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MÊS NACIONAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÕES
Programa do Cetene contribui para projetos de reflorestamento e de agroflorestas, em PE
O Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), tem contribuído para a preservação do bioma Mata Atlântica em Pernambuco. O Programa Mata Atlântica que é coordenado pelo Laboratório de Pesquisas Aplicadas à Biofábrica (LAPAB/Cetene) vem auxiliando a conservação da diversidade genética de várias espécies de arbóreas, disponibilizando as mudas produzidas no Cetene para serem testadas in vivo em iniciativas que ajudem a preservar da biodiversidade. Estas ações estão sendo desenvolvidas em conjunto com instituições parceiras como o Jardim Botânico de Recife, e com as ONGs CEPAN e SERTA, em áreas de reflorestamento e agroflorestas. O tema foi debatido nesse domingo (11), data em que o Cetene apresentou uma série de atividades virtuais durante a programação do Centro, no Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI) evento organizado pelo MCTI para a promoção da ciência no país.
A pesquisadora do LAPAB, Laureen Houllou explicou que dedicou os últimos 10 anos no trabalho com inseminação in vitro de espécies arbóreas da Mata Atlântica. A primeira espécie reproduzida em laboratório pelo laboratório foi o Ipê Rosa. Desde então os pesquisadores acumularam experiência com uma prospecção do material que conseguem propagar, por volta de 70 espécies. “Deste total conseguimos reproduzir cerca de 50 espécies para dar suporte aos projetos de reflorestamento e de agroflorestas”, afirma Laureen.
O programa utiliza a biotecnologia usando técnicas de cultura de tecidos que possam auxiliar a propagação de espécies tanto para o reflorestamento quanto para as agroflorestas. A cultura de tecidos em geral utiliza partes da planta, cultura de embrião, pedaços de folha, cultura de células e normalmente é utilizada para a clonagem da espécie. Porém quando se fala de arbóreas de recomposição de mata não se usa a clonagem. “É preciso usar a semente, ou seja trabalhar resgatando toda a variabilidade genética da planta. Não existe clonagem de árvores dentro do LAPAB”, explica.
Na técnica conhecida como cultura de tecidos, germinação de arbóreas o primeiro passo é a identificação das matrizes e coleta. Este processo trabalha apenas com sementes; a técnica da clonagem não é utilizada. A etapa seguinte é a da desinfestação e inoculação in vitro, quando as sementes são limpas e colocadas em tubos de ensaios em meio de cultura in vitro, em condições livres de contaminantes. Em seguida é feito o cultivo sob condições controladas. As sementes in vitro são levadas para sala de crescimento onde é esperada a germinação. É feito o descarte de material contaminado, o material que se desenvolveu bem e está enraizado é levado para a aclimatação. As etapas seguintes são conhecidas como engorda e rustificação e só depois de todo esse processo que leva em média 90 dias é que as mudas podem ir a campo. A sala de crescimento do LAPAB possui a capacidade de abrigar 17 mil mudas em tubos de ensaio simultaneamente. Segundo Laureen, a cultura de tecidos ajuda a produzir mais mudas em espaços pequenos.
Entre os principais desafios do programa estão a carência de mudas para dar suporte à iniciativa de reflorestamento, a falta de pessoal especializado para realizar o plantio e acompanhar o desenvolvimento em campo e a carência de tecnologias para auxiliar a restauração de biomas.
Parceria
O Jardim Botânico de Recife (PE) é um dos principais parceiros do Programa Mata Atlântica. O biólogo Jefferson Rodrigues Maciel explica que o Jardim Botânico auxilia o Cetene no processo de produção de mudas, tornando-a mais eficiente, o que já está servindo para o reflorestamento da região. “Temos contribuído identificando as espécies que podem ser utilizadas no processo de reflorestamento e na coleta das sementes. Já possuímos frutos muito significativos, já temos uma diversificação muito maior das espécies que estão hoje dentro do viveiro do Jardim Botânico por conta desta parceria com o Cetene”, destaca.
Maciel explica ainda que o viveiro do Jardim Botânico faz a engorda das mudas produzidas no laboratório do Cetene. “Hoje o Jardim Botânico já aumentou o número de espécies ameaçadas de extinção que estão protegidas em nossos viveiros e que foram fruto desta parceria como o caso do cedro, que tínhamos dificuldades de coletar e produzir, mas com a ajuda do Cetene conseguimos germinar a espécie que já está disponível para ser reintroduzida”, comemora.
Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações
O MNCTI foi instituído pelo decreto nº 10.497/2020, que atribui a coordenação do evento ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Ao longo de outubro, o canal do MCTI no Youtube traz centenas de horas de conteúdo online para mobilizar e levar a ciência, tecnologia e inovações mais perto do dia a dia da população. A cada dia, uma organização vinculada ao MCTI leva ao ar uma série de palestras, oficinas e conteúdos que podem ser acompanhados em www.youtube.com/ascommcti.
Confira também a programação completa do Mês em www.snct.mcti.gov.br.