Viagem espacial que levará primeira mulher negra à lua foi tema de palestra no MAST

Conhecida como Missão Artemis, o novo ciclo de viagens espaciais desenvolvido pelos Estados Unidos foi tema de palestra no MAST no terceiro dia do XXVII Encontro da Associação Brasileira de Planetários. Conduzida pela astrofísica Ana Beatriz de Melo, doutora em Astronomia pelo Observatório Nacional com ênfase em Astrofísica Estelar, a palestra lotou o auditório do prédio Ronaldo Mourão e foi transmitida online pelo Youtube do MAST.

Ana Beatriz: ânimos opostos dos astronautas.

Ana Beatriz fez uma exposição histórica desde o início da chamada Guerra Espacial, em 1955, quando apenas os Estados Unidos e a extinta União Soviética disputavam a hegemonia da Ciência Espacial. Atualmente, revelou, empresas privadas, como a própria NASA e a Spacex, disputam a liderança das viagens tripuladas com países como a Rússia, herdeira da URSS, China e a Índia. Os três mantêm os programas espaciais com financiamento estatal.

Ana Beatriz enfatizou que o investimento em tecnologia em pesquisas espaciais ajudam a desenvolver, desde os anos 60, novos equipamentos hoje incluídos na rotina dos cidadãos. E exemplificou: tênis com solas de borracha, travesseiro (o chamado travesseiro da NASA que se adapta ao corpo), filtro de água, celulares e até pneus de automóveis resistentes, seguros e duradouros, não dependentes de câmaras de ar:

- Estes equipamentos foram exaustivamente testados antes de adaptados à nossa rotina - disse.

Mas engana-se quem pensa que a Missão Artemis vai apenas retomar as viagens do seres humanos à lua, suspensas desde 1972.

- A Artemis III será a evolução de tudo. O objetivo é que até 2029 o ser humano possa ter pisado no solo do Planeta Marte - disse Ana Beatriz.

Stephanie Wilson: será a primeira a desembarcar em solo lunar.

Mas, antes do objetivo final, novos pousos serão feitos na lua. E em um deles haverá a presença da primeira mulher negra. Trata-se de Stephanie Wilson, de 55 anos, veterana de três missões espaciais. Ela, se tudo der certo, será a primeira mulher a desembarcar em solo lunar. 

A previsão é que este desembarque ocorra até 2026.

- Mas pode haver adiamento na missão porque há dúvidas sobre quais entre nove áreas demarcadas da lua serão visitadas - avisou Ana Beatriz.

Vale destacar que, neste mesmo dia, houve palestra sob o tema "Antirracismo e Educação Intercultural em Planetários e a oficina "Entre lentes e espelhos: conhecendo telescópios + Observação do Céu, como parte da programação do evento.

Memória

A conquista do espaço ocorreu na esteira de uma disputa política e econômica envolvendo as duas principais nações do período pós-guerra.  E ganha status de disputa internacional a partir da viagem, agora incluindo seres humanos, à órbita da lua. Foi em 12 de abril de 1961 com a ida do soviético Yuri Gagarin. Aos 27 anos, ele viajou na nave espacial Vostok 1, de quatro metros de altura e quatro toneladas, de onde avisou ao mundo: "a Terra é azul".

 Antes dele, o programa espacial da URSS havia feito ensaios preparatórios enviando plantas, insetos, camundongos e até uma cadela, a Laika, causando comoção internacional. Laika não sobreviveu.

Mas foi em 20 de julho de 1969 que a chamada Corrida Espacial atingiu o ápice: a Apolo 11, com 11metros de altura e 11 toneladas, decolou levando os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e o piloto Michael Collins. E, num feito dos mais aguardados, pousou suavemente à lua.

Curiosamente, apenas Neil e Buzz puderam desembarcar e deixar a marca dos pés na areia cósmica. Michael Collins permaneceu no interior da Apolo 11 durante as 21 horas de estada da nave na lua.Talvez,por isso, observou Ana Beatriz, apenas os dois esbocem um leve sorriso na fotografia oficial.