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Digitalização da TV brasileira abre as portas para as novas tecnologias de radiodifusão
A primeira transição tecnológica de televisões no Brasil ocorreu há quase 51 anos, na década de 1970. Cerca de 20 anos depois da chegada da primeira televisão no país – cuja transmissão era em preto e branco – foi inaugurada, em 1972, a televisão colorida.
O país está no segundo episódio dessa migração de tecnologias de radiodifusão, que é a transição do sinal analógico para o digital. “A nossa experiência de digitalização da televisão já é um caso de sucesso internacional. A primeira fase da digitalização focou nas regiões metropolitanas. A segunda fase avança para o interior do país. A meta agora é encerrar as transmissões analógicas”, destaca o ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Atualmente, o sinal digital está em mais de 2 mil cidades, atendendo a 156 milhões de pessoas, o que representa cerca de 75% da população. Ainda há, no entanto, 25% dos lares recebendo sinal analógico.
Para acelerar esse processo de mudança das tecnologias, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, assinou portaria nesta terça-feira (4), na qual lançou o Programa Digitaliza Brasil.
Encerrando o analógico
Esse programa tem como meta concluir a transição do analógico para o digital até dezembro de 2023, o que significa que o sinal antigo estará desligado a partir de 2024. Com a transição, será possível atender cerca de 1,7 mil municípios, beneficiando 24 milhões de brasileiros.
“Nesse programa, as famílias brasileiras que são credenciadas nos programas sociais do governo e que possuem televisão analógica em casa poderão se habilitar para receber kits que fazem a conversão do analógico para o digital”, destaca o secretário de Radiodifusão do MCom, Maximiliano Martinhão.
O Programa também vai facilitar a conclusão da digitalização das cidades que hoje contam com algumas emissoras digitais e outras ainda em tecnologia analógica.
Em dia com as novas tecnologias de radiodifusão
Dentre as vantagens de concluir essa transição tecnológica está a possibilidade de atualizar as televisões brasileiras com as tecnologias mais avançadas do setor de radiodifusão.
São tecnologias que melhoram a qualidade do som, da imagem e permitem maior interação entre o conteúdo disponível na internet e aquele transmitido pelas emissoras de televisão.
“O padrão de TV digital no Brasil possui três pilares: o primeiro é a alta definição, o segundo é a interatividade e o terceiro é a mobilidade, que é a possibilidade de recepção móvel do sinal de televisão”, observa Martinhão.
Ainda de acordo com o secretário, o Programa Digitaliza Brasil abre caminhos para que ocorra a evolução do modelo atual de televisão digital. A próxima fase é a TV 2.5. “Hoje a população já se acostumou com a qualidade da televisão em alta definição, comparando com a imagem e som que tínhamos até pouco tempo atrás, percebe-se que a diferença é significativa. Agora vamos passar para a interatividade”, pontua Martinhão.
Essa interatividade é possível a partir da implementação de uma tecnologia desenvolvida no Brasil: a plataforma DTV Play, que também é conhecida pela nomenclatura técnica de Ginga D.
Com essa tecnologia, o usuário tem acesso a mais diversidade na programação, possibilita que as emissoras de televisão criem conteúdo personalizado para o usuário, trazendo o que está disponível na internet para a televisão.
“Com o ambiente DTV Play, os aparelhos de televisão vão fornecer aos telespectadores um complemento à experiência com a internet. É uma interação inovadora e lança uma nova era, pois teremos conteúdo transmitido pelo ar e interatividade para o usuário”, avalia Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
TV interativa não será mais cara
Por ser instalada na própria televisão digital, a chegada da TV 2.5 com DTV Play nas casas brasileiras é feita gradualmente pelos usuários na medida em que vão trocando seus aparelhos eletrônicos. De acordo com Maximiliano Martinhão, as televisões que serão produzidas neste ano com a tecnologia DTV Play não ficarão mais caras para os consumidores.
“A política industrial brasileira de áudio e vídeo prevê benefícios fiscais e, em contrapartida, foram feitos ajustes para que não haja aumento no valor do televisor para o usuário em função da inclusão da DTV Play. Os benefícios fiscais equilibram o custo adicional para a instalação dessa tecnologia nas televisões produzidas no país”, afirma Martinhão.
Além da plataforma DTV Play, a televisão digital brasileira permite que outras novas tecnologias sejam instaladas, sempre com o intuito de aperfeiçoar o sinal de áudio e vídeo.
É o caso do “áudio imersivo” – que é o nome de mercado do suporte de TV digital para os novos padrões de áudio MPEG-H, E-AC-3 JOC e AC-4). Com essa tecnologia, aquele som mais realista de cinema se torna acessível em casa por meio de um único aparelho.
Há ainda uma terceira tecnologia compatível com a TV digital e que traz benefícios para o usuário. Mais voltada para evoluir a qualidade da imagem recebida na televisão, a tecnologia conhecida por HDR é um suporte disponível para TV digital que traz os padrões técnicos SL-HDR1 e HLG 8-bit. Com esse suporte, há maior contraste entre imagens claras e escuras, além de uma melhor definição dessas imagens.
Todas essas tecnologias já foram aprovadas pelos órgãos técnicos e estão disponíveis para os consumidores brasileiros. Essa evolução tecnológica destaca que o Brasil não fica para trás quando o assunto é modernizar a televisão: “A TV analógica dos anos 1950 não tinha cor, não tinha som estéreo, nem legenda ou áudio-descrição. São várias evoluções pelas quais a televisão vem passando. Os aparelhos vão ficando obsoletos e são trocados por um mais atualizado naturalmente”, observa Luiz Fausto, coordenador do Módulo Técnico do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD).
O Fórum foi criado a partir da chegada da televisão digital no Brasil e é um dos principais parceiros do MCom na missão de oferecer para a população as mais atualizadas tecnologias de TV.
Paixão nacional
De 1950 para cá, a televisão predomina como um dos meios mais populares de acesso à informação para grande parte da população. Para se ter uma ideia da paixão brasileira pela telinha, o tempo médio de TV consumido no país em 2019 foi de 6h17, de acordo com o mais recente estudo Inside TV, da Kantar IBOPE Media, divulgado em março de 2020.
Comparada ao restante do mundo, a diferença no consumo da televisão no Brasil fica mais surpreendente: nos outros países a média diária é de 2h55, revelando que os brasileiros passam mais do que o dobro desse tempo assistindo TV.
Esse hábito tão disseminado reforça a necessidade de possibilitar à população o acesso aos mais modernos suportes de televisão, uma vez que a evolução tecnológica é infindável e desafia a imaginação mais científica.
Atentos ao futuro
“Hoje o nosso maior desafio é desligar o padrão analógico. Mas ao mesmo tempo, estamos estudando a próxima evolução, porque essa é a dinâmica da inovação tecnológica, não precisamos aguardar a conclusão de uma etapa para começar a discussão da próxima”, pontua Roberto Colletti, coordenador de Inovação da Secretaria de Radiodifusão do MCom.
Enquanto se conclui o processo de transição da televisão analógica para a digital em todo o Brasil, o MCom já está analisando as possibilidades de trazer a terceira geração, que é a TV 3.0.
Disponível em alguns países de primeiro mundo, como Estados Unidos e Japão, a mais recente inovação tecnológica de radiodifusão se diferencia do atual modelo de televisão digital por oferecer ainda mais qualidade de áudio, de som e de interatividade. Entretanto, como a padronização dessas tecnologias depende do momento em que elas ocorrem, a TV 3.0 brasileira deve ser mais avançada do que a desses países, o que já ocorreu na TV digital. Um exemplo disso é que as tecnologias de áudio adotadas na TV 2.5 brasileira são equivalentes às da TV 3.0 nesses países.
Ainda não há uma estimativa exata de quando essa tecnologia estará disponível no Brasil. A expectativa é que os estudos do modelo mais adequado aos requisitos do Fórum SBTVD sejam concluídos em dezembro do ano que vem e que a transição para a terceira geração de TV se inicie no ano seguinte.
“A TV 3.0 é um padrão de televisão em desenvolvimento pelo Fórum SBTVD, completamente novo e mais moderno padrão de televisão digital, feito do zero, e sem nenhuma compatibilidade com a TV 1.0 e com a TV 2.0”, conclui Colletti.
Texto: Ascom/Ministério das Comunicações