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Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações - MNCTI
Pesquisadoras do Museu Goeldi apresentam tecnologias sociais, que aliam conhecimento científico a saberes das comunidades tradicionais
As tecnologias sociais foram tema de um bate-papo entre pesquisadoras do Museu Paraense Emílio Goeldi dentro da programação do Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI) nesta terça-feira (6). O objetivo do painel foi expor a importância de aliar o conhecimento popular originário de populações tradicionais com o saber científico para alcançar soluções para o nosso dia a dia, levar desenvolvimento para essas populações e gerar sustentabilidade.
Segundo a pesquisadora Regina Oliveira, as tecnologias sociais geram ferramentas, métodos e atividades úteis para soluções de problemas. “As tecnologias sociais são o conjunto de atividades desenvolvidas pelos grupos sociais e tem uma aplicação que alia o conhecimento, saber popular e conhecimento técnico científico. Com isso podemos melhorar a qualidade de vida, gerar transformação social e gerar tecnologias para saúde, agricultura, educação”.
Essas tecnologias podem ser usadas, por exemplo, na indústria de cosméticos e remédios. A pesquisadora também citou parcerias do Museu Goeldi com povos indígenas, populações tradicionais, pequenos agricultores, pescadores e artesãos.
Já Milena Carvalho explicou o trabalho científico com os tecnossolos (solos constituídos por quantidade significativa de materiais criados ou fortemente alterados pelas atividades humanas) e a Terra Preta Arqueológica. Estudos do Goeldi indicaram que resíduos orgânicos deixados em regiões habitadas há milhares de anos concediam ao solo características como maior resistência e fertilidade. Assim, o trabalho de pesquisa tem o objetivo de criar um produto para melhorar o solo e obter esses atributos.
“O tecnosolo é a produção de um solo mais fértil, semelhante ao da Terra Preta Arqueológica, a ideia que se tem de Terra preta arqueológica baseada em anos de estudos do Museu Goeldi. A terra preta é um material que tem uma elevada fertilidade e é muito resistente. O Tecnosolo não é um adubo ou compostagem. É um produto gerado a partir do aproveitamento dos resíduos de madeira como alternativa para minimizar impactos socioambientais. Pode ser usado em reflorestamento e melhoria de processos agrícolas”.
Entre as vantagens do produto estão o baixo custo, a adaptabilidade, o uso de resíduos orgânicos com mais eficiência, redução de problemas ambientais, menos agrotóxicos e fertilizantes.
Continuando o painel, a pesquisadora Ana Bilacy Galucio, linguista, falou sobre a atribuição do Museu Goeldi na preservação de línguas das comunidades tradicionais do Brasil. Segundo cálculos, são faladas no Brasil pelo menos 155 línguas além do português. Desde os anos 80, o museu iniciou um catálogo digital desses idiomas e hoje conta com 83 línguas catalogadas, algumas delas com menos de 10 falantes registrados.
“No Museu Goeldi, nós temos uma área de linguística. Desde a década de 80 a gente começou a criar um acervo, uma coleção linguística. É um repositório digital com 83 línguas catalogadas. Registros audiovisuais, mais de 1.500 horas de áudio e 400 horas de vídeo. São cantos, narrativas, diálogos, informações”, conta. O museu criou também um dicionário multimídia, o que também conta como tecnologia social para ser usada por esses povos para preservar sua cultura e tradições.