Exposições Científicas e sociedade: o caso da Exposição Internacional de Higiene, Rio de Janeiro, 1909
Resumo
Este projeto insere-se numa perspectiva de abordagem sobre a ocorrência de exposições científicas na América Latina. Em Santiago do Chile, junto ao 1º Congresso Médico Latino-Americano (CMLA), em 1901, realizou-se a primeira de uma série de exposições de caráter internacional acerca da higiene na América Latina. As Exposições Internacionais de Higiene eram abertas ao público e pretendiam reunir tudo que fosse útil ao desenvolvimento da ciência da higiene, contando com a participação de inúmeras instituições de diversos países do continente latino-americano e com a exibição de uma enorme gama de artefatos produzidos em várias partes do mundo.
Neste projeto, o enfoque será dado para a Exposição Internacional de Higiene ocorrida em 1909 no Rio de Janeiro, por ocasião do 4o CMLA. Esta exposição ocupou três dos edifícios construídos para a Exposição Nacional ocorrida no ano anterior, em 1908, na Praia Vermelha (Urca), quando se comemorou o centenário da Abertura dos Portos. Foram utilizados o Palácio dos Estados, o Palácio das Indústrias e o Palácio do Distrito Federal. Durante os meses de agosto e setembro de 1909 esteve aberta ao público. Seguindo o regulamento das Exposições anteriores, houve duas seções: a científica – na qual só era permitida a participação de expositores latino-americanos, ocupando 43 salas; e a seção industrial – aberta também à participação dos demais países. Obras de esgotos, sistemas de distribuição de águas, serviços sanitários, laboratórios médicos, serviços de caridade e assistência pública, serviços de climatologia, serviços de engenharia sanitária, instrução pública, dados estatísticos, serviços de vacinação, hospitais, faculdades, enfim instituições de vários Estados da Federação e de outros países da América Latina participaram de diversas maneiras, sendo a fotografia um dos principais instrumentos de exibição do estado da arte higiênica. Muitas das instituições que participaram dessa exposição não eram da área da medicina, como o Museu Nacional, Teatro Municipal, Escola de Belas Artes, Diretoria Geral de Engenharia do Exército e do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, o que indica a amplitude do evento em termos de interesses mútuos de participação.
O tema das exposições e congressos científicos abre possibilidades de pesquisas em história das ciências até então pouco exploradas. No caso específico deste projeto, poderá contribuir para a percepção sobre a produção científica local do continente latino-americano, sobre a relação higiene – educação – sociedade, preocupação que foi se alterando ao longo do tempo. Além disso, poderá contribuir com a produção historiográfica voltada para o tema das exposições em geral com novos dados sobre modalidades científicas enquanto manifestações culturais até então não exploradas.
Equipe
Marta de Almeida (coordenadora) e Brenda Martins Vilarde (PIBIC).