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ESG MCOM 2023
Debate reforça o papel da inclusão digital como oportunidade para mudanças sociais
(Foto: Pablo Le Roy / MCom)
“Discutir a inclusão digital como uma oportunidade ESG é admitir que não há caminho para a sustentabilidade que não transpasse pela diminuição das vulnerabilidades sociais através de capacitações”, declarou Ludmylla Chagas, assessora Especial de Participação e Diversidade do Ministério das Comunicações (MCom), no quarto painel do I Encontro de Sustentabilidade do MCom e Vinculadas (ESG Mcom 2023). Realizado na manhã desta quarta (16), em Brasília, o debate teve como tema "A inclusão social como oportunidade ESG".
O integrante da Coalizão Direitos na Rede, José Vitor Pereira, apresentou dados da pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros (TIC Domicílios) para ilustrar a as diferenças de acesso entre classes sociais. Enquanto na classe A 100% dos domicílios possuem acesso à internet, nas classes D e E esse índice é de apenas 60%.
“É uma diferença social e racial. Não tem como a gente falar sobre inclusão social no Brasil se não pensarmos também em políticas direcionadas que considerem o aspecto racial”, avalia José Vitor Pereira. Ele explica que existem diversos estudos mostrando que as políticas sociais de governos progressistas conseguem melhorar indicadores de pobreza, mas ainda falta contemplar as diferenças raciais, que também estão presentes no acesso à internet.
Para acabar com essa exclusão social e racial, Pereira sugere fortalecer soluções locais que já são desenvolvidas pelo movimento negro e iniciativas de redes comunitárias, que inclusive favorecem políticas públicas permanentes. “Essas iniciativas já são um processo de inclusão digital, social e racial e elas se desenvolvem também em comunidades tradicionais, como quilombos. As políticas públicas e de ESG precisam fortalecer essas redes, que são perenes”, destaca José Vitor Pereira.
EXPERIÊNCIA – Em 2022, a cidade de Recife (PE) passou por um momento de evento climático extremo que causou a morte de uma centena de pessoas, com famílias que perderam casas e móveis. A prefeitura de Recife lançou um aplicativo para informar cidadãos sobre serviços públicos, incluindo defesa civil e eventos climáticos, como risco de chuvas e desabamentos. Porém quem mais precisa desses dados não consegue acessar o aplicativo.
“A população periférica recifense sequer tem acesso à internet de qualidade. A maioria tem acesso limitado a partir do celular, com franquia zero rating. Então houve uma tragédia em função desse processo de não se pensar a inclusão digital”, refletiu o membro da Coalizão. Ele relata que a própria comunidade desenvolveu uma rede para gerar um mecanismo de defesa de proteção de chuvas e que essa iniciativa carece de recursos e estrutura, que podem ser obtidas por projetos de ESG.
PANORAMA –
Cristiane Sanches, líder do conselho de administração da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) fez um breve panorama sobre a banda larga no Brasil nos últimos 10 anos, mostrando a evolução em número de acessos e velocidade.
“Atualmente são 20 mil operadoras com outorgas, com uma velocidade média de 415 Mbps. O que chama a atenção desse volume é o valor percentual das redes em fibra ótica. Hoje no Brasil temos mais de 72% das redes em fibra. Hoje no mundo se fala em torno de 30% na maior parte dos países”, ressaltou. Ela conta que esse modelo de fibra é importante não só pela capacidade de entrega como também pela sustentabilidade dessas redes.
CONECTIVIDADE SIGNIFICATIVA – “Acesso, segurança, conteúdo relevante, aptidão para uso desse conteúdo e preço acessível: todas essas camadas compõem o conceito de conectividade significativa. Do ponto de vista da ESG eu queria destacar o primeiro item: acesso. Nós aindaa temos no Brasil, apesar dos esforços dos 10 últimos anos, um universo longe de ser o ideal para as áreas rurais e para a populações clusterizadas [excluídas]”, explica a liderança da Abrint.
Na avaliação de Cristiane Sanches, além desse grande desafio do acesso ainda existem as barreiras como a do público não ter habilidades com internet ou não conseguir pagar um pacote de dados. “Nessa linha há a importância da rede comunitária, mencionada pelo José Vitor. Ela é exemplar no México, que tem uma característica muito particular que é a própria comunidade montar uma infraestrutura e gerenciá-la. Então, mesmo que eu tenha um fomento inicial a partir de um financiamento público, por exemplo, a principal questão das redes é conseguir a formação dessas comunidades”, resumiu.
O conteúdo relevante, que envolve tanto o idioma como também os assuntos de interesse de uma determinada comunidade, também foi tema do seminário. “Há uma discussão sobre o uso do inglês na internet que chega a violar as necessidades das pessoas que têm uma outra linguagem e outro interesse relacionado. Dentro do conceito social de ESG, essa é uma questão que precisa estar com um sinal de alerta para a gente pensar em inclusão digital”, destacou Cristiane Sanches.
Ao final do seminário, o diretor do Departamento de Projetos de Infraestrutura e Inclusão Digital do MCom, Rômulo Barbosa, reforçou: “Gostaria de fazer uma menção à absoluta prioridade que o ministro Juscelino Filho tem dado à inclusão digital e consequentemente à inclusão social”. Ele mencionou a inauguração da Infovia 01 e da continuidade do projeto Computadores para Inclusão, que também cumprem esse objetivo de levar conectividade para os locais em que esse serviço ainda não está disponível.
SOBRE O ESG - O I Encontro de Sustentabilidade ESG do MCom e entidades vinculadas vai até o dia 17 de agosto. O evento discute questões de sustentabilidade com o objetivo de estimular as ações de integridade nas áreas de meio ambiente, social e governança. A sigla vem do inglês Environmental, Social and Governance – isto é, Meio ambiente, Social e Governança – e diz respeito às práticas de sustentabilidade dentro das organizações nessas três esferas.
O aprofundamento nos critérios ESG é prioridade para a atual gestão do MCom, que reconhece que a Pasta têm um papel fundamental na promoção de políticas públicas relacionadas às Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC), gerando impactos significativos no meio ambiente e na sociedade.
Confira como foi o segundo dia de evento:
Texto: ASCOM | Ministério das Comunicações • mais informações: imprensa@mcom.gov.br | (61) 2027.5530