Notícias
A popularização da ciência e a cidadania
Instituições de pesquisa, universidades, fundações, professores e pesquisadores que atuam no Rio de Janeiro se debruçaram por dois dias na Universidade Federal Fluminense para pensar os rumos da Ciência no país. Trata-se da Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, que é preparatória do 5º encontro nacional que vai se realizar em junho, em Brasília, sob o tema: Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil justo, Sustentável e Desenvolvido.
Responsável pela abertura do encontro no seu segundo dia nesta terça-feira (27), o diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins, Marcio Rangel, destacou a necessidade de popularização da ciência no país, em especial no Rio de Janeiro:
- A cidade do Rio de Janeiro também é uma capital científica com importantes polos de pesquisa e conhecimento. Como exemplo, Rangel citou a Fiocruz, o Jardim Botânico, universidades, institutos de pesquisa seculares e o próprio MAST. Para ele, o desconhecimento sobre a importância do Rio no campo científico ocorre em função da falta de difusão de notícias de qualidade sobre ciências entre os diversos estratos sociais.
Ele lembrou que está em curso a elaboração do Programa Nacional de Popularização de Ciência (o POP, Ciência), lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da ministra Luciana Santos. O Programa tem como objetivo difundir o tema entre as camadas populares
Professora e pesquisadora da UFF, Mônica Savedra lembrou que “Ciência não é gasto, mas investimento”.
Foi com base neste conceito, disse, que o Brasil conseguiu produzir e lançar neste ano de 2024, a aguardada vacina contra a dengue. A pesquisa teve início em 2017.
- O conhecimento científico e sua popularização são os principais antídotos contra as fake News.
Através de projeções de painéis, Savedra lembrou que grandes instituições do estado têm atuado no combate à desinformação: Fiocruz, Museu Nacional, Planetário, MAST, Jardim Botânico e universidades.
Assessora de imprensa da Faperj, entidade responsável pela divulgação de conteúdo científico, Claudia Jurberg disse que o caminho para divulgar conteúdo científico precisa ser ampliado além da mídia corporativa. Para ela, até mesmo os chamados “influenciadores digitais” podem contribuir com a causa:
- A gente lida com uma pauta positiva. Mas temos errado ao não investir na formação de jornalistas com conteúdo científico. E tão importante quanto a “Inovação” científica é a sua divulgação. Se ela não chegar ao grande público, de maneira acessível na sua linguagem, a ciência perde a razão de ser – disse.
Também presente ao encontro, o professor Ildeu Moreira, da UFRJ, divulgou pesquisa onde 62% dos entrevistados afirmam ter interesse ou muito interesse em ciência e tecnologia. Ele defendeu o estímulo à criação de feiras de ciências em todo o país, voltadas para estudantes. Mas, para isso, salientou, se faz necessário estímulo financeiro.
Para ele, não medir esforços para incentivar a juventude a abraçar a ciência é o caminho para expandir o conhecimento: “somos razoáveis. Queremos o impossível”, disse, tirando riso da plateia. Com base na ousadia, Ildeu defendeu a realização de uma Feira de Ciências no gramado do Palácio Alvorada – residência oficial do presidente Lula, em Brasília.