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Projeto apoiado pelo MCTI encontra potencial terapêutico contra o HIV em plantas brasileiras
O projeto intitulado “Identificação e caracterização de compostos extraídos da família de plantas Euphorbiaceae utilizados na cura funcional de HIV” foi capaz de identificar compostos oriundos de plantas brasileiras que possuem atividades contra o vírus HIV. O projeto foi coordenado pelo pesquisador Amilcar Tanuri da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Os resultados do projeto apoiado pelo MCTI via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq demonstraram que extratos naturais de plantas brasileiras da família Euphorbiaceae podem inibir a transmissão e replicação de HIV. Compostos extraídos destas plantas também possuem a capacidade de ativar a transcrição viral e retirar o HIV da latência, que combinado com a terapia antirretroviral convencional, poderia ser utilizado na cura funcional.
“A cura do HIV/AIDS ainda não é possível devido ao estabelecimento da latência viral, além do aumento recorrente das taxas de transmissão em alguns países, mas o tratamento antirretroviral intensivo (HAART) atual aumentou o prognóstico dos pacientes infectados com HIV, melhorando sua qualidade de vida e aumentando sua expectativa de vida, colocando o programa brasileiro como referência para outros países.
Reconhecendo o potencial da diversidade biológica do País para a área da saúde, o MCTI entende ser prioridade o fomento a projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação que propiciem o desenvolvimento de novos medicamentos a partir de nossa biodiversidade”, ressalta Marcelo Morales, Secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI.”
Durante a fase aguda do HIV os vírus podem infectar células linfócitos T CD4+ estabelecendo a latência viral. Estas células não são alvo do tratamento antiviral disponível, visto que os fármacos utilizados atuam apenas nos vírus que estão em estágios ativos de replicação. Desta forma, diversos grupos têm focado seus estudos em mecanismos capazes de reativar vírus latentes, que combinado com a terapia antirretroviral disponível, poderia levar a erradicação do vírus nos pacientes, caracterizando a cura funcional.
Nesse projeto apoiado pelo ministério foram isolados dois compostos de plantas brasileiras (Euphorbia tirucalis e Jatropha curcas) que demonstraram atividade antiviral impedindo a internalização das partículas virais nas células alvo, além da reativação de vírus latentes promovendo a cura funcional. Esses compostos foram isolados, purificados e modificados quimicamente para um ótimo rendimento e produção em escala farmacêutica.
Além disso, os efeitos citotóxicos foram avaliados em diversos modelos in vitro e in vivo, demonstrando eficácia e segurança sendo que, um dos compostos isolados, foi patenteado e testado em modelos animais de infeção pelo HIV, incluindo macacos Rhesus, com resultados promissores que podem contribuir para o desenvolvimento da cura funcional do HIV.
A chamada pública que apoiou o projeto foi uma iniciativa da Coordenação Geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias da Secretaria do MCTI.