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MÊS NACIONAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÕES
“Em astronomia, mesmo os investimentos que parecem mais sentido, um dia vão voltar para a sociedade”, afirma diretor do LNA
Na programação dedicada ao Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), nesta segunda-feira (12), o diretor da entidade, Wagner Corradi, concedeu entrevista ao Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações. Disponível no canal do ministério no YouTube: youtube.com/ascommcti, a programação da entidade trouxe também palestras e oficinas durante todo o dia.
Corradi explicou como o primeiro laboratório nacional do Brasil, criado em 1985, atua no gerenciamento de equipamentos de alto nível para a comunidade científica e como funciona a escolha dos projetos de pesquisa que utilizam essa infraestrutura. O LNA opera o Observatório do Pico dos Dias, no Sul de Minas Gerias.
“A ideia do laboratório nacional é fornecer a infraestrutura de observação para o país. Se isso fosse feito separadamente, seria muito caro. Nós usamos o sistema de tempo e revisão por pares. Se alguém quer usar o que é fornecido pelo LNA, os telescópios que ele gerencia, a ciência que ele vai fazer é uma ciência que vai produzir resultado. Você submete o seu pedido para o julgamento das pessoas que conhecem os instrumentos e conhecem a astronomia”.
A instituição também gerencia a participação brasileira em observatórios internacionais, como o Gemini e o Soar, e ao longo do tempo também desenvolveu expertise para criar os próprios equipamentos, adaptados às necessidades de pesquisa.
“Hoje a gente é demandado pelo mundo inteiro. Nós desenvolvemos uma capacidade de construir espectrógrafos astronômicos, polarímetros, polimento de fibra ótica que ninguém tem no mundo. Pra desenvolver isso, 20 anos atrás tivemos que tomar uma decisão. A gente fazia inicialmente os instrumentos, mas coisas pequenas, mais caseiras. Algumas foram inovadoras. Tem instrumentos que que gente fez que ninguém nunca tinham feito antes”.
Corradi também defendeu os investimentos em astronomia, que estão presentes desde a ciência básica até a tecnologia de ponta. Entre os produtos e soluções possíveis graças a esses estudos estão os alimentos feitos em pó, como leite e achocolatados, a tomografia, sensores que detectam câncer, além da internet das coisas.
“As pessoas perguntam, porque colocar dinheiro em Astronomia? É daqui que a gente faz a ciência básica e a tecnologia. Mesmo as coisas que parecem mais sentido pra você, um dia vão voltar. Nem tudo volta, mas quando volta agrega demais. A gente vai ficando cada vez melhor e conseguindo devolver aquilo que é investido em Astronomia, com ganho nessa área e na tecnologia e inovação”.
Palestras
A programação do LNA durante a tarde também contou com o Painel “Astronomia, despertando a inovação”, com o pesquisador Bruno Castilho, em que relacionou como a astronomia está ligada, desde o início da humanidade, com a observação do céu, a novas tecnologias presentes hoje no nosso dia a dia.
“Se você tira fotos com seu celular, você está usando um equipamento que foi usado pela primeira vez em astronomia”, afirma. “A transmissão de internet sem fio tem seu primeiro desenvolvimento na Austrália com o pessoal de radioastronomia que precisavam transmitir as ondas de rádio com mais fidelidade. Essa técnica foi refinada e permitiu o uso das antenas até o nosso roteador caseiro. Como esses exemplos há dezenas de outros”, completou
Também foi promovido o pré-lançamento do mini portal “LNA já é de casa”, com atividades online para todas as idades, que estará disponível no dia 23 de outubro, e uma roda de conversa entre pesquisadores sobre formação e sucesso na carreira.
O dia do LNA foi concluído com a palestra “Astrofísica, as novas fronteiras de conhecimento para o Brasil do século XXI”, com o pesquisador Alan Alves Brito sobre os principais desafios da Astrofísica moderna. O objetivo do painel foi mostrar como pesquisar e entender o universo e sua composição nos ajuda a responder questões fundamentais como de onde viemos, para onde viemos e na construção da ciência.
“A Astrofísica traz para nós as grandes perguntas. Quando a gente pensa sobre a constituição do universo, 95% do universo a gente não sabe o que é, ele está divido entre componentes como matéria escura, energia escura e 5% de matéria luminosa. Essa constituição do universo é o grande enigma da astrofísica moderna”.