Notícias
Internet das Coisas
Drones, apps, rebanhos conectados e monitorados via GPS: IoT revoluciona produção no campo
Quando falamos em conectividade, internet e tecnologia na agropecuária, dialogamos com um mundo de possibilidades que levam eficiência ao campo. São exemplos disso, os sensores meteorológicos no campo e as máquinas agrícolas conectadas, que são utilizados para medir a produtividade da colheita e detectar a necessidade de manutenção dos equipamentos. Os drones que captam imagens e analisam pragas em plantações, além dos “brincos” com chips nas orelhas do gado, que controlam o rebanho.
A utilização de aplicativos e tecnologias mudou a produção agrícola, possibilitando a otimização de processos, a redução de custos e a diminuição do desperdício. Depois da aplicação da “Internet das Coisas” – IoT, a rotina no campo e a vida do agricultor nunca mais foram as mesmas.
“A IoT é uma ferramenta promissora que ajuda a interligar todas as etapas da produção agrícola. Hoje, com as tecnologias aplicadas no campo, os produtores são capazes de gerenciar a produtividade. É o que muitos agentes produtivos chamam de agricultura assertiva e de precisão. Acreditamos que a chave da conectividade no campo é a eficiência que reduz custos e gera lucro”, disse o Ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Segundo o coordenador-geral de Políticas para Serviços de Telecomunicações, Daniel Brandão, o maior desafio para a utilização da Internet das Coisas no Brasil é o desenvolvimento de novas aplicações, seja para uso no dia a dia, tornando as cidades mais inteligentes e otimizando o trabalho, ou para ampliar a produção no campo. Para isso, tanto grandes empresas como startups digitais especializadas em IoT já desenvolvem um amplo leque de aplicações para melhorar a produtividade no campo.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei que promove incentivos à chamada Internet das Coisas. A medida entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2021, com benefícios tributários até 2025. O objetivo é aquecer o setor e tornar as tecnologias mais baratas, trazendo mais investimentos para o Brasil e possibilitando a geração de mais de 10 milhões de empregos nos próximos anos.
Rebanhos conectados e monitorados via GPS
Você sabia que há fazendas brasileiras com rebanhos conectados 24 horas, enviando dados de forma automatizada para um sistema computadorizado? Esse trabalho é de uma startup de tecnologia com escritório nos Estados Unidos e, aqui, no Brasil, que tem revolucionado a forma de fazer gestão da atividade pecuária.
Usando brincos, colares, chips e até balanças eletrônicas, vacas e bois têm todas as suas atividades diárias registradas em um sistema informatizado. Dados como nível nutricional, condições sanitárias, controle de vacinas e doenças são acompanhados em tempo real. Assim os fazendeiros podem criar o seu próprio inventário de animais, garantindo um bom rendimento de todas as atividades da produção.
Quem faz uso da tecnologia relata que o resultado tem sido positivo. Seguindo a tradição da família, que há mais de 130 anos atua com gado em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, o pecuarista Murilo Trindade diz que investe na gestão do negócio a partir de uma agropecuária focada em inovação, qualidade e intensificação da produtividade, aliadas à preservação do bioma pantaneiro.
Com 1.326 cabeças de boi e 260 cabeças de ovinos, além do ramo da apicultura, Trindade contou que os investimentos em tecnologia e infraestrutura na fazenda chegaram a R$ 1,5 milhão nos últimos dois anos. A medida zerou as imprecisões que existiam em relação às perdas, otimizou o processo de tomada de decisões e aumentou a taxa de desfrute de 45% para 70%.
Nós utilizamos várias tecnologias, como brincos eletrônicos, botons e códigos de barra que fazem a rastreabilidade do animal de forma individual. Isso facilita muito a gestão e o dia a dia operacional do negócio”, contou Trindade.
“Existe uma concepção de que o campo é um lugar atrasado, sem tecnologia e conexão. Mas não é a realidade. Nós utilizamos várias tecnologias, como brincos eletrônicos, botons e códigos de barra que fazem a rastreabilidade do animal de forma individual. Isso facilita muito a gestão e o dia a dia operacional do negócio”, contou Trindade.
Segundo ele, hoje, é possível ter informações sobre quando cada unidade do rebanho foi comprada, quando foi feita a entrada do animal no pasto, a pesagem, quais vacinas ele tomou e quais faltam, além de medicamentos que serão administrados, informações nutricionais e mapeamento geográfico do animal.
"Hoje, a gente consegue criar o rebanho no pasto, solto na natureza, e coletar informações sem causar nenhum estresse ao animal. Todo o controle é feito de forma eletrônica. Abandonamos a análise manual. Nós investimos bastante em tecnologia e o retorno com as melhorias que fizemos deve chegar com o tempo. Tem muita tecnologia que ainda pretendemos implantar, mas muitas delas ainda são onerosas. Certamente isso deve mudar”, contou.
Fazendas monitoradas por drones
Há mais de 20 anos atuando no Matopiba, região que corresponde aos biomas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o empresário Lisandro de Quadros atende mais de 15 produtores rurais com o monitoramento de plantações de soja, milho, feijão e algodão.
Com a utilização de tecnologias como drones e imagens via satélite, mais de 35 mil hectares de terras são monitorados. É uma espécie de raio X que identifica ervas daninhas, parasitas, plantações com deficiência nutricional e de fertilidade, além de locais com possíveis falhas, erosões e problemas de relevo.
“A ideia é que as informações coletadas indiquem, com precisão, locais que necessitem da aplicação de herbicidas e nutrientes, além de lugares para restituição das linhas produtivas, ou mesmo conter infestação de parasitas no solo”, contou Lisandro.
“Você tem um controle muito maior do que precisa ser tratado. Em uma área de 883 hectares, identificamos uma infestação em apenas cinco. Uma economia de mais de 80%. Sem falar que isso é um exemplo de agricultura sustentável”, continuou.
A partir do relatório de cada coleta, temos o resultado mapeado, indicando onde se deve passar o maquinário sem destruir plantações, quanto de herbicida deve ser usado e o local adequado”, disse Jordi.
Outro exemplo de que a IoT tem ajudado a levar eficiência no agronegócio é o trabalho desenvolvido pela empresa de Jordi Antônio Paludo, que é feito por mais de 10 agricultores na região Oeste de Santa Catarina que monitoram lavouras de soja e milho por drones. Entre eles está o senhor José Pedro Bortoluzzi, que há mais de 35 anos produz soja e milho em mais de 400 hectares administrados pela família.
“O material coletado é enviado para um aplicativo, que elabora um relatório mapeado das áreas que precisam de atenção. A partir do relatório de cada coleta, temos o resultado mapeado, indicando onde se deve passar o maquinário sem destruir plantações, quanto de herbicida deve ser usado e o local adequado”, disse Jordi.
O uso dos dispositivos, segundo José Antônio, trouxe uma economia de 30% na produção, um aumento de produtividade de 10% e uma redução nas perdas entre 20% e 30%.
“O trabalho foi desenvolvido inicialmente em 25% da área que temos plantada. Valeu a pena, porque nós reduzimos os custos com herbicidas e vermífugas entre 25% e 35%. Certamente, num futuro próximo, o investimento nesse tipo de trabalho será maior. Muitos produtores da área também estão interessados em investir”, disse o produtor.
Acompanhe a série produzida pelo MCom:
1º episodio: Internet das Coisas: um passeio pelo futuro que já é realidade no dia a dia das pessoas
2º episódio:
Controle de vacinas, óculos de realidade aumentada, crachás com chip: IoT’s marcam uma nova Era na indústria e na medicina do Brasil
3º episódio:
D
rones, apps, rebanhos conectados e monitorados via GPS: IoT revoluciona produção no campo
Texto: Ascom/MCom