Notícias
No Abril Indígena, conheça a interpretação do céu
Além de vídeos sobre a cultura estelar, astronomia desse povo está disponível no Stellarium
Publicado em
19/04/2023 08h00
Atualizado em
19/04/2023 12h06
No abril indígena, a pesquisadora do MAST, Priscila Faulhaber, lança o vídeo “Conversando com as estrelas Worecü”. Editada pelo bolsista PIBIC Iago Soares Lopes Dias (estudante do observatório do Valongo), a animação que explora a importância do céu noturno na cultura dos Tikuna e apresenta o ritual de puberdade feminina, no qual as estrelas Worecü, também conhecidas como “filhos da lua”, se aproximavam no céu.
A produção faz parte de uma série de três vídeos a partir de estudos de cultura estelar Tikuna, que mostram como o céu permeia a vida desse povo, desde sua importância nas festas, passando pelas estações do ano e pelas constelações que são representadas por animais como jacaré, onça e pássaro.
Além dos vídeos, a antropóloga também foi uma das responsáveis no projeto que incluiu essas interpretações do céu dos Tikuna no Stellarium, um programa computacional desenvolvido em software livre focado em astronomia. Em pesquisa com os indígenas, eles produziram gravuras identificando as constelações que viam no céu. As imagens foram ancoradas ao aplicativo por Walmir Cardoso (HCTE/UFRJ), com a colaboração dos astrônomos Fernando Vieira (Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, Rundsthen Nader (Observatório do Valongo), Walmir Cardoso (UFRJ) e Márcio D’Olne Campos (UNICAMP). Assim, o software Stellarium disponibilizou a cultura estelar Tikuna a partir da projeção visual das constelações indígenas no céu. Os asterismos reproduzidos foram: a narrativa da briga da Onça e do Tamanduá, que ocorre durante a estiagem e a subsequente subida ao céu das constelações da Tartaruga, da Queixada de Jacaré e da Perna da Onça, que anuncia a chegada da estação chuvosa.
Para Priscila Faulhaber, essa inclusão é um reconhecimento da interpretação Tikuna e vai permitir o amplo acesso a esse conhecimento.
“O Stellarium foi concebido de acordo com a visão da UNESCO e da União de Astronomia Internacional de que todas as visões que os povos indígenas constroem do céu são um patrimônio cultural e da humanidade. Os indígenas também aprovaram a inclusão, porque acham importante que esse conhecimento Tikuna do céu seja difundido para todos”, frisou.
Os outros vídeos que também estão disponíveis no canal MAST do Youtube são “Baweta” e “Céu Tikuna em movimento”.