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RECONDICIONAMENTO
MCom viabiliza a apropriação das novas tecnologias e a alfabetização digital para crianças, jovens e adultos
Quando equipamentos de informática e outros eletrônicos são descartados em pontos de coleta ou doados para recondicionamento, acabam ganhando um destino certo: a transformação na vida de comunidades inteiras. Isso porque as máquinas, ao chegarem em pontos de inclusão digital distribuídos em todo o país – sejam escolas, bibliotecas ou unidades de saúde básica (UBS), por exemplo – abrem um mundo de oportunidades para crianças, jovens e adultos.
"Ver aquela sala com esses computadores, a alegria que eu vi nos olhos dessas crianças, ali acessando; é um feito muito grande para a nossa comunidade, beneficia muitas famílias", confessou Janaína Nascimento, 34 anos, mãe de Joana, uma das crianças que estudam na Escola Municipal (EM) Francisco da Borja, localizada na cidade de Areia Branca (RN), distante 282 km de Natal.
Neste mês de junho, as máquinas recondicionadas pelo programa Computadores para Inclusão chegaram na escola, juntas com a instalação da internet banda larga, gratuita e com alta velocidade, viabilizada pelo programa Wi-Fi Brasil. "Hoje eu digo muito à Joana: você tem um leque de oportunidades! A escola está disponibilizando computadores através do ministro das Comunicações, então aproveite! Você está tendo as ferramentas que eu não tive", acrescentou.
Aluna do 7º ano do ensino fundamental, Joana relatou sentir saudade de colegas da escola, desde que as aulas passaram para o ambiente virtual, em função da pandemia do Covid 19. Porém, não disfarçou o encanto ao chegar à sala de aula e encontrar os computadores. "Vai ajudar muito quem não tem computador e internet em casa, quem tem só um celular para mais de três filhos usarem. Isso é muito legal", exclamou.
Outro aluno da EM Francisco da Borja, Kenedy Oliveira, 10 anos, também se animou com as máquinas. "Nunca vi um computador na vida! Aqui foi a primeira vez que eu vi e usei. Foi muito bom. Agora, vou usar bastante aqui na escola, isso eu te garanto. Vou usar para pesquisas e nas horas vagas vou usar para jogar", admitiu. Maria Vitória França, 9 anos, compartilhou a mesma alegria: "a escola vem mudando muita coisa e, agora com computadores, vamos poder fazer pesquisas, atividades em grupos e outras coisas".
Desfazimento, recondicionamento e distribuição
Joana, Kenedy e Maria Vitória vivem episódios particulares na história das pessoas que hoje são beneficiadas com as mais de 23 mil máquinas recuperadas pelo Computadores para Inclusão, ação executada pelo Ministério das Comunicações (MCom), por meio de parcerias com organizações da sociedade civil (OSC) e de outras esferas de governo. O programa tem o propósito de apoiar e viabilizar iniciativas de promoção da inclusão digital por meio dos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRC) – locais adaptados ao recondicionamento de equipamentos eletroeletrônicos, tratamento de resíduos eletroeletrônicos e para a realização de cursos e oficinas.
A matéria-prima para os CRCs trabalharem são as doações de maquinário de informática, oriundo principalmente da administração pública federal (com seus órgãos, autarquias e fundações). Todo o processo é normatizado pelo Decreto 9.373/2018. Mas os demais poderes, empresas parceiras e até pessoas físicas podem doar equipamentos – que foram substituídos ou perderam a utilidade – para os centros. Atualmente, o Computadores para Inclusão conta com dez CRCs em funcionamento.
De acordo com o secretário executivo do MCom, Vitor Menezes, o programa federal está passando por uma reorganização, a fim de continuar atendendo à demanda por computadores em meio à pandemia. "Estamos nos adaptando às regras de distanciamento social para que esse trabalho não pare. E sabemos da importância de ter laboratórios de informática e pontos de inclusão digital espalhados pelo país. Esse programa é uma base para essas unidades", ressaltou
De acordo com Menezes, o Governo Federal investe cerca de R$ 1 milhão em cada CRC, a partir de um contrato de dois anos, firmado para manter o programa em funcionamento. Tal missão contempla não só o recondicionamento como também o tratamento correto dos resíduos, seja através da destinação para a reciclagem ou do descarte, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e demais diretrizes do Ministério do Meio Ambiente.
Sabemos da importância de ter laboratórios de informática e pontos de inclusão digital espalhados pelo país. Esse programa é uma base para essas unidades
- Vitor Menezes
Na outra ponta do trabalho, os CRCs também respondem pela entrega de máquinas testadas, em condições de uso e desempenho, com programas e aplicativos instalados. Além disso, disponibilizam cursos de capacitação na área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e executam ações de revitalização de Pontos de Inclusão Digital (PID).
Por dentro de um CRC
Reformar computadores e aprender informática são atividades que fazem brilhar os olhos de jovens como Giovanna Rodrigues, 20 anos, e Marcos Araújo, 23 anos. "É uma paixão que iniciou aqui dentro; mudou a minha vida", revela Giovanna. Marcos compartilha sentimento semelhante: "sinto que faço diferença para muitos jovens, é muito impactante! Sou muito apaixonado por essa área da informática e da educação".
Ambos integram a equipe responsável pela reforma das máquinas do CRC Metarreciclagem, instalado no Gama (DF), região administrativa distante 30 km do centro de Brasília. Os CRCs contam com laboratórios, ferramentas e instrutores, envolvidos em oferecer para jovens e adultos a qualificação profissional específica, a geração de renda e o ingresso no mundo do trabalho. Os próprios educadores responsáveis pela capacitação são, em sua maioria, ex-alunos que se destacaram na aprendizagem.
Pode se matricular nas formações dos CRCs qualquer pessoa com mais de 14 anos. A lista de cursos vai desde a informática básica, o suporte técnico e a manutenção de computadores, até a montagem e configuração, a eletrônica, a robótica livre e a edição de vídeo. As aulas duram de dois a cinco meses.
Justiça social e sustentabilidade ambiental
Fábio Paiva, gerente administrativo do CRC Metarreciclagem, ressalta que até 50% de todo o material recebido pode ser reaproveitado. A outra parte, sem condição de uso, segue para a reciclagem ou é descartada. "Tudo que chega aqui, sai de alguma maneira: seja socialmente justo ou ambientalmente correto", destaca.
De uma ponta a outra, os benefícios do programa alcançam não apenas unidades de saúde, telecentros, bibliotecas e escolas da rede pública – onde acabam transformando o cotidiano de muitas crianças e jovens. Graças ao Computadores para Inclusão (cujo projeto remonta um distante ano de 2004) foi possível oferecer formação a mais de 15 mil jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. Com a capacitação, aumentam as chances de geração de renda e de inserção no mundo do trabalho, que cada vez mais exige conhecimentos em informática e tecnologia.
Os computadores reformados são também destinados a assentamentos rurais, telecentros comunitários centros de Referência em Assistência Social (CRAS), além de outros PIDs. Até agora, já foram recondicionados 23 mil computadores, que seguiram para 1,6 mil pontos, em 533 municípios brasileiros. O número representa um total de 1,1 mil toneladas de resíduos eletrônicos que deixaram de impactar o meio ambiente.
"O impacto desse projeto na sociedade é grandioso, porque as pessoas vêm aqui e algumas têm a visão de que fazemos apenas a boa ação de entregar computadores funcionando. Mas vai muito além disso", enfatiza Paiva. "Quando a gente entrega o computador funcionando para as comunidades, além do equipamento e o uso, vem um meio de comunicação, um meio de educação à distância (que a cada dia está sendo mais utilizada), vem o acesso a serviços do governo, acesso a uma conta bancária", defende.
Mudança de planos, inspirada no CRC
Giovanna Rodrigues procurou o "Meta" – outro nome do CRC do Gama, para quem é mais próximo – quando ainda nem tinha 18 anos. Precisava preencher um dos pré-requisitos para concorrer a vaga destinada a jovens aprendizes: saber trabalhar com o pacote de aplicativos para escritório. Na época, conhecia o básico de computação, o suficiente para acessar os jogos em um computador.
Ela se matriculou no curso de informática básica. "Aprendi a desenvolver uma planilha, a usar o Word, a navegar na internet corretamente. Aprendi a desligar o computador corretamente, porque não é chegar e meter o dedão no botão, para não dar problema na máquina", explica. O afeto pelo CRC foi crescendo quando cursou as aulas de montagem e configuração de computadores. Empenhada, virou voluntária para auxiliar o instrutor e, na sequência, tornou-se ela mesma educadora no Meta.
Após entrar na faculdade, Giovanna retornou ao CRC para conseguir estágio remunerado. Ela lembra como a experiência transformou seus planos profissionais: "foi meu primeiro contato com a área de tecnologia. A partir disso me apaixonei, cada vez mais. Hoje faço faculdade nessa área e trabalho com isso, presto suporte técnico, estudo desenvolvimento de sites", admite.
A jovem chegou, antes da paixão pela tecnologia, a cogitar uma carreira na área do Direito. Cursando o quinto semestre de Sistemas de Informação (e com planos de se especializar em programação digital e suporte técnico) ela se considera realizada. "Pensava em fazer Direito, mas hoje sei que eu não seria feliz fazendo isso".
Giovanna se orgulha de ter incentivado a irmã a se capacitar no Meta. "Tenho três irmãos mais novos, uma de 15, um de 12 e uma de 11. Já consegui encaminhar minha irmã de 15 anos a fazer o curso de informática básica e de montagem e configuração. Estava esperando justamente meus irmãos mais novos atingirem a idade mínima para os cursos para encaminhá-los", reforça.
Atualmente, estão em funcionamento os CRCs no Gama (DF), Formosa (GO), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Maracanaú (CE), Porto Alegre (RS), Maricá (RJ), Petrolina (PE), Recife (PE) e Dourados (MS). A expectativa é que seja inaugurado em Cuiabá (MT) o 11º CRC do país, até o final de 2021. Até 2023, a meta prevista do programa é doar 20 mil computadores.
Texto: ASCOM/Ministério das Comunicações
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