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Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações - MNCTI
AEB mostra valores e oportunidades do mercado espacial
O que é economia espacial? Como se mede? Quais são os valores e projeções mundiais para os próximos anos? E quais são as oportunidades que o Brasil pode explorar neste cenário.
Essas foram as perguntas respondida na palestra “Economia Espacial”, realizada neste domingo, (4) por Michele Melo que é assessora técnica da Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia do MCTI. A palestra faz parte da programação especial voltada para a AEB no 1º Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações, evento que é coordenado pelo ministério que durante todo mês cada vinculada do MCTI terá um dia inteiro para apresentar seus principais projetos e atribuições.
Segundo dados oficiais apresentados pela palestrante, somente em 2018 foram gastos cerca de U$70 bilhões pelas agências governamentais espaciais de todo o mundo. Deste total, os EUA lideram com investimentos de cerca de U$ 40 bilhões. Em segundo lugar figura a China com investimentos de U$5 bilhões, depois o Japão e a França, ambos com investimentos de U$3 bilhões cada. Como comparativo, o Brasil investiu em 2019 cerca de U$120 milhões no setor espacial.
“Os países que investem no setor espacial entendem que o setor pode ser um impulsionador do desenvolvimento socioeconômico de um país. Eles entendem que, pela transversalidade do processo inovativo, a área espacial consegue atingir praticamente todos os setores da economia. Por isso faz sentido investir no setor espacial, porque você indiretamente está investindo também em todos os outros setores de tecnologia que o país possui”, explicou Michele.
Ainda durante sua apresentação, a assessora do AEB mostrou como o investimento na área espacial tem crescido nos últimos anos. Em 2008 apenas 49 países investiam no setor espacial. Em 2018 esse número aumentou para 72 países. E em 2020 são 79 países investindo neste segmento que tem como os cinco principais investidores os Estados Unidos, a China, Rússia, Japão e a França.
Segundo Michele, há expectativa que até 2040 a economia espacial atinja o valor de U$1 trilhão e o mercado, apenas de veículos lançadores, chegue em algo próximo de U$20 bilhões até 2030. “A perspectiva de crescimento para todos os segmentos da economia espacial é muito positiva”– relata.
Mudanças
Ao longo dos anos houve uma evolução tecnológica dos satélites com o desenvolvimento de novas tecnologias, redução do tamanho, aumento da capacidade de armazenamento de dados em um movimento chamado de “New Space”. Como comparativo, a palestrante apresentou um gráfico começando com o satélite nacional SGDC (desenvolvido pela Telebras em parceria com a FAB) com o peso de 6 toneladas e investimento de U$760 milhões até o satélite Dove (desenvolvido pela Planet Labs) com o peso de 5 kg e custo de U$ 60 mil.
“As principais mudanças trazidas pelo New Space não dizem respeito apenas à diminuição dos satélites com aumento de suas capacidades, mas também as mudanças nas formas de geração de negócios. Pela primeira vez o setor privado tem entrado muito forte nos investimentos, visualizando os potenciais de lucro no setor espacial”, avalia.
A palestrante explicou que está havendo uma grande mudança na dinâmica de estruturação do setor espacial. Segundo ela, antigamente os governos eram os principais financiadores do setor espacial. Atualmente existe uma divisão de responsabilidades: “O Estado continua financiando e demandando grandes projetos que ainda precisam de dinheiro público. Mas agora ele delega para a indústria privada a parte do como fazer”, exemplifica.
Oportunidades
Durante sua apresentação, a assessora da AEB mostrou duas oportunidades principais que o Brasil pode aproveitar: uma com os lançamentos suborbitais, no qual o Brasil já é referência, possui os experimentos em microgravidade e possui e veículos certificados num mercado que movimenta cerca de U$13 bilhões por ano. Ainda no ramo de lançamentos de suborbitais, existe um mercado que, segundo Michele, está nascendo e a previsão de muito crescimento nos próximos anos que são as experiências de voo espacial ou turismo espacial. “A pessoa faz um voo num veículo espacial, vê a terra direto do espaço e depois retorna”. Fazem parte desta iniciativa projetos de exploração espacial e de retorno à Lua.
Outra oportunidade identificada pela palestrante é o lançamento de pequenos satélites que tem aumentado cada vez mais as demandas que, em 2017, o mercado movimentou cerca de U$32 bilhões.
“O satélite de menor porte precisa ser reposto com uma maior frequência e isso gera uma maior demanda por satélites produzidos pela indústria privada e isso gera mais atividades industriais, emprego e renda”, finaliza.
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira é uma autarquia vinculada ao MCTI, responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira. Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.
Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações
O MNCTI foi instituído pelo decreto nº 10.497/2020, que atribui a coordenação do evento ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Ao longo de outubro, o canal do YouTube do MCTI traz centenas de horas de conteúdo online para mobilizar e levar a ciência, tecnologia e inovações mais perto do dia a dia da população.
A cada dia, uma organização vinculada ao MCTI leva ao ar uma série de palestras, oficinas e conteúdos que podem ser acompanhados em www.youtube.com/ascommcti.
Confira também a programação completa do Mês em www.snct.mcti.gov.br.