Notícias
César Lattes: o centenário do Brasileiro que não ganhou o Nobel, mas virou enredo campeão do Carnaval
Ele é um brasileiro enraizado pelo mundo. César Lattes, um dos grandes nomes da Ciência no Brasil, é e será lembrado em qualquer ambiente onde haja o estudo profundo da Física. E o que pouca gente sabe sobre este cientista é que ele inspirou um samba vitorioso da Estação Primeira de Mangueira, composto por duas das suas maiores estrelas da música: Mestre Cartola e Carlos Cachaça. Nascido em Curitiba num dia como hoje, 11 de julho, quando estaria completando cem anos, ele mereceu outra homenagem agora conferida pelos seus pares: o CNPq batizou o sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes como o nome de Plataforma Lattes.
Mas se fisicamente partiu aos 80 anos, sua memória, pesquisas e estudos resistem ao tempo. Especialmente quando o tema é energia nuclear, raios cósmicos e a partícula atômica méson pi, descoberta ao lado dos dois outros físicos renomados: o italiano Giuseppe Occhialini e o britânico Cecil Frank Powell.
E por conta desta descoberta, Powell, e apenas ele, recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1950. E por que a tão badalada honraria se restringiu a Cecil e não a todo o grupo - foi a pergunta que César Lattes mais ouviu até o fim da vida - ? Porque o brasileiro e o italiano eram chefiados por Cecil - que, em função disso, mereceu a distinção.
César Lattes trabalhou na USP, UFRJ, na Universidade da Califórnia e foi bolsista na Fundação Rockfeller. Lá, após aprimorar conhecimento na Física, foi considerado entre seus pares como o maior cientista brasileiro.
Ainda sobre o samba vitorioso da Mangueira, vencedor no Carnaval Carioca de 1949, cabe um registro: dois anos antes, Lattes havia virado notícia ao desenvolver a partícula Pic du Midi. O feito foi publicado na Nature - a principal publicação científica do mundo. Embora um tema restrito ao mundo científico, a conquista tornou-se orgulho nacional.
Há um mês teve início um ciclo de palestras sobre César Lattes no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), organizado pelas coordenações de História da Ciência e Tecnologia (COCIT) e de Documentação e Arquivo (CODAR).
"Brasil, Ciência e Arte":
"Tu és meu Brasil em toda parte
Quer na ciência ou na arte
Portentoso e altaneiro
Os homens que escreveram tua história
Conquistaram tuas glórias
Epopéias triunfais
Quero neste pobre enredo
Reviver glorificando os homens teus
Levá-los ao panteon dos grandes imortais
Pois merecem muito mais
Não querendo levá-los ao cume da altura
Cientistas tu tens e tens cultura
E neste rude poema destes pobres vates
Há sábios como Pedro Américo e César Lattes"