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Estudo Clínico Nitazoxanida
Estudo clínico do MCTI comprova que nitazoxanida reduz a carga viral de pacientes com a Covid-19 na fase inicial da doença
Foto: Isac Nóbrega/PR
Um estudo clínico apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) comprovou que o medicamento nitazoxanida é capaz de reduzir a carga viral de pacientes com sintomas iniciais de Covid-19. O estudo teve a participação de 1.575 voluntários em 7 cidades do país, e os resultados foram anunciados nesta segunda-feira (19), em Brasília, pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes.
Segundo a coordenadora do estudo, a professora Patrícia Rocco, titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a diminuição da carga viral representa uma menor possibilidade de contágio pelos pacientes tratados e evita o agravamento das condições de saúde. Os dados mais detalhados da pesquisa não puderam ser divulgados, pois o estudo foi submetido a uma publicação científica internacional. Segundo a pesquisadora, em face do momento de pandemia e número de contaminados, a revelação dos resultados é importante.
“Infelizmente, no momento, não poderei relatar mais detalhes sobre o estudo, já que ele foi submetido a uma revista internacional, o que faria com que perdêssemos o ineditismo, limitando a publicação. No entanto, no Brasil continuam morrendo em torno de 500 pessoas por dia. Como cientistas, nós sempre pensamos que o artigo deve ser revisado e publicado por nossos pares. Entretanto, mesmo na pandemia, seria correto omitirmos esse dado e esperarmos um mês para divulgar?”, ponderou.
O ministro Marcos Pontes se solidarizou com os atingidos pela pandemia e destacou o papel da ciência brasileira. O ministro também apresentou outras qualidades da nitazoxanida, como o baixo custo e a ausência de efeitos colaterais sérios. Pontes advertiu que o remédio não pode ser usado como forma de prevenir a Covid-19.
“A gente pode ajudar a reduzir o problema. Nós temos um medicamento comprovado cientificamente capaz de reduzir a carga viral. Isso significa que reduz o contágio entre as pessoas, diminui a probabilidade de agravamento de sintomas”.
O ministro também lembrou que o esforço para a descoberta do tratamento começou em fevereiro com a criação da RedeVirus MCTI, um comitê de especialistas que traçou estratégias para o enfrentamento da pandemia. Uma dessas linhas foi o reposicionamento de fármacos, que consiste em testar medicamentos já existentes para o tratamento de outras doenças. Marcos Pontes concluiu que o próximo passo para definição de como o remédio será usado passa pelo Ministério da Saúde. “Nós estamos passando o bastão para o Ministério da Saúde, para o general Pazuello dar continuidade ao trabalho”.
Por fim, o presidente da República, Jair Bolsonaro, elogiou o trabalho do ministro e a atuação do Governo Federal durante a pandemia, cuidando também da economia e dos empregos. “O ministro Marcos Pontes chegou pra mim com uma planilha mostrando os resultados de medicamento, a nitazoxanida. Num primeiro momento, todos desconfiaram. Com muita coragem o ministro levou a proposta avante até que surgiu essa resposta através das observações, uso pelas pessoas e constatação da diminuição da carga viral”, colocou.
Histórico
Utilizando inteligência artificial em testes com 2 mil fármacos, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social vinculada ao MCTI, identificou cinco remédios com potencial para combater a replicação do novo coronavírus. Um deles, a nitazoxanida, reduziu em 94% a carga viral em células infectadas in vitro.
Em seguida, com aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), o ministério deu início ao protocolo de testes com a nitaxozanida no tratamento de pacientes com sintomas iniciais de Covid-19, como febre, tosse e fadiga. Assim foi lançada a campanha #500VoluntáriosJÁ, que levou carretas para receber os participantes dos estudos nas cidades de Ceilândia (DF), Bauru, Sorocaba, Barueri, Guarulhos e São Caetano do Sul, em São Paulo, e Juiz de Fora (MG). Os estudos foram conduzidos no padrão “duplo cego”, em que nem os pacientes ou médicos tinham conhecimento da medicação usada e poderiam tanto receber a nitazoxanida ou o placebo.
Veja como foi.