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Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações - MNCTI
Diretores de quatro vinculadas do MCTI debatem a importância das unidades de pesquisa
O papel das unidades de pesquisa e a importância delas para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país foram os temas centrais de um bate papo virtual realizando nesse sábado (24), entre os diretores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), Giovanna Machado, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Augusto Gadelha e do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Sérgio Lucena. Os quatro institutos são unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI). O bate papo faz parte do Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCNTI) evento organizado pelo ministério para a popularização da ciência no país.
Em comum os quatro diretores concordaram que não se pode falar em desenvolvimento de um país sem que haja um investimento real em ciência e tecnologia. Para o diretor do CBPF, Ronald Shellard a avaliação de quanto um país deve investir no setor precisa levar em conta o tamanho do país, o tamanho da economia do país e principalmente quanto o país está investindo em ciência e tecnologia. “Este é o ponto fundamental. Se um país não investe parte expressiva do PIB em ciência e tecnologia está fadado a ficar para trás no grupo das nações mais desenvolvidos”, avaliou. Como comparativo Gadelha citou o caso da Coréia do Sul. Segundo ele enquanto o país asiático investe anualmente algo próximo de 4% de seu PIB em C&T o Brasil investe pouco menos de 1%.
O diretor do CBPF lembrou ainda de um evento no qual todos os diretores de vinculadas estiveram reunidos com o ministro do MCTI Marcos Pontes em um Programa de Planejamento Estratégico para os Institutos de Pesquisa. Na ocasião Shellard se recorda que perguntou ao ministro se eles, os diretores das vinculadas poderiam pensar grande. “O ministro nos respondeu que sim. E queremos pensar grande na expansão dos institutos do país. Somos elementos fundamentais para a reconstrução da economia do país. E confiamos em nosso ministro para, com todo tato que ele tem, conseguir convencer o presidente da República para apoiar esta causa”, afirmou.
Shellard explicou que na ciência básica quando você está buscando novos conhecimentos para entender a estrutura da matéria por exemplo, o pesquisador não encontra os equipamentos que precisa em um supermercado. Segundo ele é preciso inventar ferramentas novas. “Uma aceleradora de partículas como a Sirius é um tipo de tecnologia que não existia antigamente. E essa é uma das razões fundamentais pelas quais os países mais desenvolvidos investem nestas áreas. Porque eles sabem que essas novas tecnologias vão trazer retornos científicos e financeiros para o país”, exemplificou.
Unidades de Pesquisa
Outro ponto debatido na conversa foi com relação ao papel das Unidades de Pesquisa. Para a diretora do CETENE, Giovanna Machado existe um equívoco tanto do governo quanto da sociedade em geral com relação a função destes Institutos de Pesquisa. “Muitas vezes nos são cobradas demandas de inovações tecnológicas que não cabem a nós. É muito importante esclarecermos isso”, destacou.
Em sua participação Giovanna ressaltou também que não existe pesquisa aplicada sem antes o estudo da pesquisa básica, que é fundamental. A diretora do CETENE explicou que a pesquisa básica cabe aos institutos. “Nossas pesquisas servem para o desenvolvimento de tecnologias e também para apoiar as pesquisas nas universidades. Cabe a nós sermos os catalisadores, os aceleradores do desenvolvimento de tecnologia para o país”, afirmou.
Para Giovanna, todos os diretores precisam entender melhor a importância que os institutos têm e a visibilidade que precisam ter. “Não basta sermos importantes, queremos ser prioritários para o nosso país. E para isso é preciso credibilidade, é preciso que a sociedade entenda a importância do nosso papel para o desenvolvimento de novas tecnologias que possam beneficiar a todos”, avaliou.
Para o diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Augusto Gadelha, todas as unidades de pesquisa do MCTI são fundamentais para que a ciência brasileira tenha uma presença internacional porque segundo ele, elas tratam de problemas não só importantes para a ciência como um todo, mas também problemas específicos do Brasil como por exemplo a preservação da mata Atlântica e de seus biomas. “O país precisa desenvolver e dar mais suporte às suas unidades de pesquisa”, avaliou.
Gadelha citou como exemplo o Barcelona SuperComputer Center (BSC) que está para a Espanha como o LNCC está para o Brasil. O BSC é considerado um dos maiores centros de supercomputadores da Europa e foi criado em 2004. “Nós estamos completando 40 anos em 2020 Hoje o BSC possui um orçamento anual de mais de R$200 milhões. No Brasil temos um orçamento menor do que R$16 milhões”, comparou.
Desafios
Além da necessidade de mais recursos os diretores também apontaram o que mais precisa ser feito para que as unidades de pesquisa possam contribuir ainda mais com o governo e com a sociedade. Para o diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica, Sérgio Lucena um grande desafio para os institutos é a atuação em redes. “A questão de restauração da Mata Atlântica estamos com um projeto junto ao MCTI chamado Regenera Brasil. Mas existem diversas iniciativas de restauração da do bioma espalhadas pelo país”. Segundo Lucena os pesquisadores do INMA não sabem de fato como essas metodologias estão sendo aplicadas e nem a eficiência dessas metodologias. “Precisamos atuar em redes para conectar e coletar essas informações e contribuir para esses trabalhos de preservação, além de disponibilizar esse material aos gestores públicos que são os responsáveis pela tomada de decisões”, afirmou.
Veja como foi o bate papo: