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RedeVírus MCTI investe em kit sorológico para detecção do coronavírus
Com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) no âmbito da RedeVírus MCTI, o Centro Tecnológico de Vacinas (CT Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) concluiu no final de agosto um lote piloto do kit sorológico IgG para Covid-19, teste para detecção do coronavírus. O teste é baseado no método “Elisa” - sigla, em inglês, para ensaio de imunoabsorção enzimática -, que se destaca por ser mais sensível do que os exames rápidos, o que evita falsos negativos. Após a submissão do protótipo a testes e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto deverá ser produzido em larga escala, e serão estudadas parcerias com órgãos de distribuição não comerciais.
Com aporte inicial de cerca de R$10 milhões do MCTI o projeto tem o objetivo de ampliar a capacidade de diagnóstico do coronavírus no país. “Esses testes são muito úteis no diagnóstico de pacientes com sintomas em diferentes condições e momentos da infecção do coronavírus. Também servem para mapeamento epidemiológico da exposição ao vírus no Brasil especialmente em localidades de difícil acesso e com alta sensibilidade e especificidade”, avaliou a coordenadora da pesquisa e professora da UFMG, Ana Paula Salles.
Os pesquisadores produziram, de forma recombinante, uma proteína do vírus Sars-CoV-2 em bactérias, que é colocada durante o teste em uma placa de plástico. Em seguida, o sangue do indivíduo analisado é inserido no mesmo ambiente. Se houver anticorpos, esse sangue se liga à proteína. Então, um segundo anticorpo é usado para reconhecer a presença de anticorpos ligados às proteínas de Sars-CoV-2 produzidas em bactérias.
“Acreditamos muito no potencial da ciência nacional. Por meio da RedeVírus MCTI, nós temos o compromisso de buscar soluções para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, como o desenvolvimento nacional de diagnósticos e insumos para a detecção do coronavírus, pois isso significa a garantia de que toda a população brasileira terá acesso aos testes assim que a solução for disponibilizada” ressaltou o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do MCTI, Marcelo Morales.
O kit, que além do aporte financeiro principal do MCTI tem também financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-V) foi integralmente desenvolvido pelo CT Vacinas. Após os primeiros resultados positivos obtidos na UFMG, o material foi validado por outros laboratórios brasileiros, que procederam a análises independentes e emitiram laudos comprovando a boa performance.
A última etapa do processo foi o envio dos componentes para Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, para a produção dos primeiros lotes de teste. Agora, com protótipos do kit prontos, serão realizados experimentos fora do ambiente do laboratório da Fiocruz e serão enviadas amostras para a Anvisa. Após a aprovação da agência reguladora, prevista para setembro, a Bio-Manguinhos iniciará a produção em larga escala e estabelecerá contato com órgãos de distribuição sem fins comerciais, para que o produto possa chegar à população brasileira.
“Mais do que o recurso, o posicionamento estratégico do MCTI organizando toda a rede de cientistas para a pesquisa e o desenvolvimento, agregando neste projeto várias instituições e mais do que isso, tirando esses insumos, protótipos dos testes de diagnósticos das bancadas dos laboratórios e fazendo com que eles passem por um processo de escalonamento para ampliar a testagem da população é estratégico e uma visão fantástica de toda a equipe MCTI”, parabenizou a coordenadora do projeto, Ana Paula Salles.
*Com informações da Assessoria de Comunicação da UFMG