História da antropologia no arquivo Luiz de Castro Faria
Resumo
O antropólogo Luiz de Castro Faria formou-se na tradição naturalista, da pesquisa de campo etnológica que se realizava em conjunto com outras especialidades das ciências naturais, desenvolvidas no Museu Nacional, onde trabalhou por sessenta anos. A formação científica o levou a estudar a cultura das sociedades, enquanto relações de produção que se realizam num meio físico específico. Sua prática científica caracterizou-se pela pesquisa de campo, cujo primeiro trabalho foi a expedição à Serra do Norte, chefiada por Claude Lévi-Strauss. Antropólogo iniciante, ele revelou no diário daquela expedição um enorme conhecimento e sensibilidade sobre a cultura indígena (FARIA, Luiz de Castro. Um outro olhar. Diário da Expedição à Serra do Norte, Mato Grosso. Rio de Janeiro: Editora Ouro Sobre Azul, 2001). Nas expedições que se seguiram tratou da cultura social, marcada pela relação sociedade e meio ambiente, com destaque para a pesca e garimpos, para o comércio dos produtos regionais, nas feiras locais, sobre as quais destacou os produtos que eram vendidos e os impactos sociais daquele tipo de comércio. Abrangendo tais temáticas foi recentemente publicado, com apoio da FAPERJ, o livro “Paisagens Culturais e Gêneros de Vida” (Org. Heloisa MariaBertol Domingues e Alfredo Wagner Berno de Almeida, Rio, FAPERJ, Ed. Ouro Azul, 2022). Trabalhou os sambaquis, analisando as permanências culturais de determinadas sociedades e mostrando o quanto continham da história da cultura social que estava se perdendo para as fábricas de cal, principalmente no sul do Brasil. Engajou-se, com isto, na luta pela preservação dos sambaquis que levou à Lei de Proteção aos Sambaquis, em 1961. (DOMINGUES, Heloisa Maria Bertol. Barbosa Rodrigues e os sambaquis da Amazônia. Revista Brasileira de História da Ciência, v.5, Suplemento, p. 51-60, dez. 2012).
A relevante produção científica de Castro Faria guiou a estruturação de cursos que formaram centenas de antropólogos e historiadores durante os sessenta anos que ele deu aulas no Museu Nacional e na Universidade Federal Fluminense (UFF, Niterói), até os anos 2000. Foi o iniciador da disciplina Pensamento Social no Brasil, hoje disseminada pelos cursos de sociologia, país afora. Oseu riquíssimo acervo, sob a guarda do MAST, é composto de documentos manuscritos, impressos e iconográficos, que são subsídio dessa pesquisa e constituem manancial dos mais importantespara a história da antropologiae da diversidade cultural brasileira.
Equipe
Heloisa Maria Bertol Domingues (coordenadora); Alfredo Bronzato Cruz (bolsista PCI - MCTI/MAST); Lucimeire da Silva Oliveira (bolsista PCI – MAST/MCTI)