As representações astronômicas na arte rupestre brasileira
Resumo
A arqueologia, buscando compreender sociedades tão diferentes da nossa, costuma se associar a diversas outras áreas de conhecimento na tentativa de entender um pouco mais sobre esses grupos, a partir de restos fragmentados de suas culturas. Em parceria com a astronomia, busca compreender o conhecimento que tais sociedades teriam sobre a dinâmica celeste, a partir de vestígios arqueológicos relacionados ao tema.
No Brasil, a pesquisa no campo da arqueoastronomia está diretamente associada ao estudo da arte rupestre (inscrições – pintadas ou gravadas – deixadas pelo homem em suportes fixos de pedra, tais como abrigos, grutas e paredões), já que é principalmente nos painéis rupestres que encontramos sinais de registros astronômicos.
O Museu de Astronomia e Ciências Afins, em projeto de cooperação científica com o Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG/ MCTI – e com apoio de diversas instituições brasileiras, vem reunindo imagens com representações astronômicas identificadas em painéis de arte rupestre espalhados por todo o território nacional. Já foram coletados materiais em sítios arqueológicos de norte a sul do país, mais especificamente nos estados do Amapá, Pará, Tocantins, Paraíba, Bahia, Minas Gerais e Paraná. Por meio desses painéis, pode-se identificar diversos aspectos do cotidiano dos diferentes grupos que habitaram o Brasil no passado. A necessidade de orientação por referenciais astronômicos era essencial para regular o bom desempenho de numerosas atividades das populações pré-coloniais, dentre as quais a caça, pesca, coleta e a agricultura, que dependiam diretamente desse conhecimento para a sua organização.
As representações astronômicas, como as figuras classificadas como sóis, luas e outras imagens celestes, são bastante comuns na arte rupestre brasileira. Além da representação dos astros, também podem ser observados diversos registros que são associados a sistemas de marcação de tempo, em que também estão implícitas observações celestes.
Os dados, recolhidos de forma padronizada, permitirão quantificar e comparar, além de fornecerem subsídios para o reconhecimento de elementos astronômicos, com o objetivo de se traçar um perfil do conhecimento astronômico do homem no passado.
Equipe
Cíntia Jalles (coordenadora); Maura Imazio da Silveira (Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTI); Rundsthen Vasquez de Nader (Observatório do Valongo/UFRJ)