da Agenda 2030”, avalia Silvia Saravia Matus, oficial de assuntos econômicos da Unidade de Água e Energia da Divisão de Recursos Naturais da CEPAL.