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Diplomacia Científica: O que é e como pode impulsionar a agenda climática?
Crédito: Nohlan Hubertus/Divulgação Fapesc Fábio Wagner Pinto (Fapesc), Marcella Ohira (IAI), Osvaldo Moraes (MCTI) e Carlos Matsumoto (MCTI).
A diplomacia científica é uma ferramenta para levar a informação científica de forma efetiva para a sociedade e para os tomadores de decisão. Tem por objetivo colaborar para que as políticas públicas sejam elaboradas com base em evidências e para o alcance de compromissos assumidos pelas instituições. No âmbito da agenda de clima, é uma ferramenta que contribui para transformação social e promoção do desenvolvimento sustentável. O tema tem impulsionado a demanda por profissionais na aproximação entre ciência e políticas públicas.
Na avaliação do chefe da assessoria internacional do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Matsumoto, a pasta tem buscado, por meio da diplomacia científica, fortalecer os processos de cooperação e desenvolvimento do Brasil com países e organismos internacionais. É um mecanismo que facilita o processo de desenvolvimento científico e tecnológico, buscando o melhor assessoramento científico para decisões de política externa e utilizando as redes científicas para fortalecer processos de governança global. “Esse trabalho de ter equipes qualificadas é fundamental para ligar as demandas políticas ao processo da ciência”, explica.
Para a diretora executiva adjunta do Instituto Interamericano para Pesquisa de Mudanças Globais (IAI), Marcella Ohira, o objetivo do programa e do instituto é capacitar diferentes profissionais, como cientistas, tomadores de decisão, oficiais de governo de diferentes níveis, setores e esferas, para usar a melhor ciência disponível por meio de cooperação internacional. Ohira aponta que uma das dificuldades existente envolve a comunicação entre as comunidades científica e de tomadores de decisão. Os cientistas têm uma linguagem e tempo próprios do desenvolvimento de projetos e para gerar conhecimento. Por sua vez, os grupos tomadores têm outra maneira de desenhar e implementar políticas públicas. “Há necessidade de formar profissionais que vão facilitar esse diálogo. Um papel fundamental dos assessores científicos é sintetizar, avaliar, buscar o que sabemos e o que não sabemos e como desenvolver políticas públicas baseadas em evidências”, sintetiza.
Aplicação na agenda climática - Para o coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Márcio Rojas, a agenda climática precisa de muito subsídio científico para lidar com os desafios postos. Nesse sentido, considera muito relevante a iniciativa da Fapesc. “Por ser uma mudança ambiental global, a diplomacia e o regime internacional são fundamentais para vencer esses desafios”, disse.
Servidores do MCTI foram treinados ao longo de dois anos em diplomacia científica pelo IAI. De acordo o especialista em transparência climática do MCTI, Ricardo Araujo, os resultados foram muito relevantes, especialmente em relação à implementação de aspectos da Convenção do Clima da ONU no Brasil. “É uma agenda que conta com a sobreposição entre a diplomacia, a política pública e a ciência. Termos servidores públicos treinados para trabalhar nessa interface contribuiu muito para nossa atuação, para a melhora da qualidade e da eficiência nas nossas atribuições”, afirmou.
Araujo vê com entusiasmo o programa lançado pela Fapesc no seu programa de trazer jovens pesquisadores possam se preparar nessa área. “É de grande relevância trazer para o tomador de decisão informações baseadas em ciência e assim ajudar os governos subnacionais, mas também o governo federal no enfrentamento da agenda das mudanças ambientais globais que inclui a mudança do clima”, explica.
Edital da Fapesc - A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc) recebe até 28 de outubro propostas para participar do programa de treinamento em Ciência, Tecnologia e Política (STeP, na sigla em inglês). São oferecidas cinco bolsas no valor mensal de R$15,7 mil cada, com duração de até 24 meses e carga horária semanal de 30 horas. Entre os requisitos para participar está a conclusão do doutorado entre um e dez anos antes da inscrição. (veja detalhes abaixo).
“O programa será um catalisador de transformação, formando uma nova geração de líderes capazes de conectar a ciência com a ação política, impulsionando soluções inovadoras para os desafios contemporâneos”, afirma o presidente da Fapesc, Fábio Wagner Pinto.
Os editais financiados pela entidade catarinense são resultado de esforço conjunto com IAI e os Ministérios (MCTI), das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), além da Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina. A formação de assessores científicos envolve atividades virtuais e presenciais, mentorias em Santa Catarina e nas pastas ministeriais. O MCTI receberá um bolsista.
Como participar da seleção – Os interessados em participar da seleção devem apresentar proposta de Plano de Trabalho alinhada à linha estratégica de fomento ao desenvolvimento da bioeconomia em Santa Catarina, com aplicabilidade a outros estados do Brasil e correlacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além do título de doutorado, os requisitos envolvem certificação de fluência em inglês e nível intermediário em espanhol. Os participantes devem ser catarinenses ou residir no estado. Catarinenses residentes no exterior que atendam aos demais critérios podem submeter proposta. Há necessidade de disponibilidade para residir em Brasília durante a vigência da bolsa.
Consulte a íntegra do edital Fapesc, MCTI e IAI aqui. Contato para dúvidas pelo email programa.step@fapesc.sc.gov.br.
Os demais editais no âmbito do programa estão disponíveis no site da Fapesc.