Notícias
Sob chuvas e trovoadas
Desde que a meteorologia deixou de estudar os meteoros, de onde, aliás, a palavra deriva, para os estudos sobre o tempo, foi uma longa trajetória, de idas e vindas, nas práticas e ideias acadêmicas relacionadas aos fenômenos atmosféricos. Aqui no MAST, Christina Barboza é uma das pesquisadoras que desenvolve estudos na área. Entre eles está o projeto de pesquisa “Sob chuvas e trovoadas: a história da meteorologia no Brasil”.
De acordo com a descrição do projeto disponível no site do MAST, ele tem “como principal objetivo contribuir para a história das ciências no Brasil analisando o contexto científico e social no qual se deu a criação de instituições dedicadas à meteorologia, particularmente no Rio de Janeiro, durante o período compreendido entre as décadas de 1880 e 1920. Durante este período foram feitas as primeiras tentativas de se estabelecer uma rede de estações meteorológicas e climatológicas distribuídas pelo território nacional, as quais deram origem ao atual Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)".
O tema vem ganhando mais atenção da História da Ciência nos últimos anos e nesse sentido também cabe destacar a importância do assunto para o desenvolvimento das atividades científicas dos países, como conclui Christina no artigo “História da Meteorologia no Brasil (1887-1917)”. “No caso da proliferação de redes de meteorologia telegráfica durante a segunda metade do século XIX, no qual inserem-se as iniciativas da Repartição Hidrográfica e do Imperial Observatório do Rio de Janeiro aqui mencionadas, esta historiografia pôs em evidência, por exemplo, o papel exercido pelos Estados nacionais não apenas na sua criação, destinada originalmente à previsão do tempo, mas no financiamento continuado à pesquisa.Mais do que isso, ela trouxe à tona as estratégias usadas pelos meteorologistas com o objetivo de buscar alianças mais amplas na sociedade, por meio da divulgação de seus estudos em revistas e conferências públicas como aquelas que aqui analisamos”.
Segundo Christina, é possível fazer uma analogia entre o caráter imprevisível e extraordinário pelo qual os meteoros eramdefinidos, desde a Antiguidade, e os chamados fenômenos atmosféricos extremos, como as chuvas torrenciais que castigaram Petrópolis em fevereiro e agora, de novo, dia 20 de março. “Sem dúvida, com as mudanças climáticas esse tipo de fenômeno deverá se tornar cada vez mais frequente, trazendo de volta aos especialistas muitos desafios enfrentados pelos meteorologistas do século XIX, como a necessidade de compreender os mecanismos e comportamento desses fenômenos complexos no ritmo pautado pelos governos e pela sociedade, ansiosos por respostas e resultados imediatos”, conclui.