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MCom e MInfra lançam serviço Radiovias para expandir cobertura FM nas estradas brasileiras
“Nesta longa estrada da vida, vou correndo e não posso parar, na esperança de ser campeão, alcançando o primeiro lugar”. Com certeza você conhece esse trecho de uma das músicas mais famosas da dupla sertaneja Milionário e José Rico, Estrada da Vida.
E tal frase, melhor do que nenhuma outra, representa bem o dia a dia de um caminhoneiro no Brasil.
São horas e horas na estrada, sentado na boleia de um caminhão, longe da família e dos amigos, sem conforto, às vezes sem conseguir dormir bem, sofrendo com a falta de infraestrutura nos pontos de parada e, em grande parte do trajeto, sem qualquer acesso à Internet, Rádio ou TV, devido à falta de cobertura nos trechos. Ou seja, totalmente desconectados do mundo.
Tudo isso motivado pela necessidade de trabalhar para garantir o sustento e um futuro melhor para si mesmo, família, filhos. Sempre abdicando mão de muitas coisas para conquistar outras tantas. Povo guerreiro esse!
Um exemplo é o seu Gessé Martins Pontes, que tem 70 anos e trabalha como caminhoneiro mais da metade da vida, há quase 50 anos. Esse amazonense, nascido em Manaus, tem muita história para contar e conhece como poucos as dificuldades e a realidade da profissão.
“Comecei como caminhoneiro no início da década de 70. Sou amazonense, mas comecei em São Paulo. Carregava uma grande variedade de cargas e viajei por quase todo o Brasil. A gente fica muito tempo longe da família. Sou casado e tenho duas filhas. Sinto muita falta delas, mas preciso trabalhar para garantir o sustento”.
Seu Gessé também fala do que encontra pela frente todos os dias e lamenta a falta de acesso à informação, já que boa parte das rodovias federais não possui cobertura de emissoras de rádio ou conexão à Internet .
“As dificuldades são muitas. Na maior parte das estradas não têm rádio ou Internet, então fica difícil falar com a família e matar a saudade, saber como está em casa. Também não consigo me informar sobre como está o trânsito, o tempo, os perigos que vou encontrar mais a frente”, relata.
Ele finaliza destacando o quanto o acesso à informação ao longo dos trechos por meio de rádios FM poderia facilitar sua vida e também a dos colegas de profissão. “A gente perde muito tempo nas estradas com acidente, obra que a gente não espera, temporal que a gente não previa. Tudo isso atrasa o transporte. Uma rádio como essa pode adiantar e muito a nossa vida. É informação preciosa para quem é caminhoneiro, né?!”, afirma.
Rádio nas rodovias federais
Com certeza não é uma vida fácil e, pensando em melhorar a situação do Seu Gessé e de todos esses trabalhadores, que são fundamentais para o fluxo e a economia do país, o Ministério das Comunicações, em parceria com o Ministério da Infraestrutura, estão lançando o serviço Radiovias. Essa é uma demanda antiga das próprias concessionárias que administram as estradas, pois sabem a importância que teria para quem trafega nas rodovias federais a oferta de mais emissoras FM cobrindo os trechos.
Foi publicada nesta quinta-feira (6), durante a Semana Nacional das Comunicações, a portaria que institui o serviço Radiovias buscando expandir o setor de radiodifusão pelas rodovias federais.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, destaca a importância que esse serviço trará para motoristas e caminhoneiros de todo o país. "Esse é mais um dos programas do MCom que demonstra um olhar atento do governo federal com todos os brasileiros. Vamos viabilizar o acesso à informação a uma das categorias mais fundamentais da economia do nosso país, a dos caminhoneiros, e garantir segurança, mais eficiência e melhores condições para todos que trafegam nas nossas rodovias”.
Quem também ressalta a relevância do Radiovias é o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. "O Serviço de Radiovias é exemplo de integração e harmonização de política pública de Comunicação e de infraestrutura de transportes, que visa alcançar resultados mais efetivos à sociedade em um breve espaço de tempo. Resultado da união de esforço para trazer mais segurança aos usuários das rodovias federais”.
O secretário de radiodifusão do MCom, Maximiliano Martinhão, também comentou o novo serviço. “O Brasil tem 75 mil quilômetros de rodovias federais. Em boa parte delas, motoristas e caminhoneiros não têm acesso à informação. Não sabem, por exemplo, onde parar para dormir, comer, onde abastecer, serviço médico, mecânico ou mesmo como está a estrada, seja por acidentes ou questões climáticas. Com o Radiovias teremos uma estação FM focada em fornecer essas informações e facilitar a vida dos motoristas”.
Projeto piloto
A primeira rádio desse tipo que recebeu outorga do Ministério das Comunicações para funcionar foi a CCR FM, da CCR NovaDutra, que foi autorizada para fins científicos ou experimentais. É a 107.5 FM, a emissora que só fala da estrada, para quem anda nela! Gostou do slogan?
Ela foi autorizada em 2008, mas começou a operar em 2013, cobrindo a Via Dutra, rodovia que liga São Paulo e Rio de Janeiro.
São 24 horas no ar informando os motoristas sobre o trânsito, direção defensiva, prestação de serviços, obras e interferências no tráfego, condições meteorológicas, campanhas nacionais de saúde, dicas de passeios e muito mais.
A Via Dutra tem um total de 402 quilômetros de extensão, mas a rodovia BR-116, por onde ela passa, atravessa 10 estados brasileiros e é a principal ligação entre as regiões Sul e Nordeste.
“É uma demanda antiga do setor rodoviário brasileiro. O projeto piloto na Via Dutra se mostrou muito eficiente. Em levantamento feito pela concessionária que administra a rodovia foi identificada a redução de acidentes graves em mais de 30% devido à existência de uma emissora FM passando informações aos motoristas sobre as condições da estrada”, destacou o secretário Maximiliano Martinhão.
Siga bem e informado, caminhoneiro!
Com o objetivo de melhorar a vida desses personagens tão importantes para o dia a dia do país e ofertar mais informação e conteúdo durante as longas viagens, o Ministério das Comunicações e o Ministério da Infraestrutura querem transformar o conceito implementado pela CCR FM e expandir o serviço para outras estradas do país.
Atualmente, o Brasil conta com uma malha rodoviária federal de 75.553 mil quilômetros, sendo 65.528 mil pavimentadas e 10.025 mil não pavimentadas.
De acordo com o MInfra, são 22 concessões em 10.355 mil quilômetros de rodovias federais, o que corresponde a 13,7% da malha.
MCom e Anatel irão escolher os canais da faixa FM, além de estudar o que é viável no projeto, trecho a trecho. A longo prazo, a ideia é ter apenas um canal na faixa estendida (composta pelos canais entre 76,1 MHz a 87,5 MHz) cobrindo todas as rodovias federais que ofertem o serviço.
“O Radiovias é uma parceria entre o Ministério das Comunicações e o Ministério da Infraestrutura. O planejamento para implantação buscará identificar as prioridades. O MInfra fará as solicitações e nós liberaremos as outorgas”, conclui o secretário Martinhão.
Para possibilitar que o sinal siga o trajeto da rodovia e não escape para os arredores, as concessionárias terão que utilizar antenas de transmissão guiada restritas à rodovia.
Para o custeio da rádio serão aceitas apenas publicidades institucionais. Qualquer estabelecimento poderá anunciar, estando ou não no raio de cobertura da emissora. Neste caso, considera-se como publicidade institucional a citação da entidade apoiadora e de sua ação institucional, sem qualquer tratamento publicitário.
Dentre os benefícios aos caminhoneiros e motoristas com a implantação do Radiovias podemos destacar temas como mais informação, segurança, conscientização para uma direção mais defensiva e com menos riscos de acidentes, divulgação de serviços públicos como campanhas nacionais de saúde, além de dicas de passeios, restaurantes, hospedagem.
São muitos os temas que poderão ser explorados e desenvolvidos com a aplicação desse novo conceito, que tem tudo para se tornar um serviço essencial para quem trafega diariamente pelas rodovias do país.
No que depender do MCom e do MInfra, o Seu Gessé e os caminhoneiros do Brasil não estarão mais sozinhos ou desinformados nesta longa estrada da vida!
Texto: Ascom/Ministério das Comunicações
Arte: Ascom/Ministério das Comunicações