Exposição O Eclipse - Einstein, Sobral e o GPS
Para celebrar os 100 anos do fenômeno que confirmou a veracidade da nova teoria do Universo, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em parceria com o Observatório Nacional (ON), inaugura em 29 de maio, às 11 horas, a exposição O Eclipse - Einstein, Sobral e o GPS. Voltada para todos os públicos, a mostra vai contar a história da expedição científica que comprovou da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, trazendo detalhes sobre como foram registradas as fotografias da posição das estrelas próximas à borda solar na cidade de Sobral (Ceará) e na Ilha do Príncipe (África). A concepção é assinada pelo renomado curador e diretor de arte Marcello Dantas, com produção da Magnetoscópio, e a Curadoria Científica é de Carlos Veiga (ON), Christina Barboza (MAST), Henrique Lins e Barros (CBPF), João dos Anjos (ON), Martin Makler (CBPF) e Patrícia Spinelli (MAST). Para os interessados em saber mais sobre a história do Eclipse de Sobral e os eventos comemorativos, já está no ar o site www.mast.br/sobral. Na mesma ocasião, o Campus do MAST / ON ganhará um verdadeiro upgrade com a abertura do novo Centro de Visitantes, com projeto do estúdio SuperUber, que une design, tecnologia e arquitetura para contar histórias de forma inovadora.
"Para nós é uma alegria apresentar esta exposição nos mesmos ambientes onde trabalharam os cientistas da equipe brasileira que participaram deste feito histórico, como o Henrique Morize, então diretor do Observatório Nacional, que liderou o grupo formado por Lélio Gama, Allyrio de Mattos e Domingos Costa", afirma Anelise Pacheco, diretora do Museu de Astronomia e Ciências Afins. "A organização pelo Observatório Nacional da expedição a Sobral para observação do eclipse total do sol em 1919 é um exemplo do protagonismo da instituição no desenvolvimento científico do Brasil. No Centro de visitantes podemos também ver uma mostra do que se faz hoje na instituição", comenta João dos Anjos, diretor do Observatório Nacional.
Imagens e instrumentos utilizados para a realização da experiência, há um século, integram o acervo de O Eclipse - Einstein, Sobral e o GPS. Para isso, um andar inteiro do MAST vai abrigar os ambientes da exposição. O visitante poderá fazer uma imersão na história do eclipse por meio de um conteúdo interativo, se deparando com a projeção de imagens e animações. História e tecnologia se mesclam com instalações detalhadamente pensadas para que o público tenha experiências sensoriais surpreendentes, incluindo a simulação do momento em que Lua começou a sobrepor-se ao Sol naquele dia 29 de maio de 1919, na cidade de Sobral. As vivências propostas na exposição permitem ao público conhecer detalhes da proeza científica que foi fundamental para comprovar a deflexão da luz pela gravidade, transformando Einstein em celebridade mundial e abrindo novos horizontes para o conhecimento científico.
Sobre o Eclipse Solar de 1919
Para que a expedição até Sobral tivesse sucesso, foi preciso uma enorme colaboração entre cientistas ingleses e brasileiros. O artífice da missão foi o famoso astrônomo inglês Arthur Eddington, da Royal Astronomical Society. Com ajuda do então diretor do Observatório Nacional, Henrique Morize, a cidade de Sobral foi escolhida por ter a melhor visibilidade do eclipse. Morize assegurou uma eficiente logística, chegando a supervisionar a montagem de uma estação meteorológica no local, para monitorar a atmosfera e evitar que as condições climáticas estragassem os resultados.
Pouco antes das 9 horas da manhã do dia 29 de maio de 1919, a Lua começou a sobrepor-se ao Sol, encobrindo-o por completo ao longo de cinco minutos. Durante o fenômeno, várias fotografias foram tiradas em placas de vidro, sucessivamente, por astrônomos ingleses a partir de câmeras acopladas a telescópios, registrando a posição das estrelas próximas à borda solar. As estrelas, que normalmente estariam ofuscadas pelo Sol, puderam ser vistas e fotografadas. As 26 placas obtidas em Sobral com dois telescópios de tamanhos diferentes, registraram um total de 12 estrelas, das quais sete, visíveis em todas as placas, foram usadas mais tarde como referência para medir o ângulo de desvio da trajetória de seus feixes de luz. Na Ilha do Príncipe, onde o tempo ficou nublado, os ingleses só conseguiram aproveitar duas placas fotográficas. Esse efeito, chamado deflexão da luz, faria com que as estrelas observadas fossem vistas em uma posição aparentemente diferente de sua posição real, comprovando assim a teoria de Einstein.
Simultaneamente, os astrônomos brasileiros também tiraram fotografias astronômicas, utilizando os equipamentos do Observatório Nacional levados para o trabalho em campo: dois telescópios e três espectrógrafos. O objetivo de seu programa de observações era fotografar e analisar as características físico-químicas da coroa solar, observada apenas durante a fase da totalidade de um eclipse. Com o telescópio maior foi possível obter sete fotografias bastante nítidas da coroa solar. Nas fotografias com exposição mais curta, uma protuberância solar destaca-se na imagem. Além disso, os brasileiros utilizaram duas câmeras fotográficas para registrar os participantes da expedição, o acampamento, e a paisagem local. As fotografias originais obtidas pela equipe brasileira, assim como toda a documentação gerada a respeito do planejamento e realização dessa expedição e alguns instrumentos levados a Sobral estão sob a guarda do Museu de Astronomia e Ciências Afins e do Observatório Nacional.
Sobre a Teoria da Relatividade Geral e sua comprovação
Em 1915, Albert Einstein anunciou a Teoria da Relatividade Geral, afirmando que a massa dos corpos deforma o espaço próximo a eles, de modo que o caminho da luz emitida por um astro, ao passar pela vizinhança deformada, deixa de ser uma linha reta e é desviada. Entretanto, esse feito só poderia ser testado por meio de um eclipse total do Sol, ao observar as estrelas que estivessem atrás/ao fundo dele. Para se comprovar a teoria, algumas expedições científicas partiram em busca de locais favoráveis à observação, seguindo previsões de eclipses.
Em 6 de novembro de 1919, os astrônomos ingleses apresentaram a confirmação das ideias de Einstein na Royal Astronomical Society, em Londres, após avaliarem os dados obtidos a partir da análise das placas fotográficas feitas em Sobral e na Ilha de Príncipe. O resultado final das observações feitas na Ilha de Príncipe apresentava um desvio médio de 1,6 segundo de arco, enquanto nas de Sobral havia um desvio de 1,9 segundo de arco, quase duas vezes o valor estimado na teoria gravitacional do físico inglês Isaac Newton (1643-1727), elaborada e apresentada dois séculos e meio antes.
Sobre o curador, Marcello Dantas
Renomado curador de exposições, diretor de arte e documentarista, Marcello Dantas é o nome por trás de algumas das principais mostras de arte no Brasil. Ele é responsável por inovar o conceito de museologia no país, trazendo doses sem precedentes de tecnologia, interatividade e recursos multimídia para oferecer aos visitantes o que ele chama de “uma experiência de imersão total”. Um dos maiores entusiastas da arte urbana no Brasil, Dantas organizou a premiada exposição Still Being, do artista britânico Antony Gormley, realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, sendo a sétima mais visitada no mundo em 2012, segundo o jornal inglês especializado The Art Newspaper, com uma impressionante extensão ao ar livre vista por milhões de pessoas.
Dantas assinou a curadoria de grandes exposições como ComCiência, da artista australiana Patricia Piccinini, realizada em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte e foi a mostra de arte contemporânea mais visitada no mundo em 2016, de acordo com apuração do jornal The Art Newspaper; Inoculation, do artista chinês Ai Weiwei, primeira exposição do artista no continente, realizada na Argentina, Chile e Brazil; Invento: As Revoluções que nos Inventaram, CRU | Comida, Transformação e Arte; CICLO – Criar com o que Temos, que reuniu 15 artistas de todo o mundo (Michelangelo Pistoletto, Joana Vasconcelos, Ryan Gander, Pedro Reyes, entre outros) trabalhando com a ideia da apropriação; Peasant Da Vincis do artista chinês Cai Guo Qiang; Boltanski 19.924.458 +/-, do artista francês Christian Boltanski; Bossa na Oca; Roberto Carlos - 50 anos de Música, entre muitas outras, e foi a mente por trás do Museu da Língua Portuguesa (o museu com maior visitação no Brasil), da Japan House São Paulo, do Museu do Homem Americano, do Museu das Telecomunicações, do Museu da Gente Sergipana e do Museu das Minas e do Metal.
Também assinou a curadoria de exposições individuais de artistas estrangeiros de renome, como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Jenny Holzer, Gary Hill, Tino Sehgal, Peter Greenaway, Rebecca Horn, Bill Viola e Laurie Anderson – além de projetos internacionais, tais como a Bienal de Vancouver de 2014 e 2018, o Museu do Caribe em Barranquilla (Colômbia), e a Estação Pelé, em Berlim, durante a Copa do Mundo na Alemanha, em 2006. Seu currículo inclui os prêmios de melhor documentário na Biennale Internationale du Film Sur L’Art, do Centro Georges Pompidou, em Paris, no FestRio, no International Film & TV Festival of New York, além do prestigioso ID Design Award Business Week.
Sobre o Centro de Visitantes do Campus MAST / ON
A partir do dia 29 de maio, quem for ao Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) encontrará um novo Centro de Visitantes, com um Espaço lnterativo repleto de informações sobre as edificações do Campus do MAST e do Observatório Nacional, além de um Espaço imersivo que abordará de forma poética temas como história, patrimônio, astrofísica e geofísica para falar dos avanços surgidos a partir da observação do céu. O projeto é assinado pela SuperUber, estúdio que une design, tecnologia e arquitetura para contar histórias de forma inovadora.
O MAST é o centro de popularização da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e guarda um importante acervo que reúne instrumentos científicos, equipamentos e mobiliário, totalizando mais de 2.000 objetos do Patrimônio Científico no Brasil. “O conteúdo do MAST é muito interessante, mas sempre foi apresentado da forma tradicional. Com esses novos espaços interativos, buscamos atrair ainda mais o público jovem que está a cada dia mais ligado no design, na tecnologia e nas novas mídias”, diz a diretora do Museu, Anelise Pacheco.
O novo Espaço lnterativo contará com um totem e com a projeção mapeada de um Globo Terrestre para apontar onde estão os principais observatórios do mundo e os centros de pesquisa científica no Brasil. Mostrará ainda o contexto do MAST e do Observatório Nacional. Já o Espaço Imersivo é uma projeção com espelhos, criando uma superfície infinita que envolve o visitante. "Uma das coisas que diferenciam o homem dos outros animais é a observação do céu", diz a diretora criativa da SuperUber, Liana Brazil.
O Eclipse - Einstein, Sobral e o GPS - Ficha Técnica
Produção - Magnetoscópio
Curadoria geral - Marcello Dantas
Curadoria Científica - Carlos Veiga (ON), Christina Barboza (MAST), Henrique Lins e Barros (CBPF), João dos Anjos (ON), Martin Makler (CBPF) e Patrícia Spinelli (MAST)
Projeto Expográfico - Lilian Sampaio
Produção Executiva - Adriana Salomão
Produção e Pesquisa - Isabel Campello
Design Gráfico -19 Design - Heloísa Faria
Edição de Texto - Ana Claudia Souza
Textos Sala Eclipse, Matéria Escura, Ondas Gravitacionais e GPS -Patrícia Spinelli
Revisão de Texto - Rosalina Gouvêia
Animações - Archimidia / André Wissenbach
Interatividade - Frado
Iluminação - Alessandro Boschini
Cenografia - Camuflagem / Guilherme Xavier da Hora Filho
Centro de Visitantes - Ficha Técnica
Projeto Expositivo - SuperUber
Direção Criativa - Liana Brazil
Direção Geral SuperUber - Russ Rive
Direção de Operações - Fabiano Martins
Direção de Tecnologia - Carlos Oliveira
Produção Executiva - Mariana Ferman
Gerência de Projeto - Ilana Markus
Assistência de Produção - Rebeca Eler
Cenografia
Arquiteto - Pedro Rivera
Assistente de Arquitetura - Luiz Del Guerra
Construção | Cenotécnica - Mchecon
Iluminação e Elétrica - Belight | Samuel Betts
Design
Direção de Arte - Chris Lima
Motion Design - Bernardo Leite
Designer 3D - Gabriel Rocha
Design de Interface - Daniela Tinoco
Produção Gráfica - Sidnei Balbino
Conteúdo
Produção - Maurício Borges
Consultoria - Marco Moriconi
Roteiro - Alexandre Rossi
Pesquisa - Patricia Pamplona
Revisão de Textos - Alexandra de Vries
Tradução - Lynnea Hansen
Fotografia - Pedro Linger
Trilha e edição sonora - Rodrigo Marsillac
Locução português - André Arteche
Locução inglês - Josh Cashill
Locução infantil - Nina Rive e Maia Rive
Locução Infantil inglês - Michael Miller Cashill
Tecnologia
Desenvolvedor - Gustavo Gomes da Silva
Gerente de T.I. - Rodrigo Laxe
O Eclipse - Einstein, Sobral e o GPS
Abertura: 29 de maio de 2019, às 11 horas
Período da exposição: até 28 de abril de 2020
Entrada Gratuita