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Oficina avalia aprimorar informações e indicadores de risco de desastres geo-hidrológicos
Foto: Mariana Paz
Representantes das principais instituições que trabalham com monitoramento, prevenção e gestão de desastres estão reunidos, em Brasília (DF), para a oficina técnica do setor estratégico de desastres geo-hidrológicos da plataforma AdaptaBrasil. O objetivo é revisar e prospectar dados, indicadores e metodologias para o setor de forma colaborativa com especialistas no tema. A oficina é organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da equipe da plataforma AdaptaBrasil.
O coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Márcio Rojas, destacou que os desastres passaram a ser manchete diária nos jornais em todo o mundo. Nesta semana, estão em evidência as enchentes na Espanha, por exemplo. Segundo ele, a situação reforça a importância de lidar com os desafios da mudança do clima com maior velocidade. “Precisamos investir na gestão de risco. Esse é nosso objetivo com o AdaptaBrasil: disponibilizar informações relevantes, que sejam de fato úteis, e que possam ser incorporadas à tomada de decisão. Pensamos essa oficina para verificar como podemos melhorar”, explicou.
O diretor do Inpe, Clezio de Nardin, afirmou que a plataforma a AdaptaBrasil é um dos programas que pode mudar a gestão pública do país, à medida que traduz as informações científicas em indicadores para setores estratégicos e disponíveis para os gestores. Ele destacou a relevância da iniciativa e do comprometimento do instituto em prover informações. “É um dos projetos que une o que temos de melhor da ciência para apoiar a tomada de decisão”, afirmou.
O primeiro painel abordou as políticas nacionais para o planejamento e gestão de risco de desastres. Responsáveis técnicos de diferentes pastas ministeriais apresentaram demandas, desafios e oportunidades de sinergia nas respectivas áreas.
O coordenador científico da plataforma AdaptaBrasil e pesquisador do Inpe, Jean Ometto, que moderou o debate, afirmou que alguns impactos da mudança do clima estão se concretizando antes do previso e que há um processo claro de intensificação de eventos extremos. “Toda metodologia precisa de dados, de validação e das informações. Estamos dialogando para criar sinergias e parcerias para continuar a desenvolver a plataforma para que seja cada vez mais útil para a sociedade e melhorar a representação dentro da plataforma”, afirmou.
A secretária adjunta da Secretaria de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República, Petula Nascimento, indicou que há diretriz do governo federal para o fortalecimento da defesa civil e para acompanhar crises emergentes. Ela destacou a necessidade de investimento nas ações de prevenção e de que plataformas, como o AdaptaBrasil, sejam cada vez mais estruturadas e que a informação chegue para os tomadores de decisão em todos os níveis de governo. “Precisamos que a ciência e a tecnologia sejam apropriadas pelos agentes locais”, sintetizou.
Para o diretor do Departamento de Políticas de Mitigação, Adaptação e Instrumentos de Implementação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Aloisio Melo, o planejamento para a adaptação também precisa considerar as probabilidades e as tendências climáticas que indicam a ocorrência de eventos extremos de modo mais frequente e intenso, e com probabilidade para áreas onde historicamente não ocorriam. “O risco histórico não basta mais”, sintetizou sobre a necessidade de adicionar a ‘camada’ do risco climático. “O desafio é como trazer um novo olhar sobre o que é risco”, complementou. Ele enfatizou ainda a necessidade de fortalecer capacidades institucionais sobre os instrumentos de gestão para serem incorporados para gerir o risco.
O diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Risco de Desastres (Cenad) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Armin Braun, enfatizou que o órgão também pode trabalhar com prevenção, defendeu a necessidade de fomentar a cultura da prevenção e a incorporação da gestão de risco nas diferentes políticas setoriais, além de ter o olhar para o município. “O olhar do AdaptaBrasil sobre o munícipio é o melhor que podemos ter. [O município] é o elo mais forte e temos que desenvolver a cultura da prevenção”, afirmou.
Nathan Oliveira representando a Secretaria Nacional de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Ministério das Cidades, destacou a conexão dos dados com a política nacional de desenvolvimento urbano, que engloba habitação, mobilidade, saneamento, planejamento urbano.
Participam da oficina representantes do Serviço Geológico Brasileiro, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Casa Civil, Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, das Cidades, da Integração e do Desenvolvimento Regional, Confederação Nacional dos Municípios (CNM), entre outras.
A realização da oficina conta com apoio do projeto de cooperação internacional ‘Quinta Comunicação Nacional e Relatório Bienais do Brasil à Convenção do Clima’ e do programa ProAdapta, da agência de cooperação alemã, GIZ.