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MÊS NACIONAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÕES - MNCTI
“Sonho é ter um grande centro no CTI atendendo nosso Sistema Único de Saúde”, afirma diretor do CTI Renato Archer
Em entrevista à programação do Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI), o diretor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), unidade de pesquisa do MCTI, Jorge Vicente Lopes da Silva, falou sobre a atuação do centro nas áreas de materiais avançados, nanotecnologia e saúde, além de incentivo aos jovens e desafios da instituição. A entrevista faz parte da programação deste sábado (31) do canal do ministério no YouTube, que trouxe um dia inteiro de palestras e oficinas promovidas pelo CTI.
Criado em 1982, o CTI atua em parceria com o governo, universidades e empresas para promover inovação em processos e produtos, visando o fortalecimento da indústria nacional. De acordo com Vicente, um dos focos está na área da saúde, com o programa ProMED, que atua com impressão 3D e simulações para o planejamento de cirurgias e próteses, com utilização por 300 hospitais e 6 mil casos de planejamento de alta complexidade.
“Esse projeto teve início em 97 quando nós compramos o primeiro equipamento de impressão 3D e começamos a idealizar um centro de tecnologias 3D no Brasil na área da saúde. A gente ia conversar com cirurgiões e médicos sobre os projetos em que você pode pegar uma imagem de tomografia, ressonância e transformar em um modelo físico, em que o médico pode fazer uma intervenção, uma simulação. Isso foi evoluindo. Hoje o ProMED usa as tecnologias em várias áreas com foco no planejamento cirúrgico de alta qualidade com impressões físicas e virtuais, computacionais”, disse.
O pesquisador também listou a atuação do CTI no combate à pandemia da Covid-19 na adaptação de respiradores, impressão de equipamentos de proteção individual (EPIs) e desenvolvimento de sensores para a doença.
“Durante a pandemia, o CTI em paralelo trabalhava na impressão 3D na produção de máscaras e faceshields para os profissionais da linha de frente, que trabalham no atendimento aos pacientes. Também trabalhamos na questão de sensores, desenvolvimento de sensores de dengue, da Zika e começamos a trabalhar em sensores para a Covid”.
Outro ponto da conversa foram as iniciativas para inspirar jovens a seguir as carreiras científicas. Segundo Vicente, o Centro tem programas de imersão para estudantes e parcerias com universidades. A ideia é mostrar que a ciência não é algo distante, mas uma parte do nosso dia a dia.
“Desde a roupa que a gente veste, o computador que a gente interage é ciência pura. Não há um mundo sem ciência. É preciso a desmistificação da ideia de que a ciência é feita por pessoas fechadas em algum lugar e não tem valor alto. Isso é uma ideia muito enganada. A gente tem que colocar isso na cabeça de cada pessoa, de cada estudante desde cedo”.
Por fim, o pesquisador refletiu sobre o tamanho do mercado da saúde no Brasil e compartilhou a aspiração em ter no CTI um centro voltado a ferramentas para a área de saúde, com uso de Inteligência Artificial e Big Data para analisar as melhores práticas, sensores e microeletrônica para simulação do funcionamento de órgãos, e biofabricação, para criação de órgãos e tecidos artificiais.
“São 9,2% do PIB do Brasil investidos em saúde, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil investe mais na saúde do que a média dos países da OCDE. Isso significa que saúde é um negócio muito grande. Nós temos que montar uma estrutura, e esse é um sonho, em integrar a capacidade atual do CTI e ter um grande centro na área da saúde atendendo em especial nosso sistema de saúde e o SUS”.