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Rede Clima lança série de publicações que destacam contribuições científicas sobre a compreensão das mudanças climáticas no Brasil
A Rede Clima, Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Ambientais Globais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), iniciou a publicação de 15 livretos que compilam aspectos históricos e principais resultados de estudos elaborados pelos pesquisadores brasileiros sobre mudanças climáticas no Brasil. A série celebra os 15 anos da Rede Clima e aborda os temas tratados pelas sub-redes. As primeiras três publicações abordam biodiversidade e ecossistemas, cidades e urbanização, e impactos socioeconômicos.
A Rede Clima é um dos instrumentos da Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC) e foi criada com o objetivo de prover evidências científicas sobre mudanças climáticas. Atualmente, reúne mais de cem pesquisadores organizados em sub-redes .
“Concebida para gerar pesquisas em múltiplas áreas, a Rede Clima alavancou a produção científica e deu visibilidade a um problema, as mudanças climáticas, sobre o qual a percepção dos tomadores de decisão ainda era incipiente”, analisa o diretor para Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, sobre as contribuições da rede considerando a perspectiva histórica.
Para o coordenador científico da Rede Clima, Moacyr Araújo, a série chega “em uma excelente hora”. “Trata-se de um conjunto de sínteses sobre as atividades desenvolvidas e, sobretudo, sobre as perspectivas para o enfrentamento e convivência com a aceleração das mudanças do clima e suas consequências sobre os diferentes biomas brasileiros e sobre a vida da população brasileira”, afirma.
O primeiro volume da série, que aborda Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Ecossistemas, recupera o contexto histórico das pesquisas da área e as principais contribuições da sub-rede. Um dos aspectos históricos relata que, até a primeira década dos anos 2000, apesar das previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) de que a biodiversidade do Brasil sofreria com os impactos das mudanças climáticas, os estudos sobre esses impactos eram praticamente inexistentes.
Com a constituição da rede de pesquisadores, houve a possibilidade de produzir conhecimentos científicos e da adoção de modelos de nicho ecológico, um tipo de modelagem que correlaciona os registros de ocorrência das espécies com variáveis ambientais, tipicamente climáticas. Além de descrever os nichos das espécies, o modelo permite prever a distribuição no espaço geográfico, incluindo cenários futuros de mudanças climáticas e prevento redução e extinção de espécies.
De acordo com a coordenadora da sub-rede biodiversidade e ecossistemas da Rede Clima e professora do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mariana Vale, uma metanálise sobre o volume de publicações científicas sobre os biomas Cerrado e Mata Atlântica coloca-os entre os mais bem estudados no mundo em termos dos riscos à biodiversidade associados às mudanças climática s. “A sub-rede produziu uma base sólida de conhecimento sobre os impactos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade brasileira. Também identificou lacunas de conhecimento que ainda permanecem, sobretudo para a biodiversidade em ambientes marinhos e de água doce”, analisou a professora.
Os pesquisadores desta sub-rede contabilizam cerca de 145 artigos científicos, 12 capítulos de livros e três livros além das contribuições com o Sexto Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas do IPCC.
Próximos desafios - A professora Mariana salienta ainda que recentemente a sub-rede tem se dedicado sobre estudos a respeito do potencial das soluções baseadas na natureza para aumentar a resiliência da população brasileira mais vulnerável às mudanças climáticas. Para a pesquisadora, entre os desafios para os próximos anos está a produção de conhecimento relevante envolvendo bioeconomia para agregar valor à biodiversidade e aos ecossistemas brasileiros, “como uma ferramenta para um modelo de desenvolvimento que seja de fato sustentável e climaticamente resiliente”, explica a pesquisadora.
As publicações digitais estão disponíveis no sítio eletrônico da Rede Clima e no perfil oficial na rede social.